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— Só um momento, madame, vou verificar. — Consultou uma lista de compromissos datilografada enquanto as portas do elevador se abriam. Sinders entrou, e Crosse começou a segui-lo.

— É para as treze horas, sra. Gresserhoff.

Imediatamente Crosse parou e se abaixou como que para amarrar o cordão dos sapatos, e Sinders, com igual eficácia e naturalidade, prendeu a porta.

— Oh, tudo bem, madame, é fácil a gente se enganar com a hora. A mesa está reservada em nome do tai-pan. O Skyline, no Mandarim, às treze horas.

Crosse levantou-se.

— Tudo bem? — perguntou Sinders.

— Tudo bem.

As portas se fecharam às suas costas. Ambos sorriram.

— Quem espera sempre alcança — falou Crosse.

— É. Vamos comer peixe com batatas fritas no jantar, então.

— Não. Vamos comê-los mesmo no almoço. Não devemos comer no Mandarim. Sugiro que nós mesmos a identifiquemos secretamente. Nesse meio tempo, vou mandar descobrir onde está hospedada, certo?

— Excelente. — A fisionomia de Sinders endureceu. — Gresserhoff, hem? Hans Gresserhoff era o nome de cobertura de um espião da Alemanha Oriental que tentamos pegar há anos.

— É? — comentou Crosse, não deixando transparecer seu interesse.

— É. Era sócio de outro filho da mãe nojento, um assassino treinado. Um dos seus nomes era Viktor Grünwald, o outro, Simeon Tzerak. Gresserhoff, hem? — Sinders ficou calado por um momento. — Roger, aquela história da publicação, a ameaça de Dunross. Pode ser muito perigoso.

— Você conseguiu ler o código?

— Santo Deus, não.

— O que poderia ser?

— Qualquer coisa. As páginas são para mim ou para o primeiro-ministro, portanto provavelmente são nomes e endereços de contatos. — Sinders acrescentou, gravemente: — Não ouso confiá-los a telegramas, embora em código. Acho melhor voltar imediatamente para Londres.

— Hoje?

— Amanhã. Quero deixar isso tudo terminado, e gostaria muito de identificar essa sra. Gresserhoff. Será que Dunross fará o que disse?

— Sem dúvida alguma.

Sinders apertou as têmporas, os olhos azul-claros e aguados mais sem cor do que de costume.

— E quanto ao cliente?

— Eu diria...

A porta do elevador se abriu. Eles saltaram e atravessaram o saguão. O porteiro uniformizado abriu a porta do carro de Crosse para ele.

Crosse entrou no trânsito congestionado, o porto nublado, a chuva tendo parado por um momento.

— Diria que basta mais uma sessão, depois o Armstrong pode começar a recompô-lo. Segunda ao anoitecer é cedo demais, porém... — Deu de ombros. — Eu não sugeriria mais sessões no Quarto Vermelho.

— É, concordo, Roger. Graças a Deus que o sujeito é forte.

— É.

— Acho que quem está prestes a desabar é o Armstrong, pobre coitado.

— Ainda pode realizar mais uma. Com segurança.

— Espero que sim. Meu Deus, como tivemos sorte! É incrível!

A sessão das seis horas daquela manhã não apresentara nada de novo. Mas, quando já estavam desistindo, as táticas de Armstrong descobriram ouro: finalmente, o quem, o porquê e o quê do professor Joseph Yu. Da Cal Tech, Princeton, Stan-ford. Perito em foguetes e consultor da NASA.

— Quando ele deve chegar a Hong Kong, Brian? — perguntara Armstrong, todo o time do sei na sala de controle prendendo a respiração.

— Eu... não... deixe-me pensar, deixe-me pensar... ah, não consigo me lembrar... ah, sim, é daqui a uma se... no fim do... desse mês... em que mês estamos? Não consigo lem... lembrar que dia é hoje. Ele deveria chegar e depois partir.

— De onde e para onde?

— Ah, não sei, não me disseram, exceto que... exceto que alguém falou que ele ia velejar em Guam, de férias no Havaí, e que devia chegar aqui dez dias... acho que eram dez dias depois... depois do dia da corrida.

