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— Como vão as coisas? — dizia Banastasio.

— Bem. E com você?

— Ótimas. — Banastasio bebericava uma Coca-Cola, depois estendeu a mão e ligou um pequeno gravador. Dele saiu uma confusão de vozes, o tipo de ruído de fundo que se ouve num coquetel movimentado. — Só um hábito, quando quero falar em particular — disse ele, suavemente, dirigindo-se aos dois.

— Acha que colocaram escuta neste lugar? — indagou Bartlett, espantado.

— Talvez sim, talvez não. Nunca se sabe quem poderia estar escutando, não é?

Bartlett olhou para Casey, depois de novo para Banastasio.

— O que é que há, Vincenzo? Banastasio sorriu.

— Como vai a Par-Con? — perguntou o homem.

— Como sempre... ótima — falou Bartlett. — Nosso índice de crescimento será maior do que o previsto.

— Sete por cento maior — acrescentou Casey, todos os seus sentidos igualmente aguçados.

— Vai fechar com a Struan ou com a Rothwell-Gornt?

— Ainda estamos estudando. — Bartlett disfarçou sua surpresa. — Isso não é uma coisa nova para você, Vincenzo? Perguntar sobre os negócios antes de acontecerem?

— Vai fechar com a Struan ou a Rothwell-Gornt? Bartlett notou os olhos frios e o estranho sorriso ameaçador. Casey estava igualmente chocada.

— Quando o negócio estiver fechado, direi a você. Na mesma época em que disser aos outros acionistas.

O sorriso não mudou. Os olhos tornaram-se mais frios.

— Os rapazes e eu gostaríamos de nos envolver...

— Que rapazes? Banastasio soltou um suspiro.

— Temos um bocado de grana na Par-Con, Linc, e agora gostaríamos de participar de algumas decisões importantes. Achamos que eu devia ter um lugar na diretoria. No comitê de finanças e no comitê de novas aquisições.

Bartlett e Casey o fitaram, espantados.

— Isso nunca fez parte do acordo de compra das ações

— disse Bartlett. — Você sempre falou que era apenas um investimento.

— É verdade — disse Casey, e sua voz soava fina aos seus ouvidos. — Você escreveu para nós que era apenas um investidor e...

— Os tempos mudaram, mocinha. Agora queremos participar. Sacou? — A voz do homem era dura. — Apenas um voto, Linc. Com essa quantidade de ações na General Motors, eu teria direito a dois votos na junta diretora.

— Não somos a General Motors.

— Claro, claro, sabemos disso. Mas o que queremos não é absurdo. Queremos que a Par-Con cresça mais depressa. Talvez eu possa...

— Está crescendo muito bem. Não acha que seria melhor...

Banastasio voltou a fixar o seu olhar gelado nela. Casey se interrompeu. Bartlett começou a cerrar os punhos, mas man-teve-os imóveis. Cuidadosamente.

— Está acertado — falou Banastasio. O sorriso voltou.

— Faço parte da diretoria a partir de hoje, certo?

— Errado. Os diretores são eleitos pelos acionistas na assembléia geral anual — disse Bartlett, com aspereza. — Não antes. Não há vaga.

— Talvez haja — riu Banastasio.

— Quer repetir isso? Abruptamente, Banastasio ficou duro.

— Escute, Linc, não é uma ameaça, apenas uma possibilidade. Posso ser útil na junta diretora. Tenho ligações. E quero dar os meus palpites sobre uma coisa ou outra.

— Por exemplo?

— Transações. Por exemplo, a Par-Con vai fechar com o Gornt.

— E se eu não concordar?

— Um cutucãozinho da nossa parte, e o Dunross estará na rua da amargura. O Gornt é o nosso homem, Linc. Fizemos as nossas verificações, e ele é o homem.

Bartlett se pôs de pé, Casey o imitou, os joelhos moles. Banastasio não se mexeu.

— Vou pensar sobre tudo isso — disse Bartlett. — No momento, ainda estou indeciso se fechamos com um ou com o outro.

— O quê? — falou Banastasio, apertando os olhos.

— Não estou convencido de que qualquer dos dois seja bom para nós. Certo, Casey?

