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Defrontava-se com um Junz diferente agora, cujo ódio não era reservado para Sark, mas extravasava e caía igualmente sobre Abel.

— Não é — disse o libairiano em parte que me ressinta do fato de que seus agentes tenham sido colocados em meus calcanhares. Presumivelmente você é cauteloso e não deve confiar em nada e em ninguém. Bom, até quando isso terminar. Mas por que não fui informado assim que nosso homem foi localizado?

A mão de Abel alisou o tecido aquecido do braço de sua cadeira.

— Negócios são complicados. Sempre complicados. Arranjei para que qualquer relato a respeito de um pesquisador não autorizado atrás de dados analítico-espaciais fosse comunicado a certos agentes meus, assim como a você. Eu mesmo pensei que você poderia precisar de proteção. Mas em Florina…

— É disse Junz amargamente. — Fomos tolos em não considerarmos isto. Passamos quase um ano provando que não poderíamos encontrá-lo em lugar algum de Sark. Ele tinha de estar em Florina e estávamos cegos quanto a isso. De qualquer forma, agora o pegamos. Ou você o pegou, e presumivelmente será arranjado para que eu o veja?

Abel não respondeu diretamente. Disse: — Você falou que lhe disseram que este homem, Khorov, era um agente trantoriano?

— Não é? Por que mentiriam? Ou estão mal-informados?

— Nem mentiram nem estão mal.informados. Fora um agente nosso por uma década, e é perturbador para mim que estejam informados a respeito dele. Faz-me imaginar o que mais sabem de nós e quão abalada poderá estar nossa estrutura conjuntamente. Mas isso não o faz imaginar por que contaram-lhe grosseiramente que ele era um de nossos homens?

— Porque era a verdade, imagino, e impedir-me, de uma vez por todas, de embaraçá-los com requisições adicionais que somente poderiam causar problemas entre eles e Trantor.

— A verdade é uma comodidade desacreditada entre diplomatas, e que problema maior podem causar para si mesmos que nos deixar saber a extensão de seu conhecimento sobre nós: dar-nos a oportunidade antes que seja tarde demais, para atrair nossa rede danificada, repará-la e retirá-la novamente?

— Então responda a sua própria questão.

— Eu digo que eles lhe contaram a respeito de seu conhecimento da verdadeira identidade de Khorov como um gesto de triunfo. Sabiam que o fato de seu conhecimento não mais poderia ajudá-los ou prejudicá-los, já que eu sabia há doze horas que estavam a par que Khorov era um de nossos homens.

— Mas como?

— Pelo mais inequívoco palpite possível. Ouça! Doze horas atrás Matt Khorov, agente de Trantor, foi morto por um membro da Patrulha Floriniana. Os dois florinianos que ainda mantinha sob controle nesse momento, uma mulher e o homem que, com toda probabilidade, seria o camponês que você está procurando, haviam partido, desapareceram. Presumivelmente estão nas mãos dos Nobres.

Junz gritou e levantou-se.

Abel levou calmamente um copo de vinho à boca e disse: — Não há nada que eu possa fazer oficialmente. O homem morto era um floriniano e os que desapareceram, a menos que possamos provar o contrário, eram igualmente florinianos. Assim, veja, temos sido gravemente superados, e, além disso, estamos agora sendo ridicularizados.

7. O Patrulheiro

Rik viu o Padeiro ser morto. Viu-o curvar-se silenciosamente, seu peito perfurado e carbonizado em fragmentos fumegantes sob o golpe vigoroso do explosor. Era uma visão que abafou para Rik a maior parte do que a precedera e quase tudo o que a seguiria.

Havia a lembrança pouco clara da abordagem inicial do patrulheiro, da calma mas terrível maneira decidida com que puxara sua arma. O Padeiro vira e moldara seus lábios para uma última palavra que não teve tempo de proferir. Então a ação completou-se, o sangue subiu à cabeça de Rik e ouviu-se o selvagem alarido da desorientada multidão que serpenteava em todas as direções, como um rio transbordando.

