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Os seios comprimiram-se-lhe contra o peito e, sem mais se poder conter, enfiou-lhe a mão pelo colarinho do pullover até a palma se encher com aquela superfície macia e gelatinosa. Apertou-lhe a mama com desejo e lambeu-lhe a boca com mais saliva. Sentiu-lhe as mãos procurarem desajeitadamente o cinto e desabotoarem as calças até o libertarem da roupa que o aferrolhava. A fome tomou conta de ambos.

Acossado pelo frio que se lhe enroscava às pernas, Tomás foi à procura do calor; levantou-lhe as saias e arrancou-lhe as cuecas, mas fê-lo com tão desastrada ansiedade que lhe rasgou o tecido.

Passou-lhe o dedo por entre as pernas e sentiu-lhe a abertura quente e húmida; era um caldo a ferver. Ariana gemeu com o toque e esticou a mão, tocando-lhe com a ponta dos dedos; acariciou-o para experimentar a sua rigidez e depois pegou nele, abriu as pernas e dirigiu-o para onde lhe sentia a falta. Tomás apercebeu-se daquele corpo trémulo e ofegante a convidá-lo para dentro de si e não hesitou; projectou um movimento suave e a flor, pulsando de antecipação, desabrochou.

Entrou.

Teve a sensação instantânea de ter mergulhado num pote de mel infinitamente delicioso. Os sentidos inebriaram-se-lhe, as sensações emanadas pelo corpo de Ariana 234

tornaram-se mais fortes, o cheiro perfumado a lavanda mais intenso, o amarelo dos olhos mais dourado, o toque na pele mais macio, o calor do corpo mais quente, o sabor da saliva mais doce. As montanhas, o lago, as cores, o frio, a luz, tudo isso desapareceu, tudo isso se esfumou perante a intensidade daquele momento de paixão.

O universo resumia-se agora a duas coisas e a duas só. Tomás e Ariana, ele e ela, o verde e o dourado, o ferro e o veludo, o suor e a lavanda, o chocolate e o mel, o tronco e a rosa, a prosa e a poesia, a voz e a melodia, o yin e o yang, dois corpos fundidos num só, dissolvidos sobre a pedra dura, unidos num movimento ritmado, moldados numa dança longa, lenta e rápida, sôfrega, esfaimada, os gestos coordenados, bailando ao ritmo dos gemidos, ele dando e ela recebendo, sempre com mais força, mais força, mais força.

Gritaram.

No momento em que sentiu uma explosão de cores e luzes e sensações percorrerem-lhe o corpo, em que toda a eternidade se estendeu por um efémero e infinito instante, em que a paixão se elevou acima da montanha mais alta e a fusão ficou enfim completa, nesse momento de epifania Tomás soube que a sua busca terminara, que aqueles olhos de mel eram a sua perdição, que aqueles lábios eram a sua flor, que aquele corpo era a sua casa.

Que aquela mulher era o seu destino.

XXXII

O primeiro sinal da aproximação a Shigatse surgiu numa curva, era uma longa arcada erguida à esquerda com uma sucessão de janelas sobre portões azuis. Tomás ia agora ao volante, Ariana a dormitar no seu ombro, quando se apercebeu que estava a entrar nos arredores da cidade e abrandou a marcha. Apareceram fileiras de pukhang, as casas tradicionais tibetanas feitas de adubo branco, com as suas típicas janelas negras e lungdas coloridas ao vento; as bandeiras de orações encontravam-se firmemente amarradas ao telhado escuro, na esperança de atraírem bom karma aos lares. Entraram numa avenida larga, flanqueada por postos de combustível da PetroChina e por muros vermelhos com entradas guardadas por sentinelas chinesas em sentido, tratava-se evidentemente dos quartéis das forças de ocupação. Árvores gadjan lançavam largas sombras sobre a estrada, aqui já asfaltada; viam-se poucos automóveis, mas havia muitas bicicletas a circular e alguns caminhões descarregavam nos passeios.