— Sim, Linc.

— O meu voto diz que é o Gornt. Sacou?

— Vá se foder — disse Bartlett, virando-se para se retirar.

— Um momento! — Banastasio se levantou e se aproximou mais. — Ninguém quer mais encrenca, nem eu, nem os rapazes, nem...

— Que rapazes?

O outro homem soltou novo suspiro.

— Qual é, Linc? Você é maior de idade. Teve a sua moleza. Não queremos criar caso, só ganhar dinheiro.

— Temos isso em comum. Recompraremos suas ações e lhe daremos um lucro de...

— Nada feito. Não estão à venda. — Outro suspiro. — Compramos quando você precisava da grana. Pagamos um preço justo, e você usou a nossa grana para se expandir. Agora queremos participar da ação executiva. Sacou?

— Apresentarei a proposta aos acionistas na assembléia anual...

— Puta que o pariu, agora!

— Puta que o pariu, não! — Bartlett estava pronto, e muito perigoso. — Sacou?

Banastasio olhou para Casey, os olhos parecendo os de um réptil.

— Você também vota com ele, srta. vice-presidente executiva e tesoureira?

— Voto — disse ela, surpresa por sua voz soar tão firme. — Nenhum lugar na junta diretora, sr. Banastasio. Se houver votação, as minhas ações serão contra o senhor, e totalmente contra Gornt.

— Quando obtivermos o controle, você será despedida.

— Quando vocês obtiverem o controle, eu já terei ido embora.

Casey caminhou para a porta, espantada ao ver que as pernas lhe obedeciam.

Bartlett ficou parado diante do outro homem, em guarda.

— Até qualquer hora — falou.

— É melhor mudar de idéia!

— É melhor deixar de se meter na Par-Con! Bartlett virou-se e seguiu Casey para fora do aposento.

— Meu Deus! — murmurou, quando chegaram ao elevador.

— É — concordou ela, igualmente desalentada.

— É melhor nós... termos uma conversa.

— Claro. Acho que preciso de uma bebida. Pombas, Linc, aquele homem me apavorou. Nunca me senti tão assustada em toda a minha vida. — Sacudiu a cabeça, como que para desanuviá-la. — Parece que foi um maldito pesadelo.

No bar do último andar, ela pediu um martíni e ele, uma cerveja; quando as bebidas haviam sido consumidas em silêncio, ele pediu outra rodada. O tempo todo a cabeça deles tinha estado funcionando, peneirando, jogando fatos contra teorias, mudando as teorias.

Bartlett mudou de posição na cadeira. Ela olhou para ele.

— Está pronto para o que penso? — perguntou.

— Claro, claro, Casey, pode falar.

— Sempre houve um boato de que ele era da Máfia, ou ligado à Máfia, e depois da nossa conversinha eu diria que isso é mais do que provável. A Máfia nos faz pensar em narcóticos e todo tipo de coisas ruins. Teoria: quem sabe também em armas?

As ruguinhas ao redor dos olhos de Bartlett se aprofundaram.

— Também cheguei a essa conclusão. O que mais?

— Fato: se o Banastasio tem medo de que possam ter posto escuta no quarto dele, isso nos faz pensar em vigilância. O que significa FBI.

— Ou CIA.

— Ou CIA. Fato: se ele é da Máfia, e a CIA ou o FBI estão envolvidos, estamos num jogo em que não temos direito de estar, sem outra alternativa senão sair. Bem, e quanto ao que ele quer...

Casey se interrompeu, soltando uma exclamação abafada.

— O que foi?

— Acabo... acabo de me lembrar. Rosemont. Lembra-se dele, da festa? Stanley Rosemont, o sujeito alto, grisalho e bonitão do consulado? Encontramo-nos ontem nas barcas, à tarde. Por acaso. Pode ser que seja coincidência, pode ser que não, mas ele trouxe o nome do Banastasio à baila. Falou que o amigo dele, Ed qualquer coisa, também do consulado, conhecia-o ligeiramente... e quando eu falei que ele chegava hoje, teve um sobressalto. — Ela recordou a conversa deles. — Não dei grande importância ao caso na hora... mas o consulado e o que ele falou só podem significar CIA.