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As duas precisaram apoiá-lo, uma em cada braço, levando-o até onde as fogueiras já ardiam, não muito longe de uma estrada de terra batida. Loial estava lá, lendo um livro chamado Navegar Além do Pôr do Sol. Perrin também estava, e olhava fixamente para uma das fogueiras. Os shienaranos faziam preparativos para o jantar. Lan estava sentado sob uma árvore, a fiando a espada. O Guardião dirigiu um olhar cauteloso a Rand, então assentiu.

E havia outra coisa, também. O estandarte do Dragão tremulava ao vento no meio do acampamento. Haviam encontrado uma haste adequada para substituir o galho de Perrin.

— O que isso está fazendo aqui, onde qualquer um que passe pode ver? — exigiu saber Rand.

— É tarde demais para se esconder, Rand — a firmou Moiraine. — Sempre foi tarde demais para você se esconder.

— Mas você não precisa colocar um sinal dizendo “estou aqui”. Nunca vou encontrar Fain se alguém me matar por causa desse estandarte. — Ele se virou para Loial e Perrin. — Estou feliz por vocês terem ficado. Mas entenderia se não tivessem.

— Por que eu não ficaria? — perguntou Loial. — Você é ainda mais ta’veren do que eu pensava, é verdade, mas é meu amigo. Espero que ainda seja. — As orelhas dele tremelicaram, transmitindo sua insegurança.

— Sou — respondeu Rand. — Enquanto for seguro para você ficar por perto, e mesmo depois. — O Ogier deu um sorriso de orelha a orelha.

— Eu também vou ficar — a firmou Perrin. Havia uma ponta de resignação, ou aceitação, em sua voz. — A Roda nos tece com firmeza no Padrão, Rand. Quem teria pensado nisso, lá em Campo de Emond?

Os shienaranos se aglomeravam em volta deles. Para a surpresa de Rand, todos caíram de joelhos. Cada um deles o observava.

— Queremos jurar nossa lealdade a você — disse Uno.

Os outros que se ajoelhavam assentiram.

— Os juramentos de vocês são a Ingtar e a Lorde Agelmar — protestou Rand. — Ingtar teve uma boa morte, Uno. Ele morreu para que o resto de nós pudesse escapar com a Trombeta. — Não havia necessidade de contar o restante a ninguém. Esperava que Ingtar tivesse encontrado a Luz novamente. — Diga isso ao Lorde Agelmar, quando voltar a Fal Dara.

— Dizem — começou o caolho, com cautela — que, quando o Dragão Renascer, ele quebrará todos os juramentos, desfazendo todos os laços. Agora nada nos prende. Nós queremos fazer juramentos a você.

Ele sacou a espada e colocou-a diante de si, com o cabo voltado para Rand. Os outros shienaranos fizeram o mesmo.

— Você enfrentou o Tenebroso — falou Masema. Masema, que o odiava. Masema, que olhava para ele como se estivesse diante de uma visão da Luz. — Eu vi, Lorde Dragão. Sou seu homem até a morte. — Seus olhos escuros brilhavam com fervor.

— Você precisa escolher, Rand — a firmou Moiraine. — O mundo será rompido, não importa se é você quem o fará. Tarmon Gai’don chegará, e só isso já é o suficiente para fazer o mundo em pedaços. Você tentará se esconder do que é e deixar o mundo enfrentar a Última Batalha indefeso? Faça sua escolha.

Todos olhavam para ele, todos esperavam. A morte é mais leve que a pluma. O dever, mais pesado que a montanha. Ele tomou sua decisão.

50

Depois

As histórias se espalharam por barco e cavalo, por carroções de mercadores e homens a pé. Foram contadas e recontadas, com algumas pequenas variações, mas ainda a mesma história. Alcançaram Arad Doman, Tarabon e além, falando dos sinais e portentos nos céus de Falme. Alguns homens se proclamaram a favor do Dragão, outros homens os mataram.

E então morreram por isso.

