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Depois de uma pausa, Phillip Chen falou:

— Pensei que o novo computador ia chegar em março.

— E ia, mas consegui antecipar a chegada — disse Alastair.

— Quem está transportando o título dos motores? — perguntou Phillip Chen.

— Nós.

— É um risco muito grande. — Phillip Chen estava muito inquieto. — Não acha, Ian?

Dunross ficou calado.

— Foi inevitável para não perder o contrato — repetiu Alastair Struan, ainda mais irritado. — Podemos dobrar nosso capital, Phillip. Precisamos do dinheiro. Porém, os chineses precisam ainda mais dos motores, deixaram isso mais do que claro quando estive em Cantão, no mês passado. E nós precisamos da China... também deixaram isso bem claro.

— É, mas doze milhões é... risco demais num só navio — insistiu Phillip Chen.

Dunross disse:

— Qualquer coisa que pudermos fazer para tirar negócios dos soviéticos conta ponto para nós. Além disso, já está feito. Você dizia, Alastair, que há alguém na lista que me interessa. O chefe da...

— Marlborough Motors.

— Ah! — exclamou Dunross com repentina e feroz alegria. — Há anos que detesto aqueles cretinos. Pai e filho.

— Eu sei.

— Com que então os Nikklins são descendentes de Tyler Brock! Bem, não vai demorar muito para os tirarmos da lista. Bom, muito bom. Eles sabem que estão na lista negra de Dirk Struan?

— Acho que não.

— Melhor ainda.

— Não concordo! Você odeia o jovem Nikklin porque ele o derrotou. — Raivosamente, Alastair avançou o dedo em riste para Dunross. — Está na hora de abandonar as corridas de automóvel. Deixe todas as subidas de morro e o Grand Prix de Macau para os semiprofissionais. Os Nikklins têm mais tempo para gastar com os carros, é a vida deles, e agora você tem outras corridas para disputar, mais importantes.

— A corrida de Macau é para amadores, e aqueles filhos da mãe trapacearam, no ano passado.

— Isso nunca foi provado... o seu motor explodiu. Muitos motores explodem, Ian. Foi azar seu!

— Mexeram no meu carro.

— Isso também nunca foi provado. Pelo amor de Deus, e você vem falar em rixas? Você é tão burro em algumas coisas quanto o Demônio Struan em pessoa!

— É?

— É, sim, e...

Phillip Chen interrompeu depressa, querendo acabar com a violência na sala.

— Se é tão importante, por favor, deixem-me tentar descobrir a verdade. Tenho fontes que nenhum de vocês dois tem. Meus amigos chineses saberão, deverão saber, se Tom ou o jovem Donald Nikklin estavam envolvidos. Naturalmente — acrescentou, delicadamente —, se o tai-pan quiser correr, isso é com ele. Não é mesmo, Alastair?

O homem mais idoso controlou sua raiva, embora seu pescoço ainda estivesse rubro.

— Claro, claro, tem razão. Apesar disso, Ian, aconselho-o a parar. Eles o perseguirão ainda mais, porque o detestam igualmente.

— Há outros na lista cujos nomes devo saber? Depois de uma pausa, Struan disse:

— Não, agora não. — Abriu a segunda garrafa e foi servindo enquanto falava. — Bem, agora é tudo seu... todo o divertimento e toda a canseira. Fico contente em entregar tudo a você. Depois que tiver lido o que há no cofre, saberá o melhor, e o pior. — Entregou uma taça a cada um deles, e tomou um gole da sua. — Por Deus, este champanha é dos melhores já produzidos na França.

— É — concordou Phillip Chen.

Dunross achava que o Dom Pérignon era caro demais e muito badalado, e sabia que o ano, 1954, não era especialmente bom. Mas ficou calado.

Struan foi até o barômetro. Marcava 979,2.

— Este tufão vai ser brabo. Bem, deixe para lá. Ian, Claudia Chen tem um arquivo para você sobre assuntos importantes, e uma lista completa dos nossos investimentos em ações... com os nomes dos representantes. Se tiver perguntas a me fazer, faça-as antes de depois de amanhã... tenho passagem marcada para Londres nesse dia. Você manterá Claudia, naturalmente.

