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Em 1623, um amigo de longa data de Galileu tornou-se Papa. Imediatamente, Galileu tentou que o decreto de 1616 fosse revogado. Não conseguiu, mas acabou por obter licença para escrever um livro que descrevesse as teorias aristotélica e copernicana, com duas condições: não tomaria qualquer partido e chegaria à conclusão de que o Homem não podia, em qualquer dos casos, determinar como funcionava o mundo, porque Deus podia causar os mesmos efeitos de maneiras que o Homem não conseguia imaginar, nem colocar restrições sobre a Sua omnipotência.

O livro *Diálogo Sobre os Dois Principais Sistemas do Mundo* ficou pronto e foi publicado em 1632, com todo o apoio dos censores, e foi imediatamente recebido por toda a Europa como uma obra-prima literária e filosófica. Logo a seguir, o Papa, compreendendo que as pessoas viam o livro como um argumento convincente em favor do copernicanismo, arrependeu-se de o ter deixado publicar. Argumentou que, embora o livro tivesse a bênção oficial dos censores, Galileu tinha desobedecido ao decreto de 1616. Obrigou-o a apresentar-se perante a Inquisição, que o condenou a prisão domiciliária perpétua e lhe ordenou que renunciasse publicamente ao copernicanismo. Pela segunda vez, Galileu concordou. E permaneceu católico fiel, mas a sua crença na independência da ciência não foi por isso esmagada. Quatro anos antes de morrer, em 1642, sempre em prisão domiciliária, o manuscrito do seu segundo livro foi passado clandestinamente para um editor na Holanda. Era a obra conhecida por *Duas Novas Ciências* que, ainda mais do que o seu apoio ao copernicanismo, havia de tornar-se o germe da física moderna.

Isaac Newton

Isaac Newton não era um homem agradável. As suas relações com os outros académicos ficaram célebres pois, sobretudo nos últimos anos da sua vida, envolveu-se em acesas discussões. A seguir à publicação dos *Principia Mathematica*, certamente o livro mais influente alguma vez escrito sobre física, Newton tinha subido rapidamente à proeminência pública. Foi nomeado presidente da Royal Society e foi o primeiro cientista a ser designado cavaleiro.

Newton depressa começou às turras com o astrónomo real. John Flamsteed, que lhe tinha fornecido muitas informações para os seus *Principia* (1), mas que começou então a negar-lhe as informações que ele queria. Newton não aceitava um não como resposta e tratou de se fazer nomear para a direcção do Observatório Real (2), tentando logo a seguir obrigar à publicação das informações. Eventualmente, conseguiu que o trabalho de Flamsteed fosse confiscado e preparado para publicação pelo inimigo mortal deste, Edmond Halley.

(1) Informações preciosas a Newton sobre o movimento da Lua (*N. do R.*).

(2) Célebre Observatório de Greenwich (*N. do R.*).

Mas Flamsteed levou o caso aos tribunais e, num instante, obteve destes uma ordem proibindo :, a distribuição do trabalho roubado. Newton ficou furioso e procurou vingar-se, retirando sistematicamente quaisquer referências a Flamsteed das edições seguintes dos *Principia*.

Discussão mais séria foi a que teve com o filósofo alemão Gottfried Leibniz. Tanto este como Newton tinham desenvolvido independentemente o ramo da matemática chamado cálculo, que está na base da maior parte da física moderna. Embora agora saibamos que Newton descobriu o cálculo antes de Leibniz, publicou o seu trabalho muito mais tarde. Começou assim uma enorme discussão sobre quem tinha sido o primeiro, com cientistas a defenderem vigorosamente os dois oponente ,. É notável, porém, que a maioria dos artigos que apareceram a defender Newton tivesse sido escrita por ele mesmo, e apenas publicada em nome dos amigos! Com o aumento da discussão, Leibniz cometeu o erro de apelar para a Royal Society para decidir a disputa. Newton, como presidente, nomeou uma comissão "imparcial" para investigar, formada, por coincidência, apenas por amigos seus! Mas isso não foi tudo: Newton escreveu depois o relatório da comissão e fez com que a Royal Society o publicasse, acusando oficialmente Leibniz de plágio. Como ainda não estava satisfeito, escreveu uma crítica anónima do relatório na publicação privada da Royal Society. Após a morte de Leibniz, diz-se que Newton declarou que tinha ficado radiante "por ter desfeito o coração a Leibniz".

Durante estas duas discussões, Newton já tinha deixado Cambridge e a vida académica. Tivera um papel activo na política anticatólica em Cambridge e mais tarde no Parlamento, tendo acabado por ser recompensado com o lucrativo lugar de administrador da Real Casa da Moeda. Aí, usou os seus talentos tortuoso, e vitriólicos de maneira mais aceite socialmente, orquestrando com êxito uma campanha contra a moeda falsa, chegando a mandar vários homens para a forca.

O Autor e a Obra

Stephen Hawking nasceu no aniversário da morte de Galileu, ou seja, em 8 de Janeiro de 1942 e é geralmente considerado um dos físicos teóricos mais brilhantes desde Einstein. Actualmente, é Professor de Matemática Aplicada na Universidade de Cambridge e os seus trabalhos no campo da mecânica quântica e da relatividade com vista à compreensão do Universo têm-se revelado como uma das maiores proezas intelectuais do século XX. Incapaz de falar, paralisado por uma doença degenerativa incurável, conhecida por doença de Gehrig, o cientista britânico comunica com o mundo apenas através do movimento quase imperceptível de três dedos que accionam um grande número de vocábulos registados e armazenados na memória de um computador especial fixado na cadeira de rodas por ele concebida.

A tenacidade deste homem, distinguido com vários títulos académicos e honoríficos, possível candidato ao prémio Nobel, ao tentar ultrapassar as fronteiras da ciência, só encontra equiparação na luta e amor pela vida.

Para além de *Breve História do Tempo* (1988), Stephen Hawking publicou, entre outros, *The Large Scale Structure of Space-Time*, 1973 (com G. F. R. Ellis); *General Relativity: an Einstein Centenary Survey*, 1979 (colaboração); *Superspace and Supergravity*, 1981 (colaboração); *The Very Early Universe*, 1983.

Glossário

ACELERAÇÃO. Razão a que a velocidade de um objecto varia.

ACELERADOR DE PARTÍCULAS. Máquina que, por meio de electromagnetos, pode acelerar partículas carregadas, em movimento, comunicando-lhes maior energia.

ACONTECIMENTO. Ponto do espaço-tempo especificado pelas Suas coordenadas de lugar e tempo.

ANÃ BRANCA. é uma estrela fria, estável, mantida pela repulsão do princípio de exclusão entre os electrões.

ANTIPARTÍCULA. Cada tipo de partícula de matéria tem uma antipartícula correspondente. Quando uma partícula colide com a Sua antipartícula, aniquilam-se mutuamente libertando energia.

ÁTOMO. Unidade fundamental da matéria comum, constituído por um núcleo minúsculo (formado de protões e neutrões) envolvido por uma nuvem electrónica.

BIG BANG. Singularidade no começo do Universo.

BURACO NEGRO. Região do espaço-tempo donde nada, nem mesmo a luz, pode escapar, porque a gravidade é muito intensa (capítulo VI).

BURACO NEGRO PRIMEVO. Buraco negro criado no inicio do Universo.

CAMPO. Algo que existe através do espaço e do tempo, por oposição a uma partícula que existe somente num ponto de cada vez.

CAMPO MAGNÉTICO. Campo responsável pelas forças magnéticas actualmente incorporado com o campo eléctrico no campo electromagnético.