— Por que Iá?
— Fizemos nosso acordo Iá, gostaria de conversar Iá. Mas, se não der, no dia seguinte.
— Vai nos deixar?
— Ah, não, não é preciso. Se tiver tempo. Por favor.
— Está certo, mas não pode ser hoje, nem domingo ou segunda. Vou para Taipé. Posso encontrá-lo na terça às dez da noite. Está bem?
— Ótimo, terça está ótimo. Obrigado.
— Volto para cá depois do próximo páreo.
Aleksei ficou olhando o tai-pan dirigir-se para os elevadores. Estava à beira das lágrimas, uma imensa afeição por Dunross a dominá-lo.
Seus olhos se voltaram para Suslev, que estava nas tribunas gerais, ali perto. Tentando aparentar naturalidade, levantou o número de dedos combinado: um para hoje à noite, dois para domingo, três para segunda, quatro para terça. Tinha uma visão muito boa, e viu que Suslev acusava o recebimento do sinal. "Matieriebiets", pensou. "Traidor da Mãe Rússia e de todos nós, russos, você e todos os seus irmãos do KGB! Maldigo-os em nome de Deus, por mim e por todos os russos, se a verdade for conhecida.
"Deixe pra Iá! Vou montar Noble Star", disse com seus botões, sombriamente, "de uma maneira ou de outra."
Dunross entrou no elevador em meio a mais cumprimentos e muita inveja. No andar mais alto, Gavallan e Jacques esperavam por ele.
— Tudo pronto? — perguntou.
— Sim — respondeu Gavallan. — Gornt está Iá, e os outros que você queria. Qual é o problema?
— Venha comigo que você vai ver. A propósito, Andrew, vou fazer uma troca entre Jacques e David MacStruan. Jacques assumirá o Canadá por um ano, David...
O rosto de Jacques se iluminou.
— Oh, obrigado, tai-pan. É, muito obrigado. Tornarei o Canadá muito lucrativo, prometo-lhe.
— E quanto à mudança em si? — perguntou Gavallan.
— Quer que o Jacques vá para Iá primeiro ou que o David venha para cá?
— Ele chega na segunda. Jacques, passe tudo para o David. Na semana que vem, vocês dois podem ir juntos para o Canadá, durante umas duas semanas. Vá via França, ouviu? Apanhe Susanne e Avril, a essa altura ela deverá estar bem. Não há nada urgente no Canadá, no momento... aqui é mais urgente.
— Oh, sim, ma foi! Sim, sim, obrigado, tai-pan.
— Será bom ver o velho David — disse Gavallan.
Gostava muito de David MacStruan, mas ainda se perguntava o porquê da troca, e se isso significava que Jacques estava fora do páreo para herdar o manto do tai-pan, e David no páreo, e sua própria posição modificada, modificando-se ou ameaçada... se é que ia haver alguma coisa para se herdar, depois da segunda-feira. E quanto a Kathy?
"Joss", disse consigo mesmo. "O que tiver que ser, será. Ah, que tudo vá à merda!"
— Vocês dois vão na frente — disse Dunross. — Vou buscar o Phillip.
Entrou no reservado dos Chens. Seguindo um antigo costume, o representante nativo da Casa Nobre era automaticamente um dos administradores. "Talvez pelo último ano", pensou Dunross, sombriamente. "Se Phillip não me aparecer com ajuda sob a forma de Wu Quatro Dedos, Lando Mata, Pão-Duro ou alguma coisa tangível até a meia-noite de segunda, está cortado."
— Alô, Phillip — disse, com voz amável, cumprimentando os outros convidados na tribuna lotada. — Está pronto?
— Ah, sim, estou, tai-pan. — Phillip Chen envelhecera.
— Parabéns pela vitória.
— É, tai-pan, um presságio maravilhoso... estamos todos torcendo pelo quinto! — exclamou Dianne Chen, esforçando-se igualmente por ocultar sua apreensão, Kevin ao seu lado, fazendo-lhe eco.
— Obrigado — retrucou Dunross, certo de que Phillip Chen lhe havia falado do seu encontro. Ela usava um chapéu com penas de ave-do-paraíso e jóias em excesso.
— Champanha, tai-pan?
— Não, obrigado, quem sabe mais tarde. Desculpe, Dianne, preciso pedir o Phillip emprestado por um ou dois momentos. Não vai demorar.
No corredor, deteve-se um instante.
— Alguma novidade, Phillip?
