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Uma semana antes da estreia, em janeiro de 1977, O homem dos músculos de aço apareceu nas colunas de fofocas por causa de um almoço que Bobby havia promovido no Elaine’s. Delfina Rattazzi era a anfitriã, eu, o convidado de honra, e entre os demais participantes estavam celebridades como Andy Warhol, George Plimpton, Paulette Goddard, Diana Vreeland e o editor da Newsweek. Quem roubou a cena, porém, foi Jackie Onassis. Ela era conhecida pela discrição e por nunca dar entrevistas, e fiquei lisonjeado que estivesse ali mesmo sabendo que a imprensa iria cobrir o evento. Acho que compareceu em parte como um favor – Delfina era sua assistente editorial na Viking – e em parte por curiosidade, porque gostava de estar envolvida com arte, tendências e novidades.

Jackie ficou até o fim do almoço e pude conversar com ela por 15 minutos. Quando eu era criança, considerava John Kennedy sinônimo dos Estados Unidos, então conhecer Jackie foi como um sonho. O que mais me impressionou foi sua sofisticação e elegância. Ficou claro que tinha se preparado para o evento, pois não perguntou nada grosseiro ou vago do tipo “Sobre o que é o filme?”. Pelo contrário: me fez sentir que o documentário era importante e que ela valorizava o que estávamos tentando fazer. Fez várias perguntas bem específicas: “Como você treina?”, “Como é ser jurado em uma competição?”, “Qual é a diferença entre Mister Olympia e Mister América?”, “Esse esporte seria bom para meu filho adolescente?”, “Com que idade se pode começar a malhar?”. Eu já tinha predisposição para gostar dela antes mesmo de nos conhecermos, e essa conversa fez de mim um grande fã.

É claro que pessoas do calibre de Jackie têm as habilidades sociais necessárias para fazer parecer que prestam muita atenção em você e sabem várias coisas sobre as suas atividades. Era muito difícil dizer se ela estava de fato interessada. Meu palpite é que ela devia ser uma pessoa naturalmente curiosa. Ou quem sabe achasse mesmo que John Kennedy Jr. poderia gostar de malhar. Ou, ainda, talvez estivesse apenas fazendo um favor a Delfina. O fato é que ela com certeza deu uma grande injeção de publicidade em O homem dos músculos de aço, e o fato de ter levado o filho à estreia em Nova York, na semana seguinte, convenceu-me de que seu interesse era genuíno.

Para a estreia, Bobby Zarem e George Butler não pouparam esforços. Convidaram 500 pessoas para a sessão no Plaza Theater, sala localizada na Rua 58. Houve fotógrafos, câmeras de TV, barreiras policiais, limusines, holofotes riscando o céu – tudo a que se tinha direito. Apesar do frio abaixo de zero, uma dezena de fãs adolescentes ficou à minha espera na porta do cinema e se pôs a entoar “Arnold! Arnold!” quando apareci. Cheguei cedo com minha mãe, que viera da Áustria especialmente para a ocasião, pois queria circular, beijar todas as garotas bonitas e receber as pessoas que fossem chegando. Pela primeira vez na vida, usei um smoking. Tive que mandar fazer a roupa sob medida, porque, mesmo pesando 102 quilos na ocasião, nenhum lugar tinha trajes para alugar em que coubessem um peito de 145 centímetros e uma cintura de 81.

O público era uma mistura fantástica de escritores, socialites, criadores de tendências, profissionais do entretenimento, executivos, críticos, artistas, modelos e fãs de fisiculturismo. Estavam presentes Andy Warhol; Diana Vreeland; as atrizes Carroll Baker, Sylvia Miles e Shelley Winters; o ator Tony Perkins com a mulher, a fotógrafa de moda Berry Berenson; o escritor Tom Wolfe; a modelo Apollonia van Ravenstein; o astro pornô Harry Reems, e metade do elenco de Saturday Night Live. James Taylor apareceu com a esposa, Carly Simon, grávida. Ela flexionou um bíceps para as câmeras e contou a um jornalista que sua música “You’re So Vain” (“Como você é vaidoso”) fora escrita para um fisiculturista.

