— Tem que ser. Claro. E se... — Bartlett também se interrompeu. — Agora estou me lembrando de que o Ian também falou no Banastasio, sem mais nem menos. Terça-feira, no saguão, quando você estava falando ao telefone, pouco antes de irmos para a caíxa-forte, ver o ouro.
Depois de uma pausa, ela disse:
— Parece que estamos atolados na merda! Fato: temos um assassinato, seqüestro, armas, Banastasio, Máfia, John Chen. Por falar nisso, John Chen e Tsu-yan eram amigos daquele vagabundo. — Os olhos dela se arregalaram. — Banastasio e a morte de John Chen. Haverá alguma ligação? Pelo que disseram os jornais, os Lobisomens não parecem chineses... o negócio da orelha. É muito brutal.
Bartlett sorvia a sua cerveja, imerso em pensamentos.
— Gornt? E quanto ao Gornt? Por que o Banastasio quer o Gornt, e não a Struan?
— Não sei.
— Que tal este motivo, Casey? Digamos que o objetivo final de Banastasio seja armas, narcóticos, ou as duas coisas. Ambas as companhias seriam boas para ele. A Struan tem navios e, no aeroporto, um imenso complexo que domina as cargas que saem e que chegam, excelente para contrabando. Gornt também tem navios e desembarcadouros. E tem a Ail Ásia Airways. Uma ligação com a linha auxiliar mais importante da Ásia lhe daria (lhes daria) aquilo de que necessitam. A linha aérea vai para Bangkok, índia, Vietnam, Camboja, Japão... para todo canto!
— E aqui faz conexão com a Pan Arn, twa, jal e todos os locais a leste, oeste, norte e sul! E se ajudarmos Gornt a esmagar a Struan, as duas companhias juntas lhe darão tudo.
— Bem, então estamos de volta à pergunta cruciaclass="underline" o que vamos fazer? — indagou Bartlett.
— Não dá para esperar para ver como é que fica? A disputa Struan-Gornt terá sido resolvida no máximo até a semana que vem.
— Para essa escaramuça, precisamos de informações... e das forças de contra-ataque corretas. Armas diferentes, armas grandes, armas que não possuímos. — Bebeu a sua cerveja, cada vez mais pensativo. — E melhor arranjarmos conselhos de alto nível. E ajuda. Depressa. Armstrong e os tiras ingleses... ou Rosemont e a CIA.
— Ou ambos?
— Ou ambos.
Dunross saltou do Daimler e entrou apressadamente no QG da polícia.
— Boa noite, senhor — disse o jovem inspetor australiano de serviço na recepção. — Lamento que tenha perdido o quinto... ouvi dizer que Bluey White foi repreendido por interferência. Não se pode confiar num maldito australiano, não é?
Dunross sorriu.
— Ele venceu, inspetor. Os administradores decidiram que o páreo foi ganho honestamente. Tenho hora marcada com o sr. Crosse.
— Sim, senhor, mas honestamente, uma ova! Ultimo andar, terceira sala à esquerda. Boa sorte no sábado que vem, senhor.
Crosse veio recebê-lo no último andar.
— Boa noite! Vamos entrando. Quer beber alguma coisa?
— Não, obrigado. Gentileza sua me receber imediatamente. Boa noite, sr. Sinders.
Apertaram-se as mãos. Dunross jamais estivera antes no escritório de Crosse. As paredes pareciam insípidas como o próprio homem, e quando a porta se fechou atrás dos três homens, a atmosfera pareceu ficar ainda mais abafada.
— Por favor, sente-se — disse Crosse. — Uma pena que Noble Star... ambos apostáramos nela.
— Ela vale outra tentativa no sábado.
— Vai montá-la?
— Você não o faria? Os dois homens sorriram.
— O que podemos fazer por você? — indagou Crosse. Dunross concentrou toda a sua atenção em Sinders.
— Não posso lhe dar novas pastas... não posso fazer o impossível. Mas posso lhe dar algo... ainda não sei o quê, mas acabo de receber um pacote de Alan M. Grant.
Os dois homens se sobressai taram. Sinders perguntou:
— Por mensageiro? Dunross hesitou.
