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— Paul deve ter planejado uma situação em compasso de espera até o chefe voltar. Toda essa operação abre precedentes, portanto dá para você...

— Se eu conseguir o dinheiro do Tiptop para vocês, quero esse papel rasgado, e que Richard Kwang tenha direito a um voto livre.

Após uma pausa, Johnjohn falou:

— Eu o apoiarei no que for razoável... Até o chefe voltar. Então, ele poderá decidir.

— É justo.

— Com quanto o Royal Belgium-First Central está apoiando você?

— Pensei que você tinha falado num banco japonês.

— Ora, qual é, amigão, todo mundo está sabendo. Quanto?

— Bastante, o bastante para tudo.

— Ainda somos donos da maioria dos seus títulos, Ian.

— Não faz diferença — disse Dunross, dando de ombros. — Ainda temos votação majoritária no Victoria.

— Se não conseguirmos"o dinheiro da China, o First Central não o salvará de um colapso.

Dunross deu de ombros de novo.

As portas do elevador se abriram. As luzes baixas nas caixas-fortes lançavam sombras duras. A imensa grade diante deles parecia uma porta de cela de prisão para Dunross. Johnjohn destrancou-a.

— Vou demorar uns dez minutos — disse Dunross, com um leve brilho no olhar. — Tenho que achar um determinado documento.

— Está bem. Vou destrancar a sua porta para você... — Johnjohn se deteve, as feições delineadas sob a luz do teto. — Ah, esqueci, você tem a sua chave-mestra.

— Serei o mais rápido que puder. Obrigado.

Dunross entrou na penumbra, dobrou o corredor e foi direto para o grupo mais afastado de cofres individuais. Ao chegar Iá, certificou-se de que não tinha sido seguido. Todos os seus sentidos estavam agora aguçados. Enfiou as duas chaves nas fechaduras, que se destrancaram.

Tirou do bolso a carta de Alan que dava os números das páginas especiais espalhadas pelas pastas, depois uma lanterna elétrica, uma tesoura, e um isqueiro Dunhill a butano que Penelope lhe dera quando ele ainda fumava. Rapidamente, ergueu o fundo falso da caixa de depósito e tirou de Iá as pastas.

"Quem me dera eu pudesse destruí-las agora e acabar com tudo isso", pensou. "Conheço tudo o que há nelas, tudo de importante, mas preciso ser paciente e esperar. Vai chegar a hora em que eles (sejam Iá quem forem, além do sei, da CIA, e da RPC) não estarão mais me seguindo. Aí poderei pegar as pastas em segurança e destruí-las."

Seguindo com grande cuidado as instruções de Alan, acendeu o isqueiro e balançou-o de Iá para cá, por baixo do qua-drante inferior direito da primeira página especial. Dali a um momento, uma confusão sem sentido de símbolos, letras e números começou a aparecer. À medida que o calor as fazia surgir, as letras impressas no quadrante começavam a desaparecer. Logo tinham todas desaparecido, e apenas sobrara o código. Cortou com a tesoura cuidadosamente o quadrante e botou a pasta de lado. Alan tinha escrito: "O papel não pode ser relacionado às pastas, tai-pan, nem, creio eu, as informações lidas senão pelas mais altas personalidades do país".

Um ligeiro ruído o sobressaltou, e ele olhou para o lado. Seu coração pulsava em seus ouvidos. Um rato dobrou correndo uma parede de caixas e sumiu. Ele esperou, mas não houve mais perigo.

Dali a um momento, estava calmo de novo. Agora, a pasta seguinte. Novos códigos apareceram, depois que as letras sumiram.

Dunross trabalhava contínua e eficientemente. Quando a chama começou a enfraquecer, estava preparado. Encheu de novo o isqueiro e prosseguiu. Agora, a última pasta. Recortou o quadrado com cuidado e pôs no bolso os onze pedaços de papel, depois recolocou as pastas de volta no seu esconderijo.

Antes de trancar de novo a caixa de depósito bancário, apanhou um título para servir de camuflagem, e colocou-o ao lado da carta de Alan. Nova hesitação. Depois, protegendo com o corpo a carta de Alan, tocou fogo nela. O papel retorceu-se enquanto pegava fogo e queimava.

— O que está fazendo?

Dunross virou-se bruscamente e fitou a silhueta.

