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estremecendo. - É minha.

- Sua? - não fazia sentido. Petyr não estivera em

Winterfell.

- Até o torneio no dia do nome de Príncipe Joffrey - disse

ele, atravessando a sala para arran car o punhal da

madeira, - Apostei em Sor Jaime na justa, tal como

metade da corte - o sorriso acanhado de Petyr fazia -o

parecer meio rapaz de novo. - Quando Loras Tyrell o fez

cair do cavalo, muitos de nós ficamos um nadinha mais

pobres. Sor Jaime perdeu cem dragões de ouro, a rainha

perdeu um pendente de esmeralda, e eu perdi a minha

faca. Sua Graça obteve a esmeralda de volta, mas o

vencedor ficou com o resto.

- Quem? - Catelyn exigiu saber, com a boca seca de medo.

Seus dedos latejavam de dor.

- O Duende - disse Mindinho enquanto Lorde Varys

observava o rosto dela. - Tyrion Lannister.

Jon

O pátio ressoava com a canção das espadas.

Sob a lã negra, o couro fervido e a cota de malha, o suor

corria gelado pelo peito de Jon, enquanto ele pressionava

o ataque. Grenn ca mbaleava para trás, defendendo -se de

forma desajeitada. Quando ergueu a espada, Jon fez passar

por baixo dela um golpe circular que se esmagou contra a

parte de trás da perna do outro rapaz e o deixou

mancando. A estocada baixa de Grenn respondeu com um

golpe de cima que lhe abriu um corte no elmo. Quando o

outro tentou um golpe lateral, Jon afastou sua lâmina e

atingiu-lhe o peito com o braço envolto em cota de malha.

Grenn desequilibrou-se e caiu com força, de traseiro na

neve. Jon arrancou-lhe a espada dos dedos com um golpe

no pulso que o fez gritar de dor.

- Basta! - a voz de Sor Alliser Thorne tinha um gume que

parecia feito de aço valiriano. Grenn agarrou -se à mão.

- O bastardo quebrou meu pulso.

- O bastardo o cortou, abriu -lhe esse crânio vazio e

decepou-lhe a mão. Ou o teria feito, se essas lâminas

tivessem gume. E sorte sua que a Patrulha precise tanto

de moços de estrebaria como de patrulheiros - Sor Alliser

fez um gesto para Jeren e para o Sapo. - Ponham o

Auroque em pé, que ele tem preparativos fun erários a

fazer.

Jon tirou o elmo enquanto os outros rapazes puxavam

Grenn. O ar gelado da manhã no ros to lhe fez bem.

Apoiou-se na espada, inspirou profundamente e permitiu -

se um momento para saborear a vitória.

- Isso é uma espada, não a bengala de um v elho -

repreendeu-o Sor Alliser com voz penetrante. - Suas

pernas doem, Lorde Snow?

Jon odiava aquele nome, uma zombaria que Sor Alliser

pendurara nele no primeiro dia em que viera treinar. Os

rapazes tinham-no adotado e agora o ouvia por todo lado.

Enfiou a espada na bainha.

- Não - respondeu.

Thorne caminhou em sua direção, com o duro couro

negro sussurrando levemente enquanto se movia. Era um

homem compacto de cinquenta anos, seco e duro, com

algum cinza nos cabelos negros e olhos que eram como

lascas de ônix,

- Agora a verdade - ordenou.

- Estou cansado - Jon admitiu. Seu braço ardia por causa

do peso da longa espada, e agora que a luta tinha acabado

começava a sentir as contusões.

- Você é fraco,

- Ganhei.

- Não. O Auroque perdeu.

Um dos rapazes soltou um risinho abafado, Jon sabia que

era melhor não responder. Vencera todos os que Sor

Alliser enviara para lutar contra ele, mas nada ganhara

com isso. O mestre de armas só oferecia escárnio. Thorne

o odiava, concluíra Jon; e, claro, odiava ainda mais os

outros rapazes.

- Chega - disse-lhes Thorne. - Não suporto mais que

certa quantidade de inépcia por dia. Se os Outros alguma

vez nos atacarem, rezo para que tenham arqueiros,

porque vocês só servem para alvos de palha.

Jon seguiu os outros de volta ao armeiro, cami nhando só.

Ali caminhava só com frequência. Havia quase vinte

rapazes no grupo com quem treinava, mas a nenhum

podia chamar de amigo. A maior parte deles era dois ou

três anos mais velho, mas nenhum chegava a ser sequer

metade do lutador que Robb fora aos catorze anos.

Dareon era rápido, mas tinha medo de ser atingido. Pyp

usava a espada como um punhal, Jeren era fraco como

uma mulher e Grenn, lento e desas trado. Os golpes de

Halder

eram

brutalmente

duros,

mas

atirava -se

diretamente aos ataques do adversár io. Quanto mais

tempo passava com eles, mais Jon os desprezava.

No armeiro, Jon pendurou a espada e a bainha num

gancho na parede de pedra, ignorando os outros à sua

volta. Metodicamente, começou a despir a cota de malha,

o couro e as lãs enchar cadas de suor. Bocados de carvão

ardiam em braseiros de ferro em ambas as extremidades

da longa sala, mas Jon começou a tremer. Ali, o frio o

acompanhava sempre. Dentro de alguns anos iria se

esquecer de como era sentir -se quente.

O cansaço o atingiu subitamente enq uanto vestia os rudes

tecidos negros que eram seu ves tuário de todos os dias.

Sentou-se num banco, brincando com as ataduras do

manto. Tanto frio, pensou, recordando os salões de

Winterfell, onde as águas quentes corriam pelas paredes

como sangue pelo corpo de um homem. Pouco calor se

podia encontrar em Castelo Negro; ali, as pare des eram

frias, e as pessoas, mais frias ainda.

Ninguém lhe dissera que a Patrulha da Noite seria assim;

ninguém, exceto Tyrion Lannister. O anão oferecera-lhe a

verdade na estrada para o norte, mas então já era tarde

demais. Jon perguntava a si mesmo se o pai saberia como

era a Muralha. Achava que tinha de saber; e isso só

aumentava sua dor.

Até o tio o abandonara naquele lugar frio no fim do

mundo. Ali, o genial Benjen Stark que conhecia se

transformara numa pessoa diferente. Era Primeiro

Patrulheiro, e passava os dias e as noites com o Senhor

Comandante Mormont, o Meistre Aemon e os outros altos

oficiais, ao passo que Jon fora entregue ao comando bem

pouco afável de Sor Alliser Thorne.

Três dias depois da chegada, Jon ouvira dizer que Benjen

Stark ia levar meia dúzia de homens numa patrulha pela

Floresta Assombrada. Naquela noite, procurou o tio na

grande sala de estar de madeira e pediu para ir com ele.

Benjen recusou rudemente .

- Isto não é Winterfell - disse-lhe, enquanto cortava a

carne com um garfo e o punhal. - Na Muralha, um homem

só obtém aquilo que ganha, Você não é um patrulheiro,

Jon, não passa de um rapaz verde ainda cheirando a verão.

Estupidamente, Jon argumentou:

- Farei quinze anos no dia do meu nome. Quase um

homem feito.

Benjen Stark franziu a sobrancelha.

- É e será um rapaz até que Sor Alliser diga que está

apto para ser um homem da Patrulha da Noite. Se pensava

que seu sangue Stark lhe traria favores fáceis, enganou-se.