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— Por favor, desculpe-me por mencionar os terríveis matadores do seu filho — dissera. — Não fui eu, Honrado Senhor, oh, não! Sou apenas o pai da amante do seu falecido honorável filho, Glicínia Su, para quem escreveu do seu amor imorredouro na carta que saiu publicada nos jornais.

— Hem? Mentiroso! Tudo mentiras. Acha que sou algum idiota para ser extorquido por qualquer safado que ligue para mim? Quem é você?

— Meu nome é Hsi-men Su — dissera, mentindo com facilidade. — Há mais duas cartas, Honorável Chen. Pensei que talvez quisesse tê-las de volta, embora sejam tudo o que temos da minha pobre filha morta e do seu pobre filho morto, a quem considerei como meu próprio filho durante todos os meses que ele e...

— Mais mentiras! A meretriz impostora nunca recebeu cartas do meu filho! A nossa perigosa polícia mete os falsificadores na cadeia, sabia? Será que sou algum macaco camponês das Províncias Externas? Cuidado! Agora, imagino que vá apresentar um bebê, alegando que foi gerado pelo meu filho. Hem? Hem?

Chu Nove Quilates quase deixou cair o aparelho. Ele discutira e combinara esse exato plano com a mulher, os filhos e Lily. Fora fácil encontrar um parente que concordara em emprestar o bebê, por um certo preço.

— Como — gaguejou, chocado —, eu, um mentiroso? Eu, que de bom grado, por uma quantia modesta, entreguei a única filha virgem para ser a prostituta e o único amor do seu filho? — Usou com cuidado as palavras em inglês, tendo sido treinado durante horas pela filha Lily, para poder pronunciá-las direito. — Por todos os deuses, protegemos o seu grande nome sem cobrar nada! Quando fomos buscar o corpo da minha pobre filha, não contamos nada à polícia mortífera que deseja, oh ko, é, que deseja saber quem é o autor da carta para poder prender os Lobisomens! Que todos os deuses maldigam aqueles cruéis filhos da puta! Quatro jornais chineses já não ofereceram recompensas pelo nome do autor, heya? Não é justo que eu lhe ofereça as cartas antes de reclamar a recompensa dos jornais, heya?

Pacientemente, escutara a enxurrada de xingamentos que dera início às negociações. Diversas vezes os dois lados haviam fingido que iam desligar, mas nenhum deles interrompeu a barganha. Finalmente, ficou decidido que, se uma fotocópia de uma das outras cartas fosse enviada para o Chen da Casa Nobre como prova de que ela, e as outras, não eram falsificações, então "pode ser, Honorável Su, que as outras cartas — e esta — valham uma quantia muito modesta de Graxa Fragrante".

Chu Nove Quilates ria baixinho consigo mesmo. "Ah, sim", pensou, satisfeito, "o Chen da Casa Nobre vai pagar regiamente, especialmente quando ler as partes sobre si próprio. Ah, se elas fossem publicadas, certamente ele seria levado ao ridículo diante de toda a Hong Kong, e desmoralizado para sempre. Bem, quanto será que devo acei..."

Uma enorme zoeira repentina cercou-o e ele quase caiu. Seu coração começou a bater com força, a respiração tornou-se difícil. Agarrou-se à cerca e tentou enxergar o totalizador distante.

— Quem... quais são os números? — perguntou, guin-chando por sobre a barulheira e puxando a roupa dos vizinhos. — Os números, diga-me os números!

— O ganhador é o 8, Buccaneer, o capão da Casa Nobre. Ayeeyah, não está vendo o tai-pan levando-o agora para o círculo do vencedor? Buccaneer está pagando 7 por 1.

— O segundo? Quem foi o segundo cavalo?

— Número 5, Winsome Lady, 3 por 1 no placê... O que é, velho, está passando mal?

— Não... não... — retrucou Chu Nove Quilates, e foi se afastando debilmente, tateando. Finalmente, encontrou um pequeno trecho de concreto vazio, abriu o programa de corridas em cima do concreto molhado, e se sentou, a cabeça apoiada nos joelhos e braços, levado ao êxtase de ter ganho a primeira parte da loteria. "Oh, oh, oh! E agora, nada a fazer exceto esperar, e se o tempo da espera for longo demais, usarei mais um pouco do Pó Branco, e ainda me sobrará uma última porção para poder agüentar o trabalho de logo mais à noite. Agora, todos os deuses, concentrem-se! A primeira parte foi ganha pela minha própria argúcia. Por favor, concentrem-se no quinto! Números 7 e 1! Que todos os deuses se concentrem..."

