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— Não — gritou Slynt, quando Emmett o obrigou a atravessar o pátio, em parte puxando, em parte empurrando. — Largue-me… não pode… quando Tywin Lannister ouvir falar disso, arrependerão todos…

Emmett tirou-lhe o apoio das pernas com um pontapé. Edd Doloroso plantou-lhe um pé nas costas para mantê-lo de joelhos enquanto Emmett lhe metia o cepo debaixo da cabeça.

— Isto será mais fácil se ficar quieto — promeseu-lhe Jon Snow.

— Se você se mexer para evitar o golpe, morrerá na mesma, mas a sua morte será mais feia. Estique o pescoço, senhor. — O pálido sol da manhã percorreu-lhe a lâmina de cima a baixo quando Jon agarrou no cabo da espada bastarda com ambas as mãos e a ergueu bem alto. — Se tendes últimas palavras, agora é a hora de as dizer — disse, esperando uma última praga.

Janos Slynt torceu o pescoço para o fitar.

— Por favor, senhor. Misericórdia. Eu vou, vou mesmo, eu… Não, pensou Jon. Tu fechaste essa porta. Garralonga desceu.

— Posso ficar com as botas dele? — perguntou o Owen Idiota quando a cabeça de Janos Slynt partiu rolando pelo terreno lamacento. — São quase novas, aquelas botas. Forradas de pele.

Jon olhou de relance para Stannis. Por um instante, os olhos dos dois cruzaram-se. Depois, o rei fez um aceno com a cabeça e regressou para dentro da sua torre.

TYRION

Acordou sozinho e descobriu que a liteira estava parada.

Uma pilha de almofadas esmagadas permanecia para mostrar o local onde Illyrio estivera deitado. O anão sentia a garganta seca e áspera. Sonhara… O que sonhara ele? Não se lembrava.

Lá fora, vozes estavam conversando numa língua que não conhecia.Tyrion ultrapassou as cortinas com as pernas e saltou para o chão, indo encontrar o Magíster Illyrio em pé junto dos cavalos com dois cavaleiros erguerendo-se acima dele. Ambos usavam camisas de couro desgastado por baixo de mantos de lã castanha escura, mas tinham as espadas embainhadas e o gordo não parecia estar em perigo.

— Preciso de dar uma mijada — anunciou o anão. Bamboleou-se até sair da estrada, desatou as bragas e aliviou-se para dentro de um emaranhado de espinhos. Demorou um tempo considerável.

— Ele mija bem, pelo menos — observou uma voz.Tyrion sacudiu as últimas gotas e guardou o membro.

— Mijar é o menor dos meus talentos. Devias me ver cagar. — Virou-se para o Magíster Illyrio. — Estes dois são seus conhecidos, magíster? Parecem fora-da-lei. Deverei ir buscar o meu machado?

— O seu machado? — exclamou o mais alto dos cavaleiros, um homem musculoso com uma barba hirsuta e um matagal de cabelo cor de laranja. — Ouviu aquilo, Haldon? O homenzinho quer lutar conosco!

O companheiro do homem era mais velho, estava escanhoado e tinha uma cara enrugada e ascética. O cabelo fora puxado para trás e preso num nó atrás da cabeça.

— É frequente que os homens pequenos sintam necessidade de demonstrar a sua coragem com gabarolices impróprias — declarou. — Duvido que ele seja capaz de matar um pato.

Tyrion encolheu os ombros.

— Vai buscar o pato.

— Se insiste. — O cavaleiro olhou o companheiro de relance. O homem musculoso desembainhou uma espada bastarda.

— Eu sou o Pato, seu penicozinho linguarudo.

Oh, pela bondade dos deuses.

— Tinha um pato menor em mente. O grandalhão rugiu, às gargalhadas.

— Ouviu, Haldon? Ele quer um Pato menor!

— Eu de bom grado aceitaria um mais silencioso. — O homem chamado Haldon estudou Tyrion com frios olhos cinzentos antes de voltar a se virar para Illyrio. — Tem umas arcas para nós?

