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— É, sim. Mas estou muito confiante. Desde que mandei construir o quarto, eu próprio já o experimentei três vezes. O máximo que agüentei ficar foi cinco minutos, e todas as vezes passei mal pra burro. E olhe que não tinha sofrido o processo de desorientação. Estou confiante em que não teremos problemas. — Crosse apagou o cigarro. — É muito eficaz... uma cópia exata do protótipo do KGB.

Depois de um momento, Sinders disse:

— É uma pena que esses métodos tenham que ser usados. Muito desagradáveis. Revoltantes, na verdade. Eu os admitia quando... bem, mesmo então suponho que nossa profissão nunca tenha sido muito limpa.

— Quer dizer durante a guerra?

— É. Devo dizer que os admitia, então. Naquela época não havia hipocrisia por parte de alguns dos nossos líderes... ou dos meios de comunicação. Todos compreendiam que estávamos em guerra. Mas hoje, quando a nossa própria sobrevivência está ameaçada, nós... — Sinders interrompeu-se, depois apontou. — Olhe, Roger, aquele não é Rosemont?

O americano estava parado com outro homem junto à porta de saída.

— É, sim. E aquele é o Langan, junto com ele. O homem do FBI — disse Crosse. — Ontem à noite concordei em trabalhar com ele no caso Banastasio, embora o que eu quisesse mesmo é que aquele maldito pessoal da CIA nos deixasse fazer o nosso serviço em paz.

— É, eles estão mesmo se tornando muito difíceis. Crosse apanhou o rádio e foi saindo na frente.

— Stanley, ele está bem vigiado. Concordamos ontem à noite que, nesta operação, cuidamos dessa parte, vocês cuidam do hotel. Certo?

— Claro, claro, Rog. Bom dia, sr. Sinders. — Com ar sombrio, Rosemont apresentou Langan, que estava igualmente tenso. — Não estamos interferindo, Rog, embora o vagabundo seja um dos nossos cidadãos. Não é por esse motivo que estamos aqui. Vim me despedir do Ed.

— É?

— É — disse Langan. Estava tão cansado e abatido quanto Rosemont. — São aquelas fotocópias, Rog. Os papéis de Thomas K. K. Lim. Tenho que enttegá-los pessoalmente. Para o FBI. Li parte deles para o meu chefe, e ele quase fundiu a cuca.

— Posso imaginar.

— Há um pedido na sua mesa, para que fiquemos com os originais e...

— De jeito algum — respondeu Sinders por Crosse. Langan deu de ombros.

— Há um pedido na sua mesa, Rog. Suponho que seus superiores enviarão ordens do céu, se os nossos realmente precisarem deles. É melhor eu embarcar. Escute, Rog, nem sei como lhe agradecer. Nós... fico lhe devendo uma. Aqueles filhos da mãe... é, nós ficamos lhe devendo uma.

Apertaram-se as mãos, e ele saiu apressado para a pista.

— Qual foi a informação que fundiu a cuca do chefe dele, sr. Rosemont?

— São todas letais, sr. Sinders. É um golpe para nós, para nós e para o FBI, especialmente o FBI. Ed disse que o pessoal ficou histérico. As implicações políticas para os democratas e os republicanos são imensas. Tem razão. Se o senador Tillman, que tem esperança de ser candidato presidencial, e que está na cidade, pusesse as mãos nesses papéis, faria o diabo. — Rosemont não era mais a pessoa bem-humorada de costume. — Meus chefões mandaram telex para os nossos contatos sul-americanos para caçar o tal Thomas K. K. Lim, portanto não vai demorar muito e nós o estaremos entrevistando, pode apostar. O senhor receberá uma cópia, não se preocupe. Rog, havia mais alguma coisa?

— Como disse?

— Além desses pitéus, havia mais alguma coisa que pudéssemos usar?

Crosse sorriu sem humor.

— Claro. Que tal um projeto para financiar uma revolução particular na Indonésia?

— Ah! Meu Deus!

— É. Que tal umas cópias fotostáticas de entendimentos para depósitos numa conta bancária francesa de um casal vietnamita muito importante... por favores específicos concedidos?

Rosemont ficou branco como cal.

— O que mais?

— Não chega?

— Há mais?

