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— Já fiz — disse Dunross.

— Tudo o que fez, Ian, foi fazer um comunicado — disse Gornt asperamente. — Como vai pagar? Em trinta ou trezentos dias?

Dunross simplesmente olhou para ele.

— Os lances são públicos. Completamos em trinta dias. Pug, receberá os documentos oficiais até as nove e meia de segunda-feira, com uma entrada em dinheiro para consolidar a proposta.

Momentaneamente, a voz dele foi abafada quando os outros começaram a falar, fazendo perguntas, todos imediatamente preocupados com a maneira pela qual aquele acontecimento espantoso os afetaria pessoalmente. Ninguém jamais contestara anteriormente uma compra de controle pré-combinada. Johnjohn e Havergill ficaram furiosos porque a coisa fora feita sem que fossem consultados, e o outro banqueiro, Southerby, do Blacs, que estava "bancando" a compra do controle pela Superfoods, ficou igualmente aborrecido por ter sido pego de surpresa. Mas todos os banqueiros, até mesmo Richard Kwang, estavam avaliando as possibilidades, pois se o mercado de valores estivesse normal, e as ações da Struan no seu nível normal, a proposta da Struan poderia ser muito boa para os dois lados. Todos sabiam que a gerência da Struan poderia revitalizar a rica mas estagnada hong, e a aquisição fortaleceria inco-mensuravelmente a Casa Nobre, elevaria seu lucro bruto do ano em pelo menos vinte por cento, e naturalmente aumentaria os seus dividendos. Para coroar tudo isso, a compra de controle manteria todos os lucros em Hong Kong, e faria com que não escoassem para as mãos de um estranho. Especialmente Biltzmann.

"Oh, meu Deus", pensava Barre, com grande admiração e não sem um pouco de inveja, "imagine o Ian fazer a oferta aqui, em público, num sábado, sem ter sequer havido um murmúrio de que estava meditando o inimaginável, sem nada que nos desse um vislumbre que nos permitisse comprar em baixa discretamente na semana passada, para ganhar uma fortuna com um único telefonema; que idéia brilhante! Claro que as ações da General Stores do Pug vão subir vertiginosamente logo na segunda de manhã. Mas, que diabos, como foi que o Ian e o Havergill esconderam isso? Pombas, eu podia ter ganho uma nota preta se tivesse sabido. Talvez ainda possa! Sem dúvida os boatos sobre o Victoria não estar apoiando a Struan não passam de papo furado..."

"Espere aí", estava pensando Sir Luís Basílio, "não compramos um bloco imenso de ações da General Stores na semana passada para um representante de um comprador? Santo Deus, será que o tai-pan nos passou a perna em todos? Mas, minha Nossa Senhora, espere aí, e quanto à corrida às ações dele, e quanto ao colapso do mercado, e quanto ao dinheiro que terá que apresentar para confirmar a oferta, e quanto a..."

Até mesmo Gornt conjecturava, cheio de ódio por não ter pensado naquilo primeiro. Sabia que a proposta era boa, perfeita, na verdade, e que não podia fazer uma melhor, não no momento. "Mas, afinal, o Ian não pode completar. Não há meio de..."

— Podemos publicar isso, tai-pan? — perguntou a voa incisiva e canadense de Martin Haply, em meio à agitação.

— Sem dúvida, sr. Haply.

— Posso fazer algumas perguntas?

— Depende de quais sejam — disse Dunross, serenamente. Olhando-o nos penetrantes olhos castanhos, sentiu-se sombriamente divertido. "Bem que podíamos usar um filho da mãe bastante safado na família... se pudéssemos confiar-lhe a Adryon." — O que está querendo saber?

— Esta é a primeira vez que se contesta uma compra de controle acionário. Posso perguntar-lhe por que o está fazendo justo agora?

— A Struan sempre foi inovadora. Quanto à hora escolhida, consideramo-la perfeita.

— Considera que este sábado... Biltzmann interrompeu asperamente.

— Fizemos um negócio. Foi fechado. — Virou-se bruscamente para Pugmire. — Não é, Dickie?

— Estava fechado, sr. Biltzmann — retrucou Dunross, vivamente. — Mas nós estamos contestando a sua oferta, como é feito nos Estados Unidos, segundo as regras americanas. Suponho que não se importe com isso. Claro que aqui somos amadores, mas gostamos de tentar aprender com os nossos pares. Até a assembléia dos acionistas, nada é definitivo. É a lei, não é?

