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— Você tem certeza?

— Sim, senhor.

— Você ainda diz que o nome de que se lembra é Fife?

— Eu me lembro desse nome — insistiu Rik, teimosamente.

— Quem quer que seja, então, usou meu nome como um disfarce.

— Ele… ele deve ter usado.

Fife virou-se e com lenta dignidade lutou para voltar a sua escrivaninha e subiu em sua cadeira.

— Eu nunca havia permitido que qualquer homem me visse de pé antes disto em toda a minha vida adulta — disse ele. — Existe alguma razão para que esta conferência deva continuar?

Abel estava ao mesmo tempo embaraçado e aborrecido. Até agora a conferência infortunadamente não dera em nada. Em cada etapa Fife havia logrado colocar do lado certo, e os outros do errado. Fife havia se apresentado com sucesso como um mártir. Ele havia sido forçado a uma conferencia pela chantagem trantoriana, e se tornado o alvo de acusações falsas que eram arrasadas todas de uma vez.

Fife cuidaria que sua versão da conferência inundasse a Galáxia e não teria de desviar-se muito da verdade para fazer dela uma excelente propaganda anti-Trantor.

Abel teria gostado de reduzir suas perdas. O analista espacial sondado psiquicamente não teria utilidade para Trantor agora. Qualquer “lembrança” que pudesse ter depois disso seria ridicularizada, motivo de zombaria, embora pudesse ser verdade. Seria aceita como um instrumento do imperialismo trantoriano, e um instrumento quebrado, aliás.

Mas hesitou, e foi Junz quem falou:

— A mim me parece que há uma boa razão para ainda não terminar a conferência. Ainda não determinamos exatamente quem é responsável pela sondagem psíquica. Você tem acusado o Nobre de Steen, e Steen tem acusado você. Admitindo que ambos estejam errados e que ambos sejam inocentes, ainda permanece o fato de que cada um de vocês acredita que um dos Grandes Nobres seja o culpado. Qual deles, então?

— E isto importa? — perguntou Fife. — Até onde isso lhe diz respeito, estou certo que não. Este assunto teria sido resolvido agora mesmo não fosse a interferência de Trantor e do DAI. Eventualmente eu descobriria o traidor. Lembrem-se que o autor da psico-sondagem, quem quer que seja, tinha a intenção original de forçar o monopólio do comércio do kyrt para suas próprias mãos, de forma que eu provavelmente não deixaria escapar. Uma vez que o sondador fosse identificado e tratássemos dele, seu homem aqui retornaria ileso. Esta é a única oferta que eu posso fazer e é a realmente razoável.

— O que você vai fazer com o sondador?

— Este é um assunto puramente interno que não lhe diz respeito.

— Mas diga — Junz falou energicamente. — Isto não é somente um problema com o analista espacial. Existe algo de maior importância envolvido e estou surpreso que ainda não tenha sido mencionado. Este homem, Rik, foi psiquicamente sondado exatamente por que era um analista espacial.

Abel não estava certo quanto a quais eram as intenções de Junz, mas jogou todo seu peso no prato da balança. Disse brandamente:

— O Dr. Junz está se referindo, claro, à mensagem de perigo original do analista espacial.

Fife deu de ombros. — Que eu saiba, ninguém ainda se apercebeu da importância disso, incluindo o Dr. Junz durante o ano passado. Entretanto, seu homem está aqui, Doutor. Pergunte-lhe o que é tudo isso.

— Naturalmente, ele não vai se lembrar — retorquiu Junz colericamente. — A sondagem psíquica é mais eficiente sobre os encadeamentos lógicos armazenados na mente. O homem pode nunca mais recuperar os aspectos quantitativos da obra de toda a sua vida.

— Então está acabado — disse Fife. — O que pode ser feito a este respeito?

— Algo muito definido. Este é o ponto. Existe alguém mais que sabe, e este é o sondador. Ele pode não ter sido um analista espacial; ele pode não saber os detalhes precisos. Entretanto, ele falou ao homem em um estado de mente intacta. Ele aprendeu o bastante para colocar-nos longe da pista certa. Sem ter aprendido o bastante não teria ousado destruir a fonte de sua informação. Além disso, para registro, você se lembra, Rik?