— Pela madrugada, Stanley! Claro que há mais. Vocês sabem, nós também sabemos. Sempre haverá mais.

— Pode dá-los para mim agora?

— O que pode fazer por nós? — perguntou Sinders. Rosemont fitou-os.

— Durante o almoço conver... O rádio deu sinal de vida:

— O alvo já pegou as malas e está saindo da alfândega, dirigindo-se para a fila de táxis... Agora, está... Agora, está... Espere, alguém veio recebê-lo, um chinês, bonitão, roupas caras, não o estou reconhecendo... Estão se dirigindo para um Rolls, chapa HK... ah, é a limusine do hotel. Os dois homens estão entrando no carro.

Crosse falou no transmissor:

— Continue nessa freqüência.

Mudou de freqüência. Estática e ruídos de tráfego abafados.

Rosemont animou-se.

— Pôs escuta na limusine? — Crosse fez que sim com a cabeça. — Formidável. Rog. Eu não teria feito isso!

Ficaram escutando, depois, nitidamente:

— ... gentileza sua vir me receber, Vee Cee — dizia Banastasio. — Que diabo, não devia ter vindo até aqui...

— Ah, é um prazer — replico» a voz educada. — Podemos conversar no carro, assim não precisará ir ao meu escritório, e depois em Ma...

— Claro, claro — a voz do americano sobrepujou a do outro. — Escute, tenho uma coisa para você, Vee Cee.

Sons abafados, depois um súbito guincho estridente que dominou totalmente a onda de freqüência, obliterando completamente a clareza e as vozes. Prontamente, Crosse mudou para outra freqüência, e verificou que todas as outras funcionavam perfeitamente.

— Que merda! Ele está usando um barbeador portátil para nos bloquear — exclamou Rosemont, enojado. — O filho da mãe é um profissional! Aposto cinqüenta contra um centavo furado como vão bloquear todas as escutas que tivermos, aposto cem que quando voltarem para esse canal estarão apenas batendo papo. Disse a vocês que o Banastasio era uma parada.

63

10h52m

— Tai-pan, o dr. Samson ligando de Londres. Está na linha 3.

— Oh, obrigado, Claudia. — Dunross apertou o botão. — Alô, doutor. Acorda tarde.

— Acabo de chegar do hospital... desculpe não ter ligado antes. Quer saber notícias da sua irmã, a sra. Gavallan?

— É, como vai ela?

— Bem, senhor, começamos outra série de exames rigorosos. Mentalmente, devo dizer que ela está em muito boa forma. Infelizmente, não posso dizer o mesmo da parte física...

Dunross escutou com o coração pesado, enquanto o médico entrava em detalhes sobre a esclerose múltipla, explicando que ninguém sabia muito sobre a doença, que não havia cura conhecida, e que a moléstia ocorria em níveis descendentes... uma vez que tivesse havido alguma deterioração da estrutura nervosa, não era possível, com a medicação atual, voltar ao nível anterior.

— Tomei a liberdade de chamar o professor Klienberg, da clínica da ucla em Los Angeles, para uma consulta... ele é o maior especialista na moléstia. Por favor, fique descansado que faremos tudo o que pudermos pela sra. Gavallan.

— Não me parece que o senhor possa fazer alguma coisa.

— Bem, não é assim tão grave, senhor. Se a sra. Gavallan se cuidar, descansar e for sensata, pode levar uma vida normal durante muitos anos.

— Quanto tempo é "muitos anos"?

Dunross ouviu a longa hesitação. "Ah, Kathy, pobre Kathy!"

— Não sei. Muitas vezes esse tipo de problema está nas mãos de Deus, sr. Dunross. Os doentes não seguem todos o mesmo padrão. No caso da sra. Gavallan, eu poderia dar-lhe uma resposta melhor daqui a seis meses, quem sabe no Natal. Nesse meio tempo, já a inscrevi como paciente no serviço de saúde da previdência, assim...

— Não. Quero que ela seja paciente particular, dr. Sam-son. Por favor, mande todas as contas para o meu escritório.

— Sr. Dunross, não há diferença na qualidade do meu serviço. Ela apenas terá que aguardar um pouquinho na sala de espera, e ficar numa enfermaria, não num quarto particular do hospital.