— É, mas... mas estava fechado! — O homem alto e grisalho virou-se para Pugmire, mal conseguindo falar de tão zangado. — Você falou que estava tudo resolvido.

— Bem, os diretores tinham concordado -— falou Pugmire, sem jeito, consciente de que todos lhe prestavam atenção, especialmente Haply, metade dele radiante com a oferta muito melhor, a outra furiosa porque também ele não soubera de nada com antecedência, para poder ter comprado maciçamente. — Mas... bem... claro que o negócio tem que ser ratificado pelos acionistas na assembléia de sexta-feira. Não tínhamos idéia de que haveria... Bem, Ian, Chuck, não acham que aqui não é exatamente o lugar para se discutir...

— Concordo — disse o tai-pan. — Mas, no momento, não há muito o que discutir. A oferta foi feita. A propósito, Pug, seu acordo está de pé, exceto que será ampliado de cinco para sete anos, com um lugar na diretoria da Struan pelo mesmo período.

O queixo de Pugmire caiu.

— Isso faz parte da oferta?

— Naturalmente precisaríamos dos seus conhecimentos e perícia — disse Dunross, delicadamente, e todos souberam que Pug estava "no papo". — O resto do pacote está de pé, exatamente como foi negociado por você e pela Superfoods. Os papéis estarão na sua mesa até nove e meia. Talvez queira apresentar a nossa proposta aos seus acionistas, na sexta-feira.

— Dirigiu-se a Biltzmann e estendeu a mão. — Boa sorte. Imagino que fará prontamente uma contraproposta.

— Bem, eu... terei que consultar a matriz, sr.... tai-pan.

— Biltzmann estava afogueado e zangado. — Nós... fizemos a nossa melhor oferta e... sua oferta foi excelente. É. Mas com a corrida às suas ações, a corrida aos bancos, e o mercado em baixa, vai ser um negócio bem difícil de fechar, não é?

— Absolutamente, sr. Biltzmann — disse Dunross, arriscando tudo na certeza de que Bartlett não voltaria atrás na sua promessa do dinheiro, de que ele fecharia com a Par-Con, livrar-se-ia de Gornt e colocaria suas ações no seu lugar de direito até o fim da semana seguinte. — Podemos fechar sem nenhuma dificuldade.

A voz de Biltzmann tornou-se mais cortante.

— Dickie, acho melhor considerar cuidadosamente a nossa proposta. É válida até terça-feira — disse, confiando em que, na terça-feira, a Struan estaria aos pedaços. — Agora, vou fazer uma aposta no próximo páreo.

Saiu, em largas passadas. A tensão na tribuna subiu vários decibéis.

Todos começaram a falar, mas Haply ergueu a voz:

— Tai-pan, posso lhe fazer uma pergunta? Todas as atenções concentraram-se nele.

— Qual?

— Sei que é costume, nos casos de compra de controle, dar-se um sinal em dinheiro, como prova de boa fé. Posso perguntar-lhe qual a quantia que a Struan dará?

Todos esperaram, com a respiração presa, observando Dunross. Ele manteve a pausa, os olhos percorrendo os rostos, curtindo a emoção, sabendo que todos o queriam humilhado, quase todos, exceto... exceto quem? Casey, por exemplo, embora estivesse por dentro. Bartlett? Não sabia, não com certeza. Claudia? Ah, sim, Claudia fitava-o, o rosto sem cor. Donald McBride, Gavallan, até mesmo Jacques. Seus olhos se detiveram em Martin Haply.

— Talvez o sr. Pugmire prefira que esse detalhe lhe seja fornecido em particular — falou, dando-lhes corda. — Não é, Pug?

Gornt interrompeu Pugmire, e falou, desafiador:

— Ian, já que decidiu ser heterodoxo, por que não tornar tudo público? O sinal que se dá mede o valor da proposta. Não é?

— Não. Na verdade, não. — Dunross ouviu o vozerio distante e abafado que indicava a largada do terceiro páreo, e teve certeza, olhando os rostos, de que mais ninguém o ouvira, além dele. — Está bem, vá Iá — disse, despreocupadamente.