— Eu... falei com todos... todos eles. Vão se reunir amanhã de manhã.
— Onde? Em Macau?
— Não, aqui. — Phillip Chen baixou ainda mais a voz. — Lamento toda... toda a confusão que meu filho causou... é, lamento muito — disse, com sinceridade.
— Aceito suas desculpas. Se não tivesse sido pelo seu descuido e traição, jamais nos teríamos tornado tão vulneráveis. Santo Deus, se o Gornt puser as mãos nos nossos balanços gerais e estruturas da companhia, estamos num mato sem cachorro.
— Tive... tive uma idéia, tai-pan, de como salvar a nossa... de como salvar a Casa. Depois das corridas, será que pode me dar... um tempinho, por favor?
— Virá para o coquetel hoje à noite? Com Dianne?
— Sim, se... sim, por favor. Posso levar o Kevin? Dunross sorriu fugazmente consigo mesmo. O futuro herdeiro, oficialmente e tão depressa. Carma.
— Pode. Vamos indo.
— Do que se trata, tai-pan?
— Vai ver. Por favor, não diga nada, não faça nada, apenas aceite... com grande confiança... que faz parte do pacote, e quando eu partir siga-me, espalhe as boas-novas e a alegria. Se falharmos, a Casa de Chen falhará primeiro, haja o que houver!
Entrou na tribuna particular de McBride. Mais cumprimentos imediatos, e muitos dizendo que tinha sido uma grande sorte.
— Santo Deus, tai-pan — disse McBride —, se Noble Star vencer o quinto páreo, não será uma maravilha?!
— Pilot Fish vai derrotar Noble Star — falou Gornt, cheio de confiança. Estava no bar com Jason Plumm, tomando uma bebida. — Aposto dez mil como ele terminará a corrida na frente da sua égua.
— Fechado — disse Dunross imediatamente. Houve vivas e vaias dos trinta e tantos convidados, e mais uma vez Bartlett e Casey, que, por combinação prévia com Dunross, haviam entrado no reservado ostensivamente, há alguns minutos, para bater papo com Peter Marlowe, ficaram intimamente abalados com o ar festivo e a confiança exuberante de Dunross.
— Como vai passando, Dunstan? — perguntou Dunross. Não prestou atenção a Casey ou Bartlett, concentrando-se no grandalhão rosado, que estava mais rosado do que de costume, um conhaque duplo nas mãos.
— Muito bem, obrigado, Ian. Acertei o primeiro, e Buccaneer... ganhei uma nota com Buccaneer, mas minha maldita loteria já foi pro brejo. Lucky Court me deixou na mão.
O aposento era do mesmo tamanho que a tribuna particular da Struan, mas não tão bem decorado quanto aquela, embora igualmente cheio de grande parte da elite de Hong Kong, algumas das pessoas convidadas para Iá há um momento por Gavallan e McBride, ou por Dunross. Lando Mata, Holdbrook — o corretor da Struan na Bolsa —, Sir Luís Basílio — diretor da Bolsa de Valores —, Johnjohn, Havergill, Southerby — presidente da junta diretora do Blacs —, Richard Kwang, Pugmire, Biltzmann, Sir Dunstan Barre, o jovem Martin Haply, do China Guardian. E Gornt. Dunross olhou para ele.
— Também acertou o vencedor do último páreo?
— Não, não simpatizei com nenhum dos cavalos. Do que se trata, Ian? — perguntou Gornt, e a atenção de todos se concentrou. — Quer fazer algum comunicado?
— Quero, e como gesto de cortesia achei que você devia saber, juntamente com os outros vips. — Dunross virou-se para Pugmire. — Pug, a Casa Nobre está contestando formalmente a compra do controle acionário pela American Superfoods da sua Hong Kong General Stores.
Fez-se um vasto silêncio e todos o fitaram. Pugmire estava branco.
— Como?
— Estamos oferecendo cinco dólares a mais por ação do que a Superfoods, e ainda vamos superar a oferta deles oferecendo trinta por cento em dinheiro e setenta por cento em ações, tudo dentro de trinta dias!
— Ficou maluco? — explodiu Pug. "Não sondei todo mundo antes", teve vontade de gritar, "inclusive você? Todos vocês não aprovaram, ou pelo menos evitaram desaprovar? Não é assim que se faz por aqui, Deus do céu?... bate-papos particulares no Clube, aqui nas corridas, em jantares íntimos, ou seja Iá o que for?" — Não pode fazer isso — murmurou.