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— Não, Linc. — Casey virou-se para Dunross. — Qual ê a mamata, Ian?

— Primeiro quero saber se vou ganhar os dois milhões adiantados, livres e limpos... se vocês toparem o negócio.

— Qual o lucro em potencial? — perguntou Casey.

— De quatro a doze milhões. Livres de impostos. Casey perdeu a cor.

— Livres de impostos?

— Livres de quaisquer impostos de Hong Kong, e podemos ajudá-los a driblar os impostos americanos, se quiserem.

— Qual... qual o período de pagamento? — perguntou Bartlett.

— Os lucros serão estabelecidos em trinta dias. O pagamento levará de cinco a seis meses.

— O total fica entre quatro e doze milhões, ou isso é só a nossa parte?

— A sua parte.

— Isso é um bocado de lucro para algo cem por cento legal.

Fez-se um grande silêncio. Dunross esperou que eles se manifestassem.

— Dois milhões em dinheiro vivo? — indagou Bartlett. — Nenhuma garantia, nada?

— Não. Mas, depois que eu tiver explicado tudo, podem pegar ou largar.

— O que o Gornt tem a ver com isso?

— Absolutamente nada. Esse empreendimento não tem nada a ver com o Gornt, a Rothwell-Gornt, a Par-Con, seu interesse neles ou em nós, ou na transação com a Par-Con. Isso é uma coisa completamente à parte. Aconteça o que acontecer, dou-lhe a minha palavra. E juro por Deus que jamais direi a ele que você entrou com os dois milhões, que vocês dois são meus sócios e vão pegar uma fatia do bolo... ou, a propósito, que estou sabendo que vocês três venderam as minhas ações a descoberto. — Sorriu. — Por falar nisso, foi uma idéia muito boa.

— O negócio vai ser fechado por causa dos meus dois milhões?

— Não. Facilitado. Como sabe, não tenho dois milhões de dólares americanos em espécie, caso contrário não os teria convidado.

— Por que nós, Ian? Poderia levantar dois milhões facilmente com algum dos seus amigos aqui, se o negócio é tão bom.

— É. Mas preferi dividir o doce com vocês. A propósito, ainda estão com a palavra empenhada até a meia-noite de terça-feira. — Dunross falou inexpressivamente. Depois, sua voz se alterou, e os outros sentiram-lhe a alegria. — Mas com esse... esse empreendimento comercial... posso enfatizar dramaticamente o quanto somos superiores à Rothwell-Gornt, e o quanto será mais excitante associar-se a nós do que a eles. Você é um jogador, eu também. Chamam-no de Incursor Bartlett, e eu sou o tai-pan da Casa Nobre. Você arriscou uns míseros dois milhões com o Gornt, sem garantias, por que não comigo?

Bartlett lançou um olhar para Casey. Ela não fez que sim nem que não, embora ele soubesse que estava interessada até a alma.

— Já que está estabelecendo as regras, Ian, responda-me: eu entro com os dois milhões. Por que devemos rachar igualmente, Casey e eu?

— Lembro-me do que disseram durante o jantar sobre o dinheiro do dane-se. Você tem o seu, ela, não. Esse poderia ser um meio de Casey obter o dela.

— Por que está tão preocupado com Casey? Está tentando dividir para governar?

— Se isso for possível, então vocês dois não têm uma sociedade e um relacionamento comercial muito especial. Ela é o seu braço direito, você me disse. Ela é evidentemente muito importante para você e para a Par-Con. Portanto, tem o direito de partilhar.

— O que ela vai arriscar?

— Entrará com a casa dela, as economias, as ações da Par-Con... é tudo o que possui... junto com você. Entregará tudo isso em troca da metade da porção. Certo?

— Certo — concordou Casey, atordoada. Bartlett olhou vivamente para Casey.

— Pensei que você tinha dito que não sabia nada a respeito disso.

Ela olhou para ele.

— Há uns dois minutos Ian me perguntou se eu arriscaria tudo o que possuo para conseguir o meu dinheiro do dane-se, muito dinheiro. — Engoliu em seco e acrescentou:

— Disse que sim, e já estou arrependida.

Bartlett pensou por um momento.

— Casey, seja franca: topa ou não?

— Topo.

— Tá legal. — A seguir, Bartlett abriu um amplo sorriso.

