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“Gitte, aquilo foi uma coisa que aconteceu lá no set”, falei. “Foi divertido, mas nada sério. Eu já estou envolvido com a mulher com quem quero me casar. Espero que você compreenda.” Ela me olhou sem entender, e eu continuei: “Se estiver querendo namorar uma estrela de Hollywood, tem vários caras disponíveis por aí, e eles vão ficar malucos com você. Sobretudo com a sua personalidade.”

Ela não gostou muito, mas aceitou. Dito e feito: mais tarde no mesmo ano, conheceu Sylvester Stallone e foi amor à primeira vista. Fiquei feliz por ela ter encontrado um bom companheiro.

DURANTE MINHA AUSÊNCIA, O exterminador do futuro havia se tornado uma sensação. Lançado uma semana antes do Dia das Bruxas de 1984, passou seis semanas no primeiro lugar das bilheterias dos Estados Unidos e estava chegando aos 100 milhões de dólares de arrecadação. Na verdade, só me dei conta da extensão do sucesso quando voltei ao país e algumas pessoas me pararam na rua em Nova York.

– Cara, a gente acabou de ver o filme. Diga aquela frase! Diga! Você tem que dizer!

– Que frase?

– Ah, aquela, I’ll be back!

Nenhum de nós que havia participado do filme tinha a menor ideia de que essa seria a fala da qual as pessoas iriam se lembrar. Quando você faz um filme, nunca pode realmente prever qual acabará sendo a fala mais repetida.

Apesar do sucesso de O exterminador do futuro, a Orion fez um péssimo marketing. Jim Cameron ficou amargurado. A empresa estava concentrada em promover o grande sucesso Amadeus, história do compositor setecentista Wolfgang Amadeus Mozart que acabou ganhando oito Oscars naquele ano. Assim, sem pensar muito em O exterminador do futuro, os marqueteiros o posicionaram no mercado como filme B, muito embora desde o começo houvesse indícios de que o filme era muito mais que isso. Os críticos o classificaram como uma grande novidade, como quem pergunta: “Caramba, de onde saiu isso?” As pessoas ficavam pasmas com o que viam e com aquele jeito de filmar. E ele não agradava apenas aos homens. O filme fez um sucesso surpreendente com o público feminino, em parte por causa da intensa história de amor entre Sarah Connor e Kyle Reese.

A campanha publicitária da Orion, porém, foi orientada para os fanáticos por filmes de ação e me mostrava atirando e explodindo tudo em volta. O comercial de TV e o trailer exibido nos cinemas levavam a maioria das pessoas a dizer: “Xi, uma ficção científica maluca e violenta. Não é para mim. Quem sabe meu filho de 14 anos possa gostar. Ah, mas talvez ele não deva assistir. A censura é 16 anos.” O que a Orion sinalizou para a indústria foi: “Esse é só mais um filme para ajudar a pagar as contas. Nossa aposta mesmo é o filme sobre Mozart.”

Cameron ficou ensandecido. Implorou ao estúdio para expandir a promoção e passar a divulgar melhor o filme antes da estreia. Os anúncios deviam ter sido mais abrangentes, dando mais destaque à história e a Sarah Connor, transmitindo a seguinte mensagem: “Você pode até pensar que este filme é uma ficção científica maluca, mas vai se surpreender. Esta é uma de nossas apostas.”

Trataram Jim feito criança. Antes da estreia, um dos executivos lhe disse que “thrillers de ação pouco refinados” como aquele em geral tinham uma vida de 15 dias. No segundo fim de semana o público cai pela metade, e na terceira semana tudo já acabou. Pouco importava que O exterminador do futuro tivesse estreado em primeiro lugar e permanecido nessa posição. A Orion não iria aumentar o orçamento promocional. Se os executivos tivessem escutado Jim, nossa bilheteria poderia ter sido duas vezes maior.

