Выбрать главу

O exterminador do futuro (1984)

750 mil

Conan, o destruidor (1984)

1 milhão

Comando para matar (1985)

1,5 milhão

“Participação especial” em Guerreiros de fogo (1985)

1 milhão

Predador (1987)

3 milhões

O sobrevivente (1987)

5 milhões

Inferno vermelho

5 milhões

O vingador do futuro

10 milhões

Daí passei para 14 milhões de dólares por O exterminador do futuro 2 e 15 milhões por True Lies. Nesses, o aumento foi bem rápido.

Em Hollywood, você recebe de acordo com o que é capaz de arrecadar. Qual vai ser o retorno do investimento? O motivo pelo qual eu conseguia dobrar o cachê eram as arrecadações internacionais. Eu cuidava bem dos mercados estrangeiros. Vivia perguntando: “Esse filme vai ter apelo para um público internacional? O mercado asiático, por exemplo, não gosta muito de pelos no rosto, então por que preciso ter barba nesse papel? Quero mesmo abrir mão de tanto dinheiro assim?”

O que me distinguia dos outros protagonistas de filmes de ação como Stallone, Eastwood e Norris era o senso de humor. Meus personagens eram sempre um pouco atrevidos, e frequentemente eu improvisava piadas curtas e ditos espirituosos. Em Comando para matar, depois de quebrar o pescoço de um dos caras que sequestraram minha filha, eu o coloco sentado ao meu lado na poltrona do avião e peço à aeromoça: “Não incomode o meu amigo. Ele está morto de cansaço.” Ou então, em O sobrevivente, depois de estrangular com arame farpado um dos bandidos que estão me perseguindo, comento com a maior cara de pau: “Que sujeito chato, dá vontade de esganar!”, e saio correndo.

Usar piadas curtas e engraçadas para fazer o espectador relaxar depois de uma sequência intensa começou por acaso, em O exterminador do futuro. O filme tem uma cena em que o Exterminador se refugia em uma espécie de pensão para se regenerar. Um zelador barrigudo chega empurrando um carrinho de lixo pelo corredor, bate na sua porta e pergunta: “Ei, cara. Tem um gato morto aí dentro ou o quê?” Então vemos, do ponto de vista do Exterminador, uma lista de “possíveis respostas apropriadas” entre as quais ele vai escolhendo:

SIM/NÃO

OU O QUÊ

VÁ EMBORA

VOLTE MAIS TARDE, POR FAVOR

VÁ SE FODER

VÁ SE FODER, BABACA

O espectador então o escuta dizer a opção escolhida: “Vá se foder, babaca.” O público dos cinemas morria de rir com isso. Seria o zelador a vítima seguinte? Será que eu o explodiria? Ou quem sabe o esmagaria? Será que o mandaria para o inferno? Só que nada disso acontece: o Exterminador simplesmente fala “Vá se foder, babaca” e o cara vai embora. É o contrário do que o público espera, e fica engraçado porque quebra toda aquela tensão.

Entendi que momentos assim podiam ser importantíssimos em um enredo e inventei tiradas engraçadas para meu filme de ação seguinte, Comando para matar. Lá pelo final, o arquivilão Bennett quase consegue acabar comigo, mas eu enfim venço e o empalo em um duto de vapor quebrado. “Não fique soltando fumaça”, eu brinco. O público adorava. Ouvi comentários do tipo: “Uma das coisas de que gosto nesse filme é que tem sempre algo para fazer a gente rir. Às vezes os filmes de ação são tão tensos que você não consegue nem piscar. Quando alguém consegue quebrar isso e incluir um pouco de humor, é como uma lufada de ar fresco.”

Daí em diante, passamos a pedir que os roteiristas acrescentassem pitadas de humor a todos os meus filmes de ação, mesmo que fossem apenas duas ou três frases. Às vezes contratávamos um roteirista especialmente com esse intuito. Essas piadas curtas se tornaram minha marca registrada, e o humor ingênuo ajudou um pouco a proteger os filmes de ação da crítica, que os considerava excessivamente violentos e superficiais. Elas ampliavam o apelo do filme, tornando-o mais atraente para uma quantidade maior de pessoas.

Eu ia listando na minha cabeça os diferentes países do mundo – de forma bem parecida com o Exterminador e sua lista de “possíveis respostas apropriadas” na tal cena da pensão. “Como é que isso vai soar em alemão?”, eu me perguntava. “Será que no Japão as pessoas vão entender? E como vai ficar no Canadá? E na Espanha? E no Oriente Médio, como vai ser?” Na maioria dos casos, meus filmes arrecadavam mais no exterior que nos Estados Unidos. Isso se devia em parte ao fato de eu viajar para todo lado feito um doido promovendo cada um deles. Um outro fator, entretanto, era que os filmes em si eram muito diretos. Faziam sentido independentemente do lugar. O exterminador do futuro, Comando para matar, Predador, Jogo bruto, O vingador do futuro – todos eles falavam de temas universais como a batalha entre o bem e o mal, a vingança ou uma visão do futuro capaz de meter medo em qualquer um.

Inferno vermelho foi meu único filme a ter uma breve alusão à política – foi a primeira produção americana a receber autorização para filmar na Praça Vermelha de Moscou. Isso aconteceu durante a détente, em meados dos anos 1980, quando a União Soviética e os Estados Unidos tentavam entender como poderiam buscar juntos um fim para a Guerra Fria. Minha principal intenção, porém, era fazer um filme sobre amizade, no qual eu interpretaria um policial moscovita e Jim Beslushi, um de Chicago, obrigados a se unir para impedir que traficantes de cocaína mandem a droga para o território americano. Nosso diretor, Walter Hill, havia escrito e dirigido 48 horas, e a proposta agora era combinar ação e comédia.

No início, tudo o que Walter tinha era uma cena de abertura. Muitas vezes é assim que se faz um filme: a pessoa tem uma ideia, depois inventa o que entra nas cerca de 100 páginas do roteiro. Faço o papel de Ivan Danko, um inspetor de polícia soviético, e nessa primeira cena estou perseguindo outro cara. Eu o encontro em um bar de Moscou, mas ele resiste à prisão e nós brigamos. Quando finalmente consigo imobilizá-lo e ele está indefeso no chão, levanto sua perna direita e a quebro com brutalidade, para horror das outras pessoas no bar. Uma cena assim deixaria o público dos cinemas chocado. Por que alguém quebraria a perna de outra pessoa? Bom, um segundo depois você vê que a perna é artificial e está cheia de um pó branco: cocaína. Era essa a ideia de Walter e, assim que a ouvi, falei: “Adorei, estou dentro.”

Tivemos várias conversas enquanto ele escrevia o roteiro e decidimos que seria bom mostrar um relacionamento entre dois amigos que refletisse a relação de trabalho entre Oriente e Ocidente. Ou seja: Danko e Art Ridzik, o sargento da polícia de Chicago interpretado por Belushi, têm muitos atritos. Deveríamos agir juntos, mas não parávamos de implicar um com o outro. Ele zomba do meu uniforme verde e do meu sotaque. Temos um bate-boca para decidir qual é a pistola mais potente do mundo. Eu afirmo que é a Patparine, de fabricação soviética.

– Ah, faça-me o favor! – diz ele. – Todo mundo sabe que a Magnum .44 é a melhor de todas. Por que você acha que Dirty Harry usa essa pistola?

E eu pergunto:

– Quem é Dirty Harry?

Mas só o nosso trabalho conjunto poderá deter os traficantes.