Por um momento, anulava-se a melhora na mente de Rik que acontecera naquelas últimas poucas horas de sono. O patrulheiro precipitou-se em sua direção, lançando-se à frente por entre homens e mulheres que gritavam, como se fossem um viscoso mar de lodo em que ele teria de abrir caminho. Rik e Lona voltaram com a corrente e foram carregados. Havia redemoinhos e subcorrentes, girando e estremecendo quando os carros voadores dos patrulheiros começavam a pairar sobre suas cabeças. Valona apressava Rik para a frente, sempre em direção aos arredores da Cidade. Por um momento, ele era a aterrorizada criança de ontem, não o quase-adulto daquela manhã.

Acordara naquele dia no cinzento amanhecer que não podia ver no quarto sem janelas em que dormira. Por longos minutos permanecera deitado ali, examinando sua mente. Algo havia se cicatrizado durante a noite; algo se ligara e tornara-se um todo. Alguma coisa ficara pronta desde o momento, há dois dias, em que começara a se “lembrar”. O processo continuara durante todo o dia anterior. A ida à Cidade Superior e à biblioteca, o ataque ao patrulheiro e a fuga em seguida, o encontro com o Padeiro — tudo isto havia agido sobre ele como um fermento. As fibras atrofiadas de sua mente, há tanto dormentes, foram dominadas e distendidas, forçando uma atividade dolorida, e agora, depois do sono, havia um fraco pulsar sobre si.

Pensava no espaço e nas estrelas, de grandes, grandes períodos de solidão, e grandes silêncios.

Finalmente virou a cabeça para o lado e chamou: — Lona.

Ela acordou de súbito, apoiou-se num dos cotovelos e fitou-o.

— Rik?

— Estou aqui, Lona.

— Você está bem?

— Claro. — Não podia controlar sua excitação. — Sinto-me ótimo, Lona. Ouça! Lembro mais. Estava em uma nave e sei exata mente…

Mas ela não o estava ouvindo. Escorregou para dentro de seu vestido e de costas para ele alisou o fecho do trespasse na frente e então lutou desajeitada e nervosamente com seu cinto.

Foi até ele na ponta dos pés. — Não pretendia dormir, Rik. Tentei ficar acordada.

Rik sentiu o contágio do nervosismo de Valona. — Há alguma coisa errada? — perguntou.

— Shh, não fale tão alto. Está tudo bem.

— Onde está o Conselheiro?

— Ele não está aqui. Ele… ele teve de sair. Por que não volta a dormir, Rik?

Ele empurrou para o lado o confortador braço de Valona. — Estou bem. Não quero dormir. Queria contar ao Conselheiro sobre minha nave.

Mas o Conselheiro não estava lá e Valona não o ouviria. Rik acalmou-se e pela primeira vez sentiu-se ativamente irritado com Valona. Ela o tratava como se ele fosse uma criança e ele estava começando a se sentir como um homem.

Uma luz penetrou no quarto é a figura troncuda do Padeiro entrou. Rik olhou-o e ficou, por um momento, desanimado. Não objetou inteiramente quando o braço confortador de Valona foi passado em torno de seu ombro.

Os lábios grossos do Padeiro estenderam-se em um sorriso. — Vocês acordaram cedo.

Nenhum dos dois respondeu.

— Foi bom — disse o Ladeiro. — Vamos nos mudar hoje.

A boca de Valona estava seca. — Você não vai nos entregar aos patrulheiros? — perguntou.

Lembrava-se da forma como ele olhara para Rik depois que o Conselheiro havia saído. Ainda olhava para Rik; somente para Rik.

— Não para os patrulheiros — disse ele. — As pessoas certas foram informadas e vocês estarão bastante seguros.

Saiu, e quando pouco depois retornou, trazia comida, roupas e duas tigelas de água. As roupas eram novas e pareciam completamente estranhas.

Ele os olhava enquanto comiam e dizia: — Eu vou lhes dar novos nomes e novas histórias. Vocês vão escutar, e eu não quero que esqueçam. Vocês não são florinianos, entendem? Vocês são irmãos do planeta Wotex. Estavam visitando Florina.