— E mulas para carregá-las.

— Mulas são lentas demais. Temos cavalos de carga, mudamos as arcas para eles. Pato, trate disso.

— Porque é que é sempre o Pato a tratar das coisas? — o grandalhão voltou a enfiar a espada na bainha. — De que tratas você, Haldon? Quem é aqui o cavaleiro, você ou eu? — mas afastou-se na mesma, batendo com os pés, na direção das mulas de carga.

— Como passa o nosso rapaz? — perguntou Illyrio enquanto as arcas eram presas. Tyrion contou seis arcas de carvalho com ferrolhos de ferro.O Pato mudava-as com bastante facilidade, transportando-as em cima de um ombro.

— Está já tão alto como o Griff. Há três dias atirou o Pato para dentro de uma manjedoura.

— Não fui atirado. Caí lá dentro só para fazê-lo rir.

— O seu estratagema foi um sucesso — disse Haldon. — Eu próprio ri-me.

— Há um presente para o rapaz numa das arcas. Um pouco de gengibre cristalizado. Ele sempre gostou disso. — Illyrio parecia estranhamente triste. — Pensei talvez prosseguir até Ghoyan Drohe com você. Um banquete de despedida antes de começar a descer o rio…

— Não temos tempo para banquetes, senhor — disse Haldon. — Griff quer partir rio abaixo no instante em que regressarmos. Têm havido notícias subindo o rio, nenhuma delas boa. Foram vistos dothraki a norte do Lago Adaga, batedores do khalasar do velho Motho, e o Khal Zekko não vem muito atrás dele, deslocando-se através da Floresta de Qohor. O gordo soltou um ruído malcriado.

— Zekko visita Qohor a cada três ou quatro anos. Os qohoritas dão-lhe um saco de ouro e ele volta a virar para leste. E quanto a Motho, os seus homens são quase tão velhos como ele, e há menos todos os anos. A ameaça é…

— … Khal Pono — concluiu Haldon. — Motho e Zekko estão fugindo dele, se as histórias forem verdadeiras. Os últimos relatórios põem Pono perto das nascentes do Selhoru com um khalasar de trinta mil pessoas. Griff não quer se arriscar a ser apanhado na travessia se Pono decidir arriscar o Roine. — Haldon olhou de relance para Tyrion. — O seu anão monta tão bem como mija?

— Ele monta — interrompeu Tyrion, antes de o senhor do queijo ter tempo de responder por ele — embora monte melhor com uma sela especial e um cavalo que conheça bem. E também fala.

— Realmente fala. Eu sou Haldon, o curandeiro no nosso pequeno bando de irmãos. Há quem me chame Semi-meistre. O meu companheiro é Sor Pato.

— Sor Rolly — disse o grandalhão. — Rolly Campopato. Qualquer cavaleiro pode armar um cavaleiro e Griff armou-me. E tu, anão?

Illyrio interveio rapidamente.

— Chamam-lhe Yollo.

Yollo? Yollo parece qualquer coisa que se pode chamar a um macaco. Pior, era um nome pentoshi, e qualquer idiota conseguia ver que Tyrion não era pentoshi.

— Em Pentos sou Yollo — disse depressa, para consertar o que fosse possível — mas a minha mãe chamou-me Hugor Hill.

— E é um reizinho ou um bastardinho? — perguntou Haldon.

Tyrion percebeu-se de que faria bem em ser cauteloso nas imediações de Haldon Semi-meistre.

— Todos os anões são bastardos aos olhos dos pais.

— Sem dúvida. Bem, Hugor Hill, responde-me isto. Como foi que Serwyn do Escudo Espelhado matou o dragão Urrax?

— Aproximou-se por trás do escudo. Urrax só viu o seu próprio reflexo até que Serwyn saltou e lhe mergulhou a lança num olho. Haldon não se mostrou impressionado.