Outras histórias também se espalharam, sobre uma coluna que cavalgava vinda do sol poente, atravessando a Planície de Almoth. Cem homens da Fronteira, diziam os relatos. Não, mil. Não, mil heróis haviam voltado de seus túmulos em resposta ao chamado da Trombeta de Valere. Dez mil. Eles haviam destruído uma legião inteira dos Filhos da Luz. Eles haviam combatido os exércitos regressados de Artur Asa-de-gavião, mandando-os de volta para o mar. Eles eram os exércitos de Artur Asa-de-gavião, que voltavam. E seguiam rumo às montanhas, rumo à aurora.

Ainda assim, uma coisa era igual em todas as histórias.

À frente deles, ia um homem cujo rosto fora visto nos céus de Falme, e eles cavalgavam sob o estandarte do Dragão Renascido.

E homens clamaram ao Criador, dizendo: Ó, Luz dos Céus, Luz do Mundo, deixe que o prometido nasça da montanha, conforme as Profecias, como aconteceu em Eras passadas e acontecerá nas Eras vindouras. Deixe que o Príncipe da Manhã cante para a terra sobre as coisas verdes que crescerão e os vales que gerarão cordeiros. Deixe que a mão do Lorde da Manhã nos abrigue do Escuro, e que a montante da justiça nos defenda. Deixe que o Dragão cavalgue novamente nos ventos do tempo.

— de Charal Drianaan te Calamon, O Ciclo do Dragão.
Autor desconhecido, Quarta Era

Glossário

Nota sobre as datas deste glossário. Três sistemas de registro de datas têm sido amplamente utilizados desde a Ruptura do Mundo. O primeiro contava os anos Depois da Ruptura (DB). Como os anos do evento e os que vieram logo em seguida foram de caos total, e considerando que o calendário foi adotado cerca de cem anos após o fim da Ruptura, sabe-se que o ponto inicial foi definido de forma arbitrária. Ao fim das Guerras dos Trollocs, muitos registros haviam se perdido, de tal modo que havia discussões sobre qual seria o ano inicial exato, de acordo com o antigo sistema. Então, um novo calendário foi estabelecido, datando do fim das Guerras e celebrando a suposta libertação do mundo da ameaça dos Trollocs. Esse segundo calendário registrava cada ano como um Ano Livre (AL). Depois da desorganização, morte e destruição causados pela Guerra dos Cem Anos, surgiu uma terceira forma de registro: é o calendário da Nova Era (NE), que encontra-se atualmente em uso.

a’dam: Dispositivo que consiste em uma coleira ligada a um bracelete por correntes de metal prateadas que pode ser usado para controlar, contra a vontade, qualquer mulher capaz de canalizar. A coleira é usada pelas damane, e o bracelete, pelas sul’dam. Ver também damane; sul’dam.

Abandonados, os: Nome dado a treze dos mais poderosos Aes Sedai de todos os tempos, que passaram para o lado do Tenebroso durante a Guerra da Sombra ante a promessa de imortalidade. De acordo com as lendas e fragmentos de registros, eles foram aprisionados com o Tenebroso quando a prisão dele foi selada outra vez. Seus nomes ainda são usados para assustar crianças.

acre: Unidade de medida de área para terrenos, equivalente a 100 x 100 passos.

Aes Sedai: Pessoas capazes de canalizar o Poder Único. Desde o Tempo da Loucura, sobreviveram apenas as Aes Sedai mulheres. Alvo de desconfiança, medo e até mesmo ódio amplamente disseminados, muitos as culpam pela Ruptura do Mundo e as acusam de interferir em assuntos das nações. Ao mesmo tempo, poucos governantes optam por não ter uma conselheira Aes Sedai, mesmo nas terras em que a existência desse aconselhamento precisa ser mantida em segredo. Ver também Ajah; Trono de Amyrlin; Tempo da Loucura.

Agelmar; Lorde da Casa Jagad: Senhor de Fal Dara. Tem como símbolo três raposas vermelhas correndo.

Aiel: Povo do Deserto Aiel. Ferozes e destemidos. Cobrem o rosto com um véu negro antes de matar, o que deu origem à expressão “agir como um Aiel de véu negro” para descrever alguém que se comporta de forma violenta. Guerreiros letais com armas ou apenas com as mãos, jamais tocam em espadas. Seus lautistas tocam músicas enquanto eles entram em batalhas, e os Aiel chamam a luta de “a Dança”. Ver também sociedades guerreiras dos Aiel; Deserto Aiel.