— Ah, é você. — Recomeçou a respirar. — Nada, Bruce. Na verdade, é apenas uma antiga carta de amor que nem deveria ter sido guardada.

A chama se apagou, e Dunross transformou as cinzas em pó e espalhou os restos.

— Ian, está encrencado? Muito encrencado? — perguntou Johnjohn suavemente.

— Não, meu velho. É apenas o problema com o Tiptop.

— Tem certeza?

— Tenho. — Com ar cansado, Dunross sorriu para o outro e pegou um lenço para enxugar a testa e as mãos. — Desculpe toda essa trabalheira.

Afastou-se, caminhando com firmeza, seguido por Johnjohn. O portão bateu às costas deles. Dali a um momento, o elevador se abriu e se fechou suavemente, e depois houve o silêncio, quebrado apenas pelas corridas dos ratos e o leve sibilar do ar-condicionado. Uma sombra se moveu. Silenciosamente, Roger Crosse saiu de trás de um grupo alto de caixas e postou-se diante da seção do tai-pan. Sem pressa, pegou uma pequena câmara fotográfica Minox, um flash e um molho de chaves-mestras. Logo o cofre de Dunross estava aberto. Os dedos longos de Crosse acharam o compartimento falso e tiraram de Iá as pastas. Muito satisfeito, empilhou-as cuidadosamente, encaixou o flash na abertura apropriada, e, com habilidade e prática, começou a fotografar as pastas, página por página. Quando chegou a uma das páginas especiais, examinou-a, e ao pedaço que faltava. Um sorriso sombrio perpassou pelo seu rosto. Logo a seguir continuou, sem fazer barulho.

Domingo

71

6h30m

Koronski saiu do saguão do Hotel Nove Dragões e chamou um táxi, dando as instruções ao chofer num cantonense passável. Acendeu um cigarro e desabou no banco de trás, dando uma olhada profissional pela vidraça, para ver se não estava sendo seguido, o que era improvável. Na verdade, não havia risco. Seus documentos como Hans Meikker eram impecáveis, seu disfarce esporádico como jornalista estrangeiro de um grupo de revistas da Alemanha Ocidental era real, e visitava Hong Kong freqüentemente, como rotina. Seus olhos o tranqüilizaram. Depois virou-se para olhar o povo, perguntando-se quem deveria ser interrogado por meio de substâncias químicas, e onde. Era um homem baixo, bem-alimentado, de aparência comum, óculos sem aros.

Atrás dele, a cerca de cinqüenta metros, entrando e saindo do tráfego, vinha um Mini pequeno e amassado. Tom Conno-chie, o agente da CIA, estava no banco de trás, e um dos seus assistentes, Roy Wong, dirigia.

— Está indo para a esquerda.

— Estou vendo. Fique calmo, Tom. Está me deixando nervoso, puta que o pariu!

Roy Wong era um americano de terceira geração, formado em literatura, e agente da CIA há quatro anos, designado para Hong Kong. Guiava com perícia, observado atentamente por Connochie, que estava com um aspecto amarfanhado e muito cansado. Ele passara a maior parte da noite acordado, com Rosemont, tentando destrinchar a inundação de instruções, pedidos e ordens altamente sigilosos gerados pelas cartas interceptadas de Thomas K. K. Lim. Pouco depois da meia-noite, um dos seus informantes no hotel lhes dera a dica de que Hans Meikker acabara de se registrar por dois dias, vindo de Bangkok. Havia anos que ele constava da lista deles como um possível risco de segurança.

— Filho da puta! — exclamou Roy Wong, quando, de repente, houve um congestionamento de tráfego na rua estreita e barulhenta próxima ao cruzamento movimentado de Mong Kok.

Connochie enfiou a cabeça pela janela.

— Ele também está fodido, Roy. Uns vinte carros adiante. Dali a pouco, o congestionamento começou a se desfazer, depois piorou de novo, por causa de um caminhão com excesso de carga. Quando as coisas se normalizaram, a presa havia sumido.

— Merda!

— Dê umas voltas. Talvez a gente tenha sorte e o descubra.

Dois quarteirões adiante, Koronski saltou do táxi e desceu um beco fervilhante de gente, dirigindo-se para outra rua superlotada, outro beco e o cortiço de Ginny Fu. Subiu as escadas sujas até o andar superior. Bateu três vezes numa porta suja. Suslev mandou que entrasse e trancou a porta atrás dele.