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- Pela sua extrema juventude, só pode ser um arrogante

empinado, e é assim que o nomeio eu.

Ouviu-se gargalhada geral, liderada pelo próprio Lorde

Renly. A tensão de momentos antes tinha desaparecido, e

Sansa começava a se sentir confortável... até que Sor Ilyn

Payne abriu caminho entre dois homens à força de seu

ombro e surgiu à sua frente, sem sorrir. Não disse uma

palavra. Lady mostrou os dentes e começou a rosnar, um

rugido baixo cheio de ameaças, mas desta vez Sansa

silenciou a loba passando suavemente sua mão na cabeça

dela.

- Lamento se o ofendi, Sor Ilyn - disse.

Esperou por uma resposta, mas nenhuma veio. Enquanto o

executor a olhava, seus olhos claros sem cor pareciam

despi-la, inclusive a pele, deixando -lhe a alma nua à sua

frente, Ainda em silêncio, o homem se virou e foi embora.

Sansa não compreendeu. Olhou para seu príncipe.

- Disse algo de errado, Vossa Graça? Por que motivo ele

não falou comigo?

- Sor Ilyn não tem sido falador nestes últimos catorze

anos - comentou Lorde Renly, com um sorriso irônico.

Joffrey lançou ao tio um olhar de pura repugnância, e

depois tomou as mãos de Sansa nas suas.

- Aerys Targaryen mandou arrancar -lhe a língua com

tenazes quentes.

- No entanto, fala de modo bem eloquente com a espada -

disse a rainha -, e sua devoção pelo nosso reino está fora

de questão - então, sorriu amavelmente e disse: - Sansa,

os bons conselheiros e eu temos de conversar até que o

rei regresse com seu pai. Temo que tenhamos de a diar seu

dia com Myrcella. Transmita, por favor, as minhas

desculpas à sua querida irmã. Joffrey, talvez possa ter a

amabilidade de entreter a nossa convidada.

- Com todo o prazer, mãe - disse Joffrey, muito

formalmente. Tomou-a pelo braço e afastou --a da casa

rolante, e o estado de espírito de Sansa levantou voo. Um

dia inteiro com seu príncipe!

Olhou para Joffrey com adoração. Ele é tão galante,

pensou. O modo como a salvara de Sor Ilyn e do Cão de

Caça, ora, fora quase como nas canções, como daquela vez

em que Serwyn do Escudo Espelhado salvou a Princesa

Daeryssa dos gigantes, ou quando Príncipe Aemon, o

Cavaleiro do Dragão, defendeu a honra da Rainha Naerys

contra as calúnias do malvado Sor Morgil.

O toque da mão de Joffrey em sua manga fez seu coração

bater mais depressa.

- O que gostaria de fazer?

Estar contigo, pensou Sansa, mas, em vez disso, respondeu:

- O que quiser fazer, meu príncipe.

Joffrey refletiu por um momento.

- Podíamos ir montar a cavalo.

- Ah, eu adoro montar - ela exclamou.

Joffrey olhou de re lance Lady, que os seguia de perto.

- O lobo pode assustar os cavalos, e meu cão parece

assustá-la. Deixemos ambos para trás e vamos os dois

sozinhos, o que diz?

Sansa hesitou.

- Se assim desejar - disse, incerta. - Suponho que poderia

amarrar Lady - no entanto, não tinha certeza de ter

compreendido. - Não sabia que tinha um cão...

Joffrey riu.

- Na verdade, é da minha mãe. Ela o designou para me

guardar, e é o que ele faz.

- Fala do Cão de Caça... - Sansa entendeu. Quis bater em

si própria por ser tão lent a. Seu príncipe nunca a amaria

se parecesse ser estúpida. - É seguro deixá-lo para trás?

Príncipe

Joffrey

pareceu

aborrecido

por

ela

ter

perguntado.

- Nada tema, senhora. Sou quase um homem feito, e não

luto com madeira como seus ir mãos. Tudo de que

necessito é isto - desembainhou a espada e a mostrou;

uma espada longa destramente encolhida para se adequar

a um rapaz de doze anos, aço azul brilhante, forjada em

castelo e de duplo gume, com um punho de couro e um

botão de ouro em forma de cabeça de leão. Sa nsa

exclamou de admiração ao vê -la, e Joffrey pareceu

satisfeito. - Chamo-a Dente de Leão - disse.

E assim deixaram para trás a loba gigante e o guarda-

costas, e cavalgaram para leste ao longo da margem norte

do Tridente sem outra companhia que não Dente d e Leão.

Estava um dia glorioso, um dia mágico. O ar estava

quente e pesado com o odor das flores, e os bosques

tinham ali uma beleza suave que Sansa nunca vira no

Norte. A montaria do Prín cipe Joffrey era um corcel baio

vermelho, ligeiro como o vento, e e le o montava com

destemido abandono, tão depressa que Sansa teve

dificuldade em acompanhá-lo em sua égua. Estava um dia

para aventuras. Exploraram as grutas próximas da margem

do rio e seguiram os rastros de um gato -das-sombras até

sua toca, e quando ficar am com fome Joffrey localizou um

castro pela sua fumaça e, ao chegar, ordenou que

trouxessem comida e vinho para o príncipe e sua senhora.

Jantaram trutas frescas do rio, e Sansa bebeu mais vinho

do que alguma vez já bebera.

- Meu pai só nos deixa beber um a taça, e apenas nos

banquetes - confessou ao seu príncipe.

- Minha prometida pode beber tanto quanto desejar -

disse Joffrey, voltando a encher-lhe a taça.

Depois de comer, prosseguiram mais lentamente seu

caminho. Joffrey cantou para ela en quanto cavalgavam,

com uma voz aguda, doce e pura. Sansa estava um pouco

tonta do vinho.

- Não devíamos regressar? - perguntou.

- Em breve - ele respondeu. - O campo de batalha é logo

ali à frente, na curva do rio. Foi ali que meu pai matou

Rhaegar Targaryen, sabia? Esmagou-lhe o peito, crás,

mesmo através da armadura - Joffrey brandiu um martelo

de guerra imaginário para lhe mostrar como se fazia.

- Depois, tio Jaime matou o velho Aerys e meu pai tornou-

se rei. Que barulho é esse?

Sansa também o ouviu, flutuando atravé s dos bosques,

uma espécie de ruído de madeira, snac, snac, snac.

- Não sei - ela respondeu, já nervosa. - Joffrey, vamos

embora.

- Quero ver o que é aquilo - Joffrey virou o cavalo na

direção de onde vinha o som, e Sansa não teve escolha a

não ser segui-lo. Os ruídos foram ficando mais fortes e

mais distintos, o clac de madeira batendo em madeira, e

quando se aproximaram ouviram também respirações

pesadas e um gemido de vez em quando.

- Tem alguém ali - Sansa disse ansiosamente. Deu por si

pensando em Lady, desejando que a loba gigante estivesse

ali.

- Comigo está a salvo - Joffrey desembainhou sua Dente de

Leão. O som do aço raspando em couro a fez tremer. -

Por aqui - disse ele, levando o cavalo por entre um grupo

de árvores.

Para lá delas, numa clareira aberta a o lado do rio,

encontraram um rapaz e uma menina brin cando de

cavaleiros. Suas espadas eram paus, aparentemente cabos

de vassoura, e eles corriam pela clareira, batendo -se com

vigor. O rapaz era bem mais velho, uma cabeça mais alto,

e muito mais forte, e era ele quem atacava. A menina,