Ainda assim, sob a ótica do investimento, O exterminador do futuro foi um grande sucesso: custou apenas 6,5 milhões de dólares, mas arrecadou 40 milhões de dólares nos Estados Unidos e 50 milhões no restante do mundo. Nosso lucro, porém, não estava no mesmo patamar de um E.T. Para mim, por mais estranho que parecesse, foi uma sorte o filme não ter tido mais sucesso. Isso porque, se ele tivesse arrecadado, digamos, 100 milhões logo de cara apenas nas salas americanas, teria sido difícil para mim conseguir outro papel que não o de vilão. Em vez disso, o filme caiu na categoria de “boa surpresa” e entrou para a lista dos 10 melhores do ano da revista Time. Na minha opinião, o fato de tanto Conan quanto O exterminador do futuro terem arrecadado 40 milhões de dólares nos Estados Unidos mostrava que o público americano me aceitava tanto como herói quanto como vilão. E, como era de se esperar, antes do fim do ano Joel Silver – produtor do hit 48 horas, estrelado por Nick Nolte e Eddie Murphy – foi ao meu escritório para tentar me vender o papel do coronel John Matrix, impressionante herói de um thriller de ação chamado Comando para matar, com cachê de 1,5 milhão.

O caso com Brigitte Nielsen ressaltou o que eu já sabia: queria que Maria fosse minha esposa. Em dezembro, ela admitiu que vinha pensando cada vez mais em casamento. Sua carreira estava decolando – agora era correspondente televisiva da CBS News –, mas completaria 30 anos em breve e queria formar uma família.

Como Maria havia passado tanto tempo sem falar em nos casarmos, não precisei de um segundo aviso. “Então é isso”, pensei, “acabou essa história de namoro, de dizer às pessoas que estamos esperando o momento certo e essa baboseira toda. Vamos levar esse negócio a sério e dar o próximo passo.” No dia seguinte, pedi a amigos que trabalhavam no ramo de pedras preciosas que desenhassem um anel, e, quando anotei minhas resoluções para 1985, bem no alto da lista coloquei: “Neste ano vou pedir Maria em casamento.”

Eu gostava de anéis em que o diamante maior ficava no meio, ladeado por dois menores à esquerda e à direita. Pedi a meus amigos joalheiros que criassem algo nesse estilo e fiz um desenho para mostrar o que eu imaginava. Queria que o diamante maior tivesse no mínimo cinco quilates e os outros um ou dois quilates cada um. Começamos a desenvolver essa ideia e em poucas semanas já tínhamos alguns esboços. Algumas semanas depois, o anel ficou pronto.

Desse dia em diante, mantive-o sempre no bolso, embrulhado. Vivia procurando o momento certo para fazer o pedido em todos os lugares a que íamos. Nessa primavera, quase pedi a mão de Maria em várias partes da Europa e em Hyannis Port, Massachusetts, mas parecia que nunca surgia o momento perfeito. Na realidade, estava planejando pedi-la em casamento quando a levasse para o Havaí, em abril. No entanto, assim que chegamos encontramos três outros casais que disseram “Viemos aqui para ficar noivos” ou “Viemos aqui para nos casar”.

Pensei: “Arnold, não peça a mão dela no Havaí, porque todos os bobalhões vêm aqui fazer a mesma coisa.”

Eu tinha que ser mais criativo. Sabia que minha mulher um dia contaria aquela história para nossos filhos, e que eles contariam para nossos netos, então precisava pensar em algo original. Eram muitas opções. Poderia ter sido durante um safári na África, ou no alto da Torre Eiffel, tirando o fato de que ir a Paris estragaria a surpresa. O desafio era que o pedido fosse totalmente inesperado.

“Talvez eu devesse levá-la à Irlanda”, pensei, “que é o país de seus antepassados. Quem sabe não peço a mão dela em um castelo irlandês?”

No final das contas, acabei fazendo o pedido de forma espontânea. Era julho, estávamos na Áustria visitando minha mãe e levei Maria para passear de barco a remo no Thalersee. Era o lago em que eu havia crescido, onde brincara quando menino, aprendera a nadar e ganhara troféus de natação, começara a praticar fisiculturismo, saíra pela primeira vez com uma garota. O lago significava tudo isso para mim. Desde que me ouvira falar a respeito dele, Maria queria visitá-lo. Tive a sensação de aquele era o lugar certo para pedir sua mão. Ela ficou totalmente surpresa e começou a chorar e a me abraçar. Então, tudo correu exatamente como eu havia imaginado, bem da maneira que tinha que ser.