Os praticantes do esporte fizeram uma entrada triunfal. Enquanto os convidados estavam todos no saguão bebendo vinho branco, seis gigantes que apareciam no filme adentraram o recinto, entre eles Franco, Lou Ferrigno e Robby Robinson, o “Príncipe Negro”, usando uma capa de veludo negra e um brinco de diamante.

O homem dos músculos de aço estava finalmente fazendo o que esperávamos: tornando o fisiculturismo popular. Eu passara a semana inteira dando entrevistas e várias resenhas mostravam que os críticos estavam entendendo o recado. “Esse documentário inteligente e aparentemente simples humaniza um mundo que tem seu próprio heroísmo torto”, escreveu a Newsweek, enquanto a Time afirmou que o documentário tinha “belas fotografia e edição, uma estrutura inteligente e – correndo o risco de usar o que à primeira vista pode parecer um adjetivo bastante inapropriado – encanto. Sim, é um filme encantador”.

O público do Plaza também gostou e aplaudiu com entusiasmo no final da sessão. Todos ficaram para assistir à demonstração de fisiculturismo que veio em seguida. Minha principal tarefa naquela noite era apresentar o evento. Começamos com a exibição de força de Franco, que incluía dobrar uma barra de aço com os dentes e explodir uma bolsa de água quente de borracha com a força dos pulmões. Logo antes de a bolsa explodir, deu para ver os convidados sentados nas primeiras filas tapando os ouvidos. Então os outros fisiculturistas se juntaram a Franco no palco e começaram a fazer poses enquanto eu narrava o espetáculo. No final, a atriz Carroll Baker correu para o palco usando um vestido provocante e começou a apalpar os tríceps, peitorais e coxas de todos antes de fingir desmaiar de êxtase nos meus braços.

Fui com meu smoking novo a outro evento importante duas semanas depois, na entrega do Globo de Ouro. A cerimônia foi no hotel Beverly Hilton, e novamente compareci acompanhado de minha mãe. Ela só falava algumas palavras em inglês e, se eu não traduzisse em seguida, mal conseguia entender o que estava sendo dito. Mas tinha achado o agito de Nova York divertido e, quando os fotógrafos gritaram para mim “Pose com a sua mãe!”, ela abriu um sorriso e deixou que eu lhe desse um grande abraço. Ficou impressionada quando o estúdio mandou uma limusine nos buscar para a cerimônia. Estava animadíssima para ver Sophia Loren.

Vários astros compareciam ao Globo de Ouro, porque a cerimônia era menos formal e mais divertida que a entrega do Oscar. Vi os atores Peter Falk, Henry Fonda e Jimmy Stewart perto do bar. As atrizes Carol Burnett, Cybill Shepherd e Deborah Kerr também estavam lá. Fiz piadas com Shelley Winters e paquerei a deslumbrante Raquel Welch. Henry Winkler veio me elogiar por O guarda-costas e expliquei à minha mãe, em alemão, que ele fazia o personagem Fonzie em uma importante série de televisão chamada Happy Days (Dias felizes). Quando fomos jantar, vi Dino de Laurentiis com Jessica Lange do outro lado do salão. Ela era a sexy protagonista do filme King Kong, produzido por Dino, e estava concorrendo ao prêmio de Melhor Atriz Estreante. Ele sequer tomou conhecimento da minha presença.

Sentado ao nosso lado estava Sylvester Stallone, que eu conhecia porque tínhamos o mesmo agente, Larry Kubik. Seu filme Rocky: Um lutador era o sucesso do ano, tendo feito todos os outros filmes que concorriam a prêmios, incluindo Rede de intrigas, Todos os homens do presidente e Nasce uma estrela, comerem poeira nas bilheterias, além de ser indicado a Melhor Filme. Dei-lhe os parabéns e ele me contou, animado, que estava escrevendo um novo filme sobre lutadores e que talvez houvesse um papel para mim.