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Crosse balançou a cabeça, e ficou olhando para os olhos azul-claros e penetrantes, perguntando-se o que haveria por trás deles.

— Vai telefonar para o ministro pedindo instruções?

— Não. Posso assumir a responsabilidade por esse caso. Decidiremos às oito e trinta. —- Sinders olhou para o relógio. — Vamos voltar para o Robert. Está quase na hora de recomeçar. Bom sujeito, aquele, muito bom! Soube que foi um dos grandes ganhadores?

69

20h05m

— Ian? Desculpe interromper — disse Bartlett.

— Ora, alô! — Dunross afastou-se dos outros convivas com quem estava conversando. Bartlett estava sozinho. — Vocês dois não estão indo embora, espero... isso aqui ainda vai até as nove e meia, pelo menos.

— Casey ainda vai ficar mais um pouco. Eu tenho um encontro.

— Espero que ela seja bonita, como convém — comentou Dunross, com um amplo sorriso.

— E é, mas isso é para mais tarde. Primeiro, tenho um encontro de negócios. Tem um minutinho?

— Mas claro. Dêem-me licença um minuto — falou Dunross para os outros, e foi conduzindo Bartlett para um dos terraços, saindo da ante-sala lotada. A chuva estava mais fraca, mas continuava implacavelmente. — A compra de controle da General Stores está quase certa, ao nosso preço, sem outro lance superior da Superfoods. Vamos mesmo ganhar uma nota preta... se eu conseguir deter o Gornt.

— É. A segunda-feira dirá. Dunross olhou atentamente para ele.

— Estou muito confiante.

Bartlett sorriu, com cansaço e preocupação por trás do sorriso.

— Eu notei. Mas queria lhe perguntar se a ida para Taipé amanhã continua nos seus planos.

— Ia sugerir que a adiássemos até a semana que vem, o fim de semana que vem. Amanhã e segunda-feira são muito importantes para nós dois. Não acha?

Bartlett concordou com um gesto de cabeça, ocultando o seu alívio.

— Para mim está ótimo. — "E isso resolve o meu problema com Orlanda", pensou. — Bem, então acho que já vou indo.

— Pegue o carro. Mande o Lim de volta quando não precisar mais dele. Vai à subida do morro, se não for cancelada? É das dez até mais ou menos o meio-dia.

— Onde é?

— Nos Novos Territórios. Mandarei o carro apanhá-lo, se o tempo permitir. Casey também, se quiser ir.

— Obrigado.

— Não se preocupe com Casey logo mais... farei com que chegue a casa em segurança. Ela está livre mais tarde?

— Acho que sim.

— Ótimo, então pedirei a ela que se reúna a nós... alguns de nós vamos jantar num restaurante chinês. — Dunross olhou-o atentamente. — Algum problema?

— Não. Nada que não possa ser resolvido.

Bartlett abriu um sorriso e se afastou, preparando-se para o próximo ataque... Armstrong. Encostara Rosemont num canto há alguns momentos e lhe contara sobre o encontro com Banastasio.

— É melhor deixar a coisa com a gente, Linc — dissera Rosemont. — No que lhe diz respeito, fomos informados oficialmente. O consulado. Passarei adiante a quem de direito. Deixe tudo como está... diga a Casey, certo? Se o Banastasio ligar para qualquer um de vocês dois, encham lingüiça, liguem para nós e daremos um jeito. Eis o meu cartão... é válido durante as vinte e quatro horas do dia.

Bartlett estava do lado de fora da porta da frente, agora, e reuniu-se aos outros que esperavam pacientemente por seus carros.

— Ah, oi, Linc! — disse Murtagh, saindo apressadamente de um táxi, e quase derrubando-o. — Desculpe! A festa ainda não acabou?

— Claro que não, Dave. Para que a pressa?

— Tenho que ver o tai-pan! — Murtagh baixou a voz, demonstrando o seu entusiasmo. — Há uma chance de que a matriz tope, se o Ian fizer algumas concessões! Casey ainda está aí?

— Está — respondeu Bartlett prontamente, e todos os seus sentidos ficaram alertados, todo o resto esquecido. — Que concessões? — indagou, cautelosamente.