— Muito bem, tai-pan, agora me diga quem temos que matar.

Chu Nove Quilates, que às vezes carregava ouro para Victoria, e era pai de dois filhos e duas filhas — Lily Su, a amiguinha ocasional de Havergill, e Glicínia, a amante de John Chen, cujo destino fora ser pisoteada até a morte diante do Ho-Pak em Aberdeen —, esperava sua vez no guichê de apostas.

— Sim, velho? — falou o encarregado, com impaciência. Tirou do bolso um maço de notas. Era todo o dinheiro que possuía, e todo o que pudera arranjar emprestado, deixando apenas o suficiente para três cheiradas do Pó Branco, de que precisaria para enfrentar o seu turno de logo mais à noite.

— A loteria dupla, por todos os deuses! Números 8 e 5 no segundo páreo, 7 e 1 no quinto.

O encarregado contou metodicamente as notas amassadas. Setecentos e vinte e oito HK. Apertou os botões correspondentes a esses números e examinou o primeiro bilhete. Estava correto: 5 e 8... segundo páreo; 7 e 1... quinto páreo. Cuidadosamente, contou cento e quarenta e cinco bilhetes, cada um deles de cinco HK, a aposta mínima, e entregou-os a ele, com um troco de três HK.

— Ande logo, por todos os deuses — exclamou o seguinte da fila. — Está com os dedos no seu Buraco Negro?

— Tenha paciência! — resmungou o velho, sentindo-se tonto. — Isso é coisa séria!

Cuidadosamente, verificou os bilhetes. O primeiro, três escolhidos ao acaso e o último estavam corretos, e o número de bilhetes estava correto, portanto saiu da fila e foi abrindo caminho por entre o ajuntamento até chegar ao ar livre. Chegando Iá, sentiu-se um pouco melhor, ainda nauseado, mas melhor. Viera a pé do seu plantão noturno no novo edifício em construção Iá no alto da Kotewall Road, em Mid Leveis, para poupar o dinheiro da passagem.

Verificou de novo os seus bilhetes: 8 e 5 naquele páreo, e 7 e 1 no quinto, o grande páreo. "Ótimo", pensou, guardando-os cuidadosamente no bolso. "Fiz o melhor que pude. Agora, está nas mãos dos deuses."

O peito lhe doía muito. Por isso, abriu caminho à força por entre a multidão até chegar ao banheiro, onde acendeu um fósforo e inspirou a fumaça do Pó Branco borbulhante. Dali a algum tempo sentiu-se melhor e saiu de novo. O segundo páreo já tinha começado. Louco de ansiedade, foi empurrando os outros para chegar perto da cerca, sem ligar para os palavrões que o acompanhavam. Os cavalos dobravam a última curva, galopando na direção dele e entrando na reta final para a linha de chegada, passando agora por ele num borrão ruidoso, enquanto ele forçava os olhos remelosos para descobrir os seus números.

— Quem está na frente? — perguntou, com voz ofegante, mas ninguém lhe prestou atenção, todos gritavam o nome dos seus escolhidos, incitando-os à vitória, num rugido fervilhante e crescente que a tudo dominava, e que sumiu quando o vencedor cruzou a linha de chegada.

— Quem ganhou? — perguntou sofregamente Chu Nove Quilates, com a cabeça explodindo.

— E eu Iá sei! — falou alguém, com uma enxurrada de palavrões. — Não foi o meu. Que todos os deuses mijem para sempre naquele jóquei!

— Não consigo ler o painel. Quem venceu?

— O resultado só vai ser dado depois de as fotos serem reveladas, seu velho tonto. Não está vendo? Havia três cavalos juntos cruzando a linha de chegada. Fodam-se todos os páreos que terminam desse jeito! Temos que esperar.

— Mas os números... quais são os números?

— Números 5, 8 e 4, Lucky Court, o meu cavalo! Vamos, seu filho da mama esquerda de uma puta! Números 4 e 8 para a loteria, por todos os deuses!

Eles esperaram. E esperaram. O velho pensou que ia desmaiar. Então resolveu pensar em coisas melhores, como a sua conversa com o Chen da Casa Nobre, naquela manhã. Três vezes ele ligara, e todas as vezes um criado atendera e desligara. Foi somente quando falou em "Lobisomem" que o Chen da Casa Nobre em pessoa veio ao telefone.