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— Faz diferença, no meu modo de pensar. E aqui não há só bandidos comunistas. Há um bocado de bandidos nacionalistas que querem...

— Os nacionalistas querem que os comunas saiam de Hong Kong, só isso.

— Uma ova! Chang Kai-chek queria tomar posse da colônia, depois da guerra. Foi a marinha britânica que o deteve, depois que os americanos abriram mão de nós. Ainda deseja ser o nosso soberano. Nesse aspecto, não é diferente de Mao Tsé-tung!

— Se o sei não tiver a mesma liberdade que o inimigo, como vamos evitar que ele nos aniquile?

— Brian, meu rapaz, só disse que eu não gosto de pertencer ao sei. Você vai adorá-lo. Eu só quero ser um tira, não um maldito Bond!

"É", pensou Armstrong, sombriamente, "só um tira, no DIC, até me aposentar e voltar para a boa e velha Inglaterra. Santo Deus, tenho problemas de sobra com os amaldiçoados Lobisomens." Olhou para Crosse, mantendo a fisionomia cuidadosamente impassível, e esperou.

Crosse o observou, depois deu uma batidinha na pasta.

— Segundo isto aqui, estamos muito mais atolados na lama do que até mesmo eu imaginava. Muito deprimente. É. — Ergueu os olhos. — Este relatório se refere a outros, anteriores, enviados a Dunross. Gostaria de vê-los o mais depressa possível. Rápida e discretamente.

Armstrong olhou para Brian Kwok.

— Que tal Claudia Chen?

— Não. Nem pensar. De jeito nenhum.

— Então o que sugere, Brian? — perguntou Crosse. — Imagino que meu amigo americano vá ter a mesma idéia... e se ele foi mal orientado o bastante para passar adiante a pasta, uma cópia dela, para o diretor da CIA aqui... eu realmente me sentiria muito deprimido se eles chegassem lá primeiro de novo.

Brian Kwok pensou por um momento.

— Podíamos mandar uma equipe especializada aos escritórios executivos e à cobertura do tai-pan, mas levaria tempo... não sabemos onde procurar... e teria que ser à noite. Poderia ser complicado, senhor. Os outros relatórios, se é que existem, podem estar num cofre na Casa Grande, ou na casa dele em Shek-O... até mesmo no seu... apartamento particular no Sinclair Towers, ou num outro qualquer cuja existência desconhecemos.

— Deprimente — concordou Crosse. — Nosso serviço de informações está ficando espantosamente relaxado, na nossa própria jurisdição. Uma pena. Se fôssemos chineses, saberíamos tudo, não é, Brian?

— Não, senhor. Desculpe, senhor.

— Bem, se não sabe onde procurar, terá que perguntar.

— Senhor?

— Pergunte. Dunross sempre pareceu cooperar, no passado. Afinal, é seu amigo. Pergunte onde estão, peça para vê-los.

— E se ele disser que não, ou que foram destruídos?

— Use a sua cuca talentosa. Bajule-o um pouco, use de alguma arte, chegue-se a ele. E negocie.

— Temos algo no momento para negociar com ele?

— A Nelson Trading.

— Senhor?

— Parte consta do relatório. Mais uma informaçãozinha modesta que terei prazer em dar-lhes, mais tarde.

— Sim, senhor. Obrigado, senhor.

— Robert, o que você fez para encontrar John Chen e o Lobisomem, ou os Lobisomens?

— O DIC inteiro foi alertado, senhor. Pegamos o número do carro dele imediatamente e já o distribuímos num boletim. Entrevistamos a mulher dele, sra. Barbara Chen, entre outros... ela estava histérica quase o tempo todo, mas lúcida, muito lúcida sob a torrente de lágrimas.

— É?

— Sim, senhor. Ela... Bem, o senhor compreende.

— Sim.

— Disse que não era incomum o marido ficar fora até tarde... disse que tinha muitas reuniões de negócios até altas horas, e às vezes saía cedo para ir ao prado ou ao seu barco. Tenho absoluta certeza de que ela sabia que ele dava as suas voltinhas. Reconstituir os movimentos dele ontem à noite foi relativamente fácil até as duas da madrugada. Deixou Casey Tcholok no Old Vic por volta das dez e meia...

— Ele viu Bartlett ontem à noite?

— Não, senhor. Bartlett ficou dentro do seu avião em Kai Tak o tempo todo.