Junto do círculo do vencedor, os administradores, proprietários e funcionários se aglomeravam. Dunross interceptara o seu cavalo e felicitava o jóquei. Buccaneer fizera uma bela corrida, e agora, enquanto conduzia o capão para o círculo do vencedor em meio à nova explosão de vivas e parabéns, ele manteve a sua exuberância deliberadamente franca. Queria deixar que o mundo visse o seu prazer e a sua confiança, consciente de que ter vencido aquela corrida era um imenso presságio, acima e além da vitória, em si. O presságio seria dobrado e triplicado se vencesse com Noble Star. Dois cavalos na loteria dupla sem dúvida dariam "um tranco" em Gornt e seus aliados. E se Murtagh obtivesse êxito ou se Tiptop mantivesse a promessa de trocar o dinheiro por Brian Kwok ou se Pão-Duro ou Lando ou Quatro Dedos...

— Ei, sr. Dunross, parabéns!

Dunross lançou um olhar à multidão junto à cerca.

— Oh, alô, sr. Choy — falou, reconhecendo o Sétimo Filho de Wu Quatro Dedos, para todos os efeitos seu sobrinho. Acercou-se dele e apertou-lhe a mão. — Apostou no vencedor?

— Claro, senhor, estou com a Casa Nobre em todas! Jogamos na loteria dupla, meu tio e eu. Acabamos de ganhar a primeira parte, 5 e 8, e apostamos no 7 e no 8 no quinto páreo. Ele apostou dez mil e eu o salário de uma semana!

— Então, vamos torcer para ganhar, sr. Choy.

— Estamos aí, tai-pan — disse o rapaz, naquela sua familiaridade americana.

Dunross sorriu e caminhou ao encontro de Travkin.

— Tem certeza de que Johnny Moore não pode montar Noble Star? Não quero Tom Wong.

— Já lhe disse, tai-pan, Johnny está pior do que um cossaco bêbado.

— Preciso da vitória. Noble Star tem que vencer. Travkin viu Dunross olhar para Buccaneer, com ar especulativo.

— Não, tai-pan, por favor, não monte Noble Star. A pista está ruim, muito ruim e perigosa, e vai ficar pior à medida que a grama for sendo danificada. Khristos! Imagino que isso só vai fazer com que o senhor fique com mais vontade de montá-la.

— Meu futuro pode depender desse páreo... e o prestígio da Casa Nobre.

— Eu sei. — Com raiva, o russo castigado pelo tempo bateu com o rebenque que carregava perpetuamente contra as velhas calças de montaria, lustrosas com o uso. — E sei que o senhor é melhor que todos os outros jóqueis, mas aquela grama é um perigo...

— Não confio em ninguém para isso, Aleksei. Não posso me dar ao luxo de nenhum erro. — Dunross baixou a voz. — O primeiro páreo foi arranjado?

Travkin devolveu-lhe o olhar, serenamente.

— Os cavalos não foram dopados, tai-pan. Não ao que eu saiba. O médico da polícia apavorou bastante os que poderiam sentir-se tentados.

— Ótimo. Mas foi arranjado?

— O páreo não era meu, tai-pan. Só me interessam os meus cavalos e os meus páreos. Nem assisti a ele.

— Muito conveniente, Aleksei. Parece que nenhum dos outros treinadores também viu.

— Escute, tai-pan. Tenho um jóquei para o senhor. Eu. Vou montar Noble Star.

Os olhos de Dunross se estreitaram. Lançou um olhar para o céu. Estava mais escuro do que antes. "Logo vai chover", pensou, "e há muito para ser feito antes da chuva. Eu ou Aleksei? As pernas de Aleksei são boas, suas mãos, as melhores, sua experiência, imensa. Mas ele pensa mais no cavalo do que na vitória."

— Vou pensar no assunto — disse. — Decidirei depois do quarto páreo.

— Eu vou ganhar — disse o homem mais velho, desesperado pela oportunidade de livrar-se do acordo que fizera com Suslev. — Gajiho nem que tenha que matar Noble Star.

— Não é preciso fazer isso, Aleksei. Gosto muito daquela égua.

— Tai-pan, escute, preciso de um favor seu. Estou com um problema. Posso vê-lo hoje à noite, ou domingo, domingo ou segunda à noite, digamos no Sinclair Towers?