— Dobrar o período de câmbio exterior. E terá que lidar diretamente com o First Central, dando-nos a primeira opção sobre todos os futuros empréstimos, durante cinco anos.

— Isso não é demais — disse Bartlett, escondendo sua perplexidade. — Como ficou todo o negócio, agora?

— Não posso parar agora, Linc. Tenho que obter a aprovação do tai-pan. Eles estão esperando, mas é exatamente aquilo que Casey e eu planejamos. Porra, se isso der certo, o tai-pan nos deverá favores até as galinhas criarem dentes! — exclamou Murtagh, afastando-se às pressas.

Bartlett ficou olhando para ele, apalermado. Seus pés começaram a reconduzi-lo para dentro de casa, mas deteve-se e voltou para o seu lugar na fila. "Há tempo de sobra", disse com seus botões. "Não há necessidade de perguntar nada a ela agora. Pense no assunto."

Casey lhe havia falado da ligação do Royal Belgium com o First Central, e durante a tarde Murtagh acrescentara como era difícil arranjar uma brechinha ali com o sistema. Isso fora tudo. Bartlett notara o nervosismo do texano e de Casey. No momento atribuíra-o às corridas.

"Mas e agora?", perguntou-se, desconfiado. "Casey, Murtagh e o tai-pan! 'O First Central vai topar o negócio se...' e 'o tai-pan nos deverá favores até as galinhas criarem dentes..." e 'exatamente aquilo que Casey e eu planejamos.' Ela é a intermediária? Ora, aquele palhaço não chega aos pés da Casey, e ela não é nenhuma menina de recados. Porra, é a Casey que tem que ir puxando o cara, ele não é páreo para ela. Assim, provavelmente foi ela quem o levou a... ao quê? Do que é que o tai-pan mais está precisando?

"De crédito, e depressa, milhões até segunda-feira.

"Pombas, o First Central vai apoiá-lo! Só pode ser isso. Se. Se ele fizer concessões, e terá que fazer algumas para se safar..."

— Quer o carro, senhor?

— Oh, sim, Lim, quero, sim. O quartel-general da polícia em Wanchai. Obrigado.

Entrou no banco de trás, a mente fervendo.

"Com que então a Casey está fazendo um joguinho particular. Já deve estar em andamento há um ou dois dias, mas ela nada me disse. Por quê? Se eu estiver certo, e o golpe tiver êxito, o Ian terá os meios para rechaçar o Gornt, até para vencê-lo. Ela se esforçou ao máximo para ajudá-lo contra o Gornt. Sem a minha aprovação. Por quê? Em troca do quê?

"O dinheiro do dane-se! Os prometidos meio a meio são um pagamento... meus dois milhões... mas ela racha meio a meio?

"Claro. É uma possibilidade... uma possibilidade de que estou tomando conhecimento agora. Quais são as outras? Meu Deus! Casey independente, quem sabe bandeando-se para o lado do inimigo? Os dois ainda são o inimigo, Ian e Gornt."

A excitação dele aumentou.

"O que fazer?

"O dinheiro entregue ao Gornt está coberto. Os dois milhões pagos à Struan também estão cobertos, e não vou retirá-los. Nunca planejei fazê-lo... estava apenas testando Casey. O negócio com a Struan é bom, de um jeito ou de outro. O negócio com o Gornt é bom, de um jeito ou de outro. Portanto, o meu plano ainda é bom... posso pular para um lado ou para o outro, embora a decisão da hora exata seja crucial.

"Mas agora existe Orlanda.

"Se escolher Orlanda, terá que ser só nos Estados Unidos, ou em outro lugar qualquer, menos aqui. É óbvio que ela jamais seria aceita no círculo dos vencedores do Happy Valley. Ou nos círculos sociais e clubes. Jamais seria convidada livremente para as grandes casas, exceto talvez pelo Ian. E pelo Gornt, mas apenas para debochar dela, para puxar as rédeas, para fazê-la recordar o passado... como ontem à noite, quando aquela outra moça subiu ao convés. Vi o rosto de Orlanda. Ah, ela disfarçou, melhor do que qualquer outra teria disfarçado, exceto talvez Casey. Ela odiou o fato de que a outra tivesse estado Iá embaixo, na suíte principal que já lhe pertencera.