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problemas na estrada do rei. Te mos todos visitado o septo

a fim de acender velas pelo Príncipe Joffrey. Rezo pela sua

recuperação - sua mão esquerda deixou manchas de pó na

manga de Ned, e exalava um odor tão repugnante e doce

como flores numa sepultura.

- Seus deuses ouviram suas preces - respondeu Ned, frio,

mas delicado. - O príncipe fica mais forte a cada dia que

passa - libertou-se do eunuco e atravessou a sala até onde

Lorde Renly estava, junto ao biombo, conversando

calmamente com um homem baixo que só podia ser Min-

dinho. Quando Robert conquistara o trono, Renly não era

mais que um rapaz de oito anos, mas transformara-se

num homem tão parecido com o irmão que N ed o achava

desconcertante. Sempre que o via, era como se os anos

tivessem desaparecido e estivesse pera nte Robert, logo

depois de obter a vitória no Tridente.

- Vejo que chegou em segurança, Lorde Stark - disse

Renly.

- E você também - respondeu Ned. - Peço-lhe perdão,

mas por vezes parece a mim a viva imagem de seu irmão

Robert.

- Uma má cópia - disse Renly com um encolher de

ombros.

- Se bem que muito mais bem -vestida - brincou

Mindinho. - Lorde Renly gasta mais em vestuário que

metade das senhoras da corte.

E era verdade. Renly vestia veludo verde -escuro, com uma

dúzia de veados dourados bor dados no gibão. Uma meia

capa de fio de ouro estava atirada casualmente por sobre

um ombro, presa com um broche de esmeralda.

- Há crimes piores - disse Renly com uma gargalhada. - O

modo como se traja, por exemplo. Mindinho ignorou a

piada. Observou Ned com um sorriso nos lábios que

beirava à insolência,

- Há alguns anos que tenho alimentado a esperança de

conhecê-lo, Lorde Stark. Certamente a Senhora Stark falou

de mim.

- Falou - respondeu Ned com gelo na voz. A astuta

arrogância do comentário o inflamou. - Pelo que sei,

também conheceu meu irmão Brandon.

Renly Baratheon soltou uma gargalhada. Varys arrastou os

pés para mais perto a fim de escutar.

- Bem demais - disse Mindinho. - Ainda carrego comigo

um sinal de sua estima. Brandon também lhe falou de

mim?

- Com frequência, e com algum calor - disse Ned,

esperando que a frase pusesse fim à conversa. Não tinha

paciência para aquele jogo, para aquele duelo de palavras.

-Julgava que o calor não se coadunava com os Stark -

disse Mindinho. - Aqui no Sul, dizem que são todos feitos

de gelo, e que derretem quando viajam para baixo do

Gargalo.

- Não pretendo derreter em breve, Senhor Baelish. Pode

contar com isso - Ned dirigiu-se até a mesa do conselho e

disse: - Meistre Pycelle, confio que esteja bem de saúde.

O Grande Meistre sorriu gentilmente no seu cadeirão

numa extremidade da mesa.

- Suficientemente bem para um homem da minha idade,

senhor - respondeu -, mas receio que me canse facilmente

- finos fios de cabelo branco rodeavam a larga cúpula

calva da testa que se erguia sobre um ro sto amável. Seu

colar de meistre não era uma simples gargantilha de metal

como o que Luwin usava, mas sim duas dúzias de pesadas

correntes entretecidas num ponderoso colar de metal que

o cobria da garganta ao peito. Os elos tinham sido

forjados de todos os metais conhecidos do homem: ferro

negro e ouro vermelho, cobre brilhante e chumbo baço,

aço e estanho, prata, latão, bronze e platina. Granadas,

ametistas e pérolas negras adornavam o metal, e aqui e ali

se via uma esmeralda ou um rubi.

- Talvez possamos começar em breve - disse o Grande

Meistre, com as mãos entrelaçadas sobre a larga barriga. -

Temo que adormeça se esperarmos muito mais tempo.

- Como desejar - a cadeira do rei estava vazia à cabeceira

da mesa, com o veado coroado dos Baratheon bordado a

fio de ouro nas almofadas. Ned ocupou a cadeira ao lado,

na qualidade de mão direita do rei. - Meus senhores -

disse com formalidade -, lamento tê-los feito esperar.

- Sois a Mão do Rei - disse Varys. - Nós servimos à vossa

vontade, Lorde Stark.

Enquanto os outros ocupavam seus lugares habituais,

Eddard Stark foi atingido violenta mente pelo pensamento

de o seu lugar não ser aquele, naquela sala, com aqueles

homens. Recordou o que Robert dissera na cripta por

baixo de Winterfell. Estou rodeado de aduladores e idiotas, ele

insistira. Ned olhou a mesa do conselho e perguntou a si

próprio quais seriam os aduladores e quais os idiotas.

Pensou já sabê-lo.

- Não somos mais que cinco - Ned observou.

- Lorde Stannis viajou para Pedra do Dragão não muito

tempo depois de o rei ter partido para o Norte - disse

Varys -, e o nosso galante Sor Barristan acompanha o rei

na travessia da cidade, como é próprio do Senhor

Comandante da Guarda Real.

- Talvez devêssemos esperar que Sor Barristan e o rei se

juntassem a nós - sugeriu Ned.

Renly Baratheon riu em voz alta.

- Se esperarmos que meu irmão nos agracie com sua real

presença, poderá ser uma longa espera.

- Nosso bom Rei Robert tem muitas preocupações - disse

Varys. - Ele nos confia alguns assuntos de menor

importância para lhe alivia r o fardo.

- O que Lorde Varys quer dizer é que todas estas

conversas sobre moeda, colheitas e justiça aborrecem meu

real irmão de morte - disse Lorde Renly. - Por isso cai

sobre nós o governo do reino. Ele nos envia uma ordem

de vez em quando - retirou da manga um papel muito

bem enrolado e o pôs na mesa. - Esta manhã ordenou-me

que avançasse à coluna a toda pressa e pedisse ao Grande

Meistre Pycelle para convocar imediatamente este

conselho. Tem para nós uma tarefa urgente.

Mindinho sorriu e entregou o pap el a Ned. Trazia o selo

real. Ned quebrou a cera com o polegar e alisou a carta

para analisar a ordem urgente do rei, lendo as palavras

com descrença crescente. Não haveria fim para a loucura

de Robert? E fazer aquilo em seu nome era pôr sal sobre a

ferida.

- Que os deuses sejam bondosos - praguejou.

- O que o Senhor Eddard quer dizer - anunciou Lorde

Renly - é que Sua Graça nos dá ins truções para

organizarmos um grande torneio em honra de sua

nomeação como Mão do Rei.

- Quanto? - perguntou brandamente Min dinho.

Ned leu a resposta da carta.

- Quarenta mil dragões de ouro para o campeão. Vinte mil

para o homem que ficar em se gundo lugar, outros vinte

para o vencedor da luta corpo a corpo e dez mil para o

vencedor da competição de arqueiros.

- Noventa mil peças de ouro - Mindinho suspirou. - E não

devemos negligenciar os outros custos. Robert certamente

vai querer um banquete prodigioso. Isto significa

cozinheiros, carpin teiros, criadas, cantores, malabaristas,