— Por mensageiro. Agora, por favor, nada de perguntas, até que eu tenha acabado.
Sinders acendeu o cachimbo e soltou uma risadinha abafada.
— Típico do Alan ter um ás na manga, Roger. Ele sempre foi esperto, o danado. Desculpe, por favor, continue.
— A mensagem de Alan dizia que a informação era importantíssima, e devia apenas ser transmitida ao primeiro-ministro, pessoalmente, ou ao atual chefe da MI-6, Edward Sinders, segundo a minha conveniência... e se eu considerasse de boa política. — No silêncio mortal, Dunross inspirou fundo. — Já que vocês compreendem as permutas, vou fazer a troca com o senhor, diretamente, secretamente, na presença do governador, sozinho, de seja Iá o que for que tenho para trocar. Sua parte é permitir que Brian Kwok seja libertado e cruze a fronteira, se o quiser, para podermos negociar com Tiptop.
O silêncio tornou-se mais denso. Sinders tirava baforadas do seu cachimbo. Lançou um olhar para Crosse.
— Roger?
Roger Crosse estava pensando na informação... o que seria tão importante para ser transmitido apenas ao Sinders ou ao primeiro-ministro?
— Acho que deveria considerar a proposta do Ian — disse, suavemente. — Com calma.
— Nada de calma — retrucou Dunross, vivamente. — O dinheiro é urgente, e a libertação dele é obviamente considerada urgente. Não podemos passar de segunda às dez horas, quando os ban...
— Quem sabe Tiptop e o dinheiro não entrem absolutamente na equação — interrompeu Sinders, a voz deliberadamente irritada. — Para o sei ou o MI-6, não importa a mínima que Hong Kong inteira apodreça. Tem alguma idéia do valor que um superintendente do sei, especialmente um homem com as qualificações e a experiência de Brian Kwok, pode ter para o inimigo, se de fato Brian Kwok está detido como você imagina e esse Tiptop alega? Já levou em consideração, também, o valor das informações que um tal traidor inimigo nos poderia dar sobre seus contatos, e o quanto eles poderiam ser importantes para todo o reino?
— Essa é a sua resposta?
— Foi a sra. Gresserhoff quem lhe trouxe o pacote em mãos?
— Está preparado para negociar?
— Quem é essa Gresserhoff? — perguntou Crosse, com irritação.
— Não sei — falou Sinders. — Só sei que recebeu o segundo telefonema do assistente de Alan, Kiernan, e sumiu.
Estamos tentando localizá-la com a ajuda da polícia suíça. — Sua boca sorriu para Dunross. — A sra. Gresserhoff lhe entregou o pacote?
— Não — replicou Dunross. "Não estou realmente mentindo", falou com seus botões. "Foi Riko Anjin."
— Quem foi?
— Eu lhe direi depois que tivermos concluído nosso acordo.
— Nada feito — disse Crosse. Dunross começou a se levantar.
— Só um momentinho, Roger — disse Sinders, e Dunross voltou a sentar-se. O sujeito da MI-6 bateu com o cabo do cachimbo contra os dentes manchados de fumo. Dunross manteve a fisionomia impassível, sabendo que estava diante de peritos.
Finalmente, Sinders falou:
— Sr. Dunross, está preparado para jurar formalmente sob as condições de perjúrio da Lei dos Segredos Oficiais que não está de posse das pastas originais de Alan?
— Sim — falou Dunross prontamente, agora preparado para torcer a verdade... Alan sempre ficara de posse dos originais, e sempre lhe enviara uma cópia. Se e quando tivesse que fazer um juramento formal, aí já seria outra história. — E agora?
— Segunda-feira seria impossível.
— Impossível porque Brian está sendo interrogado? — perguntou Dunross, olhos fitos em Sinders.
— Qualquer agente inimigo capturado seria interrogado imediatamente, é claro.
— E Brian vai ser um osso duro de roer.
— Se ele é o agente, você deve saber disso melhor do que nós. Há muitos anos que são amigos.
— É, e juro por Deus que ainda acho isso impossível. Jamais Brian foi outra coisa senão um policial britânico dedicado e correto. Como seria possível?