— Somente que havia perigo e que envolvia as correntes do espaço — murmurou Rik.

— Mesmo se você descobrir, o que terá? — disse Fife. — Quão confiáveis são quaisquer das assustadoras teorias que os analistas espaciais doentes estão eternamente sugerindo? Muitos deles pensam que sabem os segredos do universo quando estão tão doentes que mal podem ler seus instrumentos.

— Pode ser que você esteja certo. Você tem medo de deixar-me descobrir?

— Eu sou contra começar qualquer rumor mórbido que pudesse, verdadeiro ou falso, afetar o tráfego do kyrt. Não concorda comigo, Abel?

Abel contorceu-se interiormente. Fife estava se colocando na posição em que qualquer quebra na distribuição do kyrt resultante de seu próprio golpe pudesse ser jogada sobre as manobras trantorianas. Mas Abel era um bom jogador. Ele aumentou a parada calmamente e sem emoções.

— Não. Sugiro que ouça o Dr. Junz — disse Abel.

— Obrigado — disse Junz. — Agora mesmo você disse, Nobre Fife, que quem quer que fosse o sondador, ele deve ter assassinado o médico que examinou este homem, Rik. Isto implica que o sondador manteve algum tipo de observação sobre Rik durante sua estada em Florina.

— Então?

— Devem existir vestígios desse tipo de observação.

— Quer dizer que você acha que estes nativos saberiam que os estava vigiando?

— Por que não?

— Você não é um sarkiano e portanto comete erros — disse Fife. Eu lhe asseguro que estes nativos conhecem seu lugar. Não se aproximam de Nobres e se os Nobres se aproximam deles sabem muito bem manter os olhos na ponta dos pés. Não saberiam coisa alguma sobre serem vigiados.

Junz visivelmente tremeu de indignação. Os Nobres tinham seu despotismo tão arraigado que não viam nada errado ou vergonhoso em falar disso abertamente.

— Nativos comuns, talvez — disse. — Mas temos um homem aqui que não é um nativo comum. Eu acho que ele tem nos mostrado bem meticulosamente que ele não é um floriniano propriamente respeitoso. Até agora em nada contribuiu para a discussão e já é hora de lhe fazermos umas poucas perguntas.

— Este testemunho do nativo não vale a pena — disse Fife. — De fato, eu aproveito a oportunidade para uma vez mais exigir que Trantor entregue-o para um julgamento adequado nas cortes de Sark.

— Deixe-me falar com ele primeiro.

Abel, para não dizer coisa pior: — Eu acho que não faremos mal em fazer-lhe umas poucas perguntas, Fife. Se ele demonstrar não ser cooperativo ou confiável, podemos considerar seu pedido de extradição.

Terens que, até agora, estava impassivelmente concentrado nos dedos de suas mãos entrelaçadas, olhou-o brevemente.

Junz voltou-se para Terens e disse: — Rik havia ficado em sua cidade desde que fora encontrado em Florina, não?

— Sim.

— E você permaneceu na cidade todo esse tempo? Quero saber se você não saiu para alguma viagem de negócios prolongada, saiu?

— Os Conselheiros não fazem viagens de negócios. Seus negócios estão em suas cidades.

— Muito bem. Agora relaxe, não fique nervoso. Seria parte de seus negócios saber a respeito de qualquer Nobre que pudesse ir à Cidade, imagino.

— Certo. Quando iam.

— Foram?

Terens meneou os ombros. — Uma vez ou duas. Pura rotina, lhe asseguro. Os Nobres não sujam suas mãos com o kyrt. Isto é, kyrt não processado.

— Seja respeitoso! — rosnou Fife.

Terens olhou para ele e disse: — Pode me obrigar?

Abel interrompeu suavemente. — Vamos manter isto entre o homem e o Dr. Junz, Fife. Você e eu somos espectadores.