— John Chen falou com ele?

— Só se houvesse algum modo de ligar o avião ao nosso sistema telefônico. Nós o mantivemos sob vigilância até a batida de hoje de manhã.

— Continue.

— Depois de deixar a srta. Tcholok (a propósito, descobri que aquele era o Rolls-Royce do pai dele), ele tomou a balsa para o lado de Hong Kong, onde foi a um clube chinês particular perto da Queen's Road, e dispensou carro e chofer... — Armstrong pegou o seu bloquinho e consultou-o. —...Era o Tong Lau Club. Lá encontrou-se com um amigo e colega de negócios, Wo Sang Chi, e começaram a jogar mah-jong. Mais ou menos à meia-noite o jogo foi encerrado. Depois, com Wo Sang Chi e os outros dois jogadores, ambos amigos, Ta Pan Fat, um jornalista, e Po Cha Sik, corretor de valores, pegaram um táxi.

Robert Armstrong ouviu sua voz relatar os fatos, caindo no padrão policial familiar, e isso o deixou satisfeito e distraiu sua atenção da pasta e de todos os conhecimentos secretos que continha, e do problema do dinheiro de que necessitava com tanta pressa. "Tomara Deus eu pudesse ser apenas um policial", pensou, detestando o Serviço Especial de Informações e a necessidade da sua existência.

— Ta Pan Fat saltou do táxi primeiro, em sua casa na Queen's Road, depois Wo Sang Chi saltou na mesma rua, logo a seguir. John Chen e Po Cha Sik — achamos que ele tem ligações com as tríades, está sendo investigado com muito cuidado — foram para a Garagem Ting Ma, na Sunning Road, Causeway Bay, para apanhar o carro de John Chen, um Jaguar 1960. — Novamente consultou o bloquinho, desejando ser preciso, achando os nomes chineses confusos como sempre, mesmo depois de tantos anos. — Um empregado da garagem, Tong Ta Wey, confirmou isso. Depois, John Chen levou o amigo Po Cha Sik de carro até sua casa, Village Street, 17, no Happy Valley, onde o amigo saiu do veículo. Entrementes, Wo Sang Chi, companheiro de negócios de John Chen, que, curiosamente, dirige a companhia de transportes da Struan, que tem o monopólio dos carretos de e para Kai Tak, fora para o Restaurante Sap Wah, na Fleming Road. Declara que, quando já estava lá há trinta minutos, John Chen veio se encontrar com ele, e saíram do restaurante no carro de John, pretendendo apanhar umas dançarinas na rua e levá-las para cear...

— Ele nem pensou em ir a um cabaré e pagar pela companhia das garotas? — perguntou Crosse, pensativo. — Quanto custaria, Brian?

— Sessenta dólares de Hong Kong, senhor, àquela hora da noite.

— Sei que Phillip Chen tem reputação de ser avarento, mas o filho é igual?

— Àquela hora da noite, senhor — explicou Brian Kwok —, muitas moças começam a deixar os clubes, se ainda não arrumaram um parceiro. A maioria dos clubes fecha por volta da uma hora. O domingo não é um dia rendoso, senhor. É bem comum rodar por aí, pois não há necessidade de desperdiçar sessenta dólares, talvez duas ou três vezes sessenta dólares, porque as garotas decentes andam aos pares, ou trios, e comumente se leva duas ou três para jantar primeiro. Não há por que desperdiçar todo esse dinheiro, não é, senhor?

— Você roda por aí, Brian?

— Não, senhor. Não tenho necessidade... não, senhor. Crosse soltou um suspiro e voltou-se para Armstrong.

— Continue, Robert.

— Bem, senhor, eles não conseguiram pegar nenhuma moça, e foram para o Copacabana Night Club, no Sap Chuk Hotel, na Gloucester Road, para cear. Chegaram lá por volta da uma hora, e saíram por volta de uma e quarenta e cinco. Wo Sang Chi disse que viu John Chen entrar no seu carro, mas que não o viu sair dirigindo... depois foi a pé para casa, pois mora ali perto. Disse que John Chen não estava alto, ou de mau humor, nada disso, mas parecia animado, embora, anteriormente, no Tong Lau Club, parecesse irritadiço e quisesse interromper logo o jogo de mah-jong. E é o fim de tudo. Daí em diante, John Chen não foi mais visto pelos amigos... nem pela família.