E quando Crosse ligara para Rosemont e lhe contara... embora não tivesse revelado a fonte da informação... o americano ficara sem fala e em pânico. Imediatamente, ordenara que se vasculhasse toda a área de Guam para impedir a deserção.

— Será que o apanharão? — resmungou Crosse.

— Quem?

— Joseph Yu.

— Ora, tomara que sim — falou Sinders. — Por que diabo esses cientistas desertam? Uma merda! A única coisa boa é que lançará os foguetes chineses na estratosfera, e fará arrepios de horror correrem por todas as espinhas soviéticas. O que é danado de bom, na minha opinião. Se esses dois entrassem em choque, isso nos poderia ajudar imensamente. — Ajeitou-se mais confortavelmente no banco do carro, sentindo as costas doerem. — Roger, não posso me arriscar a que Dunross fique com cópias daqueles códigos, ou os publique.

— Sei.

— Ele é metido a espertinho demais, o seu tai-pan. Se transpirar que Alan nos enviou uma mensagem em código, e se Dunross tem a memória que dizem que ele tem, é um homem marcado, certo?

— Certo.

Chegaram ao restaurante de cobertura Skyline com tempo de sobra. Crosse foi reconhecido imediatamente, e logo esvaziaram uma mesa discreta no bar. Enquanto Sinders pedia uma bebida e mais café, Crosse telefonou para dois agentes, um deles britânico, o outro chinês. Chegaram depressa.

Faltando alguns minutos para uma hora, Dunross chegou, e eles o viram ser levado para a melhor mesa, o mattre seguindo na frente, os garçons atrás, o champanha já esperando num balde de gelo.

— O sacana treinou todo o pessoal muito bem, não é?

— Você não faria o mesmo? — comentou Crosse. Os olhos dele varreram a sala, e se detiveram. — Lá está o Rosemont! Será uma coincidência?

— O que você acha?

— Ah, olhe ali, naquele canto. É o Vincenzo Banastasio. O chinês que está com ele é Vee Cee Ng. Talvez sejam eles que Rosemont está vigiando.

— Talvez.

— Rosemont é esperto — disse Crosse. —- Bartlett também foi vê-lo. Pode ser que estejam vigiando o Banastasio.

— Armstrong lhes contara a sua conversa com Banastasio. A vigilância sobre o sujeito fora aumentada. — A propósito, ouvi dizer que ele alugou um helicóptero para Macau na segunda-feira.

— Devíamos cancelar isso.

— Já o fizemos. Defeitos no motor.

— Ótimo. Suponho que o fato de Bartlett informar sobre o Banastasio o deixa limpo, não é?

— Talvez.

— Ainda acho melhor eu ir embora na segunda. É. Interessante que a recepcionista de Dunross tivesse um encontro marcado com o cliente. Puxa vida, mas que mulher espetacular! — exclamou Sinders.

A moça acompanhava o maitre. Os dois homens ficaram surpresos quando ela parou à mesa do tai-pan, fez uma curvatura e sentou.

— Porra! A sra. Gresserhoff é chinesa? — exclamou Sinders, com voz abafada.

Crosse concentrava-se nos lábios deles.

— Nenhuma chinesa se curvaria assim. Ela é japonesa.

— Que diabo, onde ela se encaixa?

— Talvez haja mais de uma convidada. Talvez... ora essa!

— O que foi?

— Não estão falando inglês. Deve ser japonês.

— Dunross fala essa língua de amarelo? Crosse olhou para ele.

— Sim, fala japonês. E alemão, francês, três dialetos chineses, e um italiano razoável.

Sinders devolveu o olhar.

— Não precisa bancar o desaprovador, Roger. Perdi um filho no HMS Prince of Wales, meu irmão morreu de fome na Burma Road. Portanto, não queira me passar nenhuma merda de sermão, embora ainda ache que ela é espetacular.

— Isso pelo menos demonstra uma certa dose de tolerância — disse Crosse, virando-se para examinar Dunross e a moça.

— A sua guerra foi na Europa, não é?

— Minha guerra, Edward, nunca tem fim. — Crosse sorriu, gostando do som das suas palavras. — A Segunda Guerra Mundial já é história antiga. Lamento o que aconteceu com seus parentes, mas agora o Japão não é o inimigo, é nosso aliado. Na verdade, o único que temos na Ásia.