— Naturalmente.

Depois de Phillip Chen, Claudia Chen era o segundo elo que passava de tai-pan para tai-pan. Era a secretária-executiva do tai-pan, uma prima distante de Phillip Chen.

— E quanto ao nosso banco, o Victoria Bank de Hong Kong e da China? — perguntou Dunross, curtindo a pergunta. __Não sei exatamente quais os nossos bens.

— Isso sempre foi do conhecimento exclusivo do tai-pan. Dunross virou-se para Phillip Chen:

— Qual a sua participação, abertamente ou através de representantes?

O eurasiano hesitou, chocado.

— No futuro vou unir suas ações num só bloco com as nossas, para efeito de votação. — Dunross manteve os olhos fitos nos do representante nativo. — Quero saber agora, e espero uma transferência formal de poder de voto perpétuo, por escrito, para mim e os futuros tai-pans, amanhã até o meio-dia, e a primeira opção de compra para as ações, caso algum dia resolva vendê-las.

O silêncio ficou mais pesado.

— Ian — começou Phillip Chen —, essas ações... — Mas sua firmeza vacilou diante da vontade possante de Dunross. — Seis por cento... um pouquinho mais de seis por cento. Eu... farei como você quer.

— Não se arrependerá. — Dunross fixou a atenção em Alastair Struan, e o coração do velho baqueou. — Quantas ações temos? Quantas em nome de representantes?

Alastair hesitou.

— Isto só o tai-pan pode saber.

— Naturalmente. Mas devemos confiar integralmente no nosso representante nativo — falou Dunross, prestigiando o velho eurasiano, sabendo o quanto doía ser dominado perante Alastair Struan. — Quantas?

Struan disse:

— Quinze por cento.

Dunross soltou uma exclamação abafada, assim como Phillip Chen, e teve vontade de gritar: "Puta que o pariu, temos quinze por cento, e Phillip tem mais seis por cento, e você não teve um pingo de inteligência para usar o que tem que ser uma participação majoritária para nos conseguir o capital necessário, quando estamos quase falidos?"

Mas, ao invés de gritar, estendeu a mão para a frente e serviu o resto da garrafa nas três taças. Isso lhe deu tempo para acalmar o coração descompassado.

— Ótimo — disse, com voz seca e inexpressiva. — Estava esperando que juntos nos saíssemos melhor do que nunca. — Tomou um gole do champanha. — Vou antecipar a reunião especial. Para a semana que vem.

Os dois homens ergueram os olhos, vivamente. Desde 1880, os tai-pans da Struan, da Rothwell-Gornt e do Victoria Bank, a despeito da sua rivalidade, tinham se reunido anualmente em segredo para debater assuntos que afetavam o futuro de Hong Kong e da Ásia.

— Eles podem não concordar em antecipar a reunião — disse Alastair.

— Liguei para todos, hoje de manhã. Ela está marcada para segunda que vem, às nove horas, aqui.

— Quem é que vem do banco?

— O subgerente-geral Havergill; o velho está no Japão, depois vai para a Inglaterra, de licença. — O rosto de Dunross endureceu. — Terei que me contentar com ele.

— Paul serve — falou Alastair. — Vai ser o próximo chefe.

— Não se eu puder evitar — disse Dunross.

— Você nunca apreciou Paul Havergill, não é, Ian? — perguntou Phillip Chen.

— Não, é insular demais, Hong Kong demais, fora de moda demais, pretensioso demais.

— E apoiou seu pai contra você.

— Foi. Mas não é este o motivo pelo qual deve pular fora, Phillip. Deve pular fora porque está no caminho da Casa Nobre. É conservador demais, generoso demais para com as Propriedades Asiáticas, e acho que é um aliado secreto da Rothwell-Gornt.

— Não concordo — disse Alastair.

— Eu sei. Mas precisamos de dinheiro para nos expandirmos, e pretendo conseguir o dinheiro. Portanto, pretendo usar os meus vinte e um por cento com toda a seriedade.

A tempestade lá fora se intensificara, mas eles não pareciam notar.

— Não o aconselho a agir contra o Victoria — disse Phillip Chen, gravemente.