A iraniana despertou e ficaram ambos a observar a urbe que se espraiava pelo vale. Chegaram a um semáforo e, pela largura da avenida e o aspecto inestético das construções, perceberam que se encontravam na zona chinesa da cidade, feita de blocos e mais igual a outras cidades. Pararam junto a um aglomerado de chineses e Ariana baixou o vidro.

"Hotel Orchard?", perguntou Tomás, esticando-se quase por cima de Ariana.

"Uh?", respondeu um chinês.

Era evidente que não percebia a pergunta. Mais valia o recém-chegado concentrar-se na palavra-chave.

"Hotel?"

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O homem falou num imperceptível mandarim e apontou para diante. Tomás agradeceu e o jipe arrancou na direcção indicada. Acabaram efectivamente por dar com um hotel, mas não era o Orchard. Ariana saiu e foi pedir direcções na recepção.

Percorreram as ruas largas da parte chinesa de Shigatse rumo ao ponto que lhes fora indicado. Chegaram ao cruzamento e voltaram à esquerda; as ruas tornaram-se aqui mais estreitas, era evidente que tinham acabado de penetrar no bairro tibetano.

Um monte coroado por ruínas envoltas em andaimes assinalava o Shigatse Dzong, o velho forte da cidade, uma estrutura que apresentava visíveis semelhanças com o magnífico Potala, embora mais pequena e reduzida a destroços pelos ventos destruidores da repressão chinesa.

Na esquina viraram de novo à esquerda, passaram por uma rua deslavada e, ao fundo, viram uma fachada ricamente ornamentada, néons brancos no topo a anunciar que aquele era o Tibet Gang-Gyan Shigatse Orchard Hotel. O seu destino.

Estacionaram diante do hotel e penetraram no lobby. O átrio era dominado por uma enorme mesa central, coberta por coloridos dragões; à esquerda encontrava-se uma banca envidraçada para venda de souvenirs e à direita estendiam-se confortáveis sofás negros.

Um rapaz tibetano, a pele trigueira por causa do sol, sorriu-lhes do balcão da recepção quando os dois entraram.

"Tashi deleh", cumprimentou.

Tomás devolveu o cumprimento com uma vênia com a cabeça.

"Tashi deleh", disse. Fez um esforço para se recordar das instruções que Jinpa lhe dera no Potala. "Uh... quero falar com o bodhisattva Tenzing Thubten."

O rapaz fez um ar atônito.

"Tenzing?"

"Sim", assentiu Tomás. "Preciso que Tenzing me mostre o caminho."

O tibetano pareceu um pouco hesitante. Olhou em redor, voltou a fixar os olhos escuros em Tomás, mirou fugazmente Ariana e, tendo-se aparentemente decidido, fez-lhes sinal para se sentarem nos sofás do salão. Depois saiu à pressa do hotel e Tomás viu-o atravessar a rua e a pequena praceta ajardinada do outro lado.

Um monge veio à porta do hotel, trazido pelo recepcionista, e curvou-se numa vénia diante dos desconhecidos. Trocaram os habituais tashi deleh, desejando-se mutuamente boa sorte, e o tibetano deu-lhes indicação para o seguirem. Dirigiram-se para uma enorme estrutura religiosa que se erguia, esplendorosa, mesmo em frente, no sopé de um monte esverdeado; o complexo branco e avermelhado apresentava belíssimos telhados dourados, as pontas curvadas para cima à maneira dos pagodes, as janelas negras contemplando sobranceiramente a cidade.

"Gompa?", perguntou Tomás, usando a palavra mosteiro, que memorizara em Lhasa, enquanto apontava para o edifício.

"La ong", assentiu o monge, ajeitando os tradicionais panos púrpura que lhe cobriam o corpo. "Tashilhunpo gompa."

"Tashilhunpo", disse Ariana. "É o mosteiro de Tashilhunpo."

"Conheces?"

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"Já ouvi falar neste mosteiro, sim. Parece que é aqui que está enterrado o primeiro Dalai-Lama."