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— O que foi que o tai-pan... o que foi que Ian fez? — perguntou.

Gavallan respondeu:

— Ele simplesmente olhou para Gornt. Sabíamos que, se tivesse um revólver, uma faca ou um porrete, ele os teria usado, dava para se sentir isso. E como não tinha arma alguma, sabíamos que, a qualquer momento, usaria as mãos ou os dentes... Ficou absolutamente imóvel e olhou para Gornt, e este recuou um passo, saindo do seu alcance... literalmente. Mas o sacana do Gornt tem cojones. Recuperou o controle e devolveu o olhar de Ian, por um momento. Depois, sem dizer palavra, virou-se muito devagar, com muito cuidado, sem desfitar Ian, e foi embora.

— O que esse filho da mãe está fazendo aqui hoje? — murmurou Linbar.

Gavallan disse:

— Tem que ser importante.

— Qual deles? — perguntou Linbar. — Qual é o importante?

Casey olhou para ele, e com o canto dos olhos viu Jacques de Ville sacudir a cabeça, em sinal de advertência, e imediatamente Linbar e Gavallan se retraíram. Mesmo assim, ela perguntou:

— O que Gornt está fazendo aqui?

— Não sei — respondeu Gavallan, e ela acreditou nele.

— Eles voltaram a se encontrar, desde aquele Natal?

— Oh, sim, muitas vezes, o tempo todo — disse Gavallan. — Socialmente, é claro. Além disso, pertencem às mesmas juntas diretoras, comitês, conselhos administrativos. — Contrafeito, acrescentou: — Mas... bem, estou certo de que estão apenas esperando.

Ela viu os olhos deles se voltarem para os dois inimigos, e os dela fizeram o mesmo. Seu coração batia fortemente. Viram Penelope se afastar para falar com Claudia Chen. Daí a um momento, Dunross olhou na direção deles. Ela sabia que ele estava fazendo alguma espécie de sinal para Gavallan. A seguir, seus olhos detiveram-se nela. Gornt acompanhou-lhe o olhar. Agora, os dois homens olhavam para ela. Sentiu o magnetismo deles intoxicando-a. Um demônio dentro dela guiou seus passos na direção deles. Sentia-se contente, agora, por ter-se vestido daquele jeito, mais provocantemente do que planejara, mas Linc lhe dissera que naquela noite devia parecer menos "executiva".

Enquanto caminhava, sentia o roçar da seda no corpo, e seus mamilos endureceram. Sentiu os olhos deles percorrendo o seu corpo, despindo-a, e desta vez, estranhamente, não se incomodou. Seu andar tornou-se imperceptivelmente mais felino.

— Alô, tai-pan — falou, com fingida inocência. — Queria que viesse fazer-lhes companhia?

— Sim — replicou ele, prontamente. — Creio que vocês dois se conhecem.

Ela sacudiu a cabeça e sorriu para os dois, sem perceber a armadilha.

— Não, não nos conhecemos. Mas é claro que sei quem é o Sr. Gornt. Andrew me contou.

— Ah, então deixe-me apresentá-los, formalmente. Sr. Quillan Gornt, tai-pan da Rothwell-Gornt. Srta. Tcholok, Ciranoush Tcholok, dos Estados Unidos.

Ela estendeu a mão, ciente do perigo de se meter entre os dois homens, metade da sua mente excitada pelo perigo, a outra metade gritando: "Meu Deus, o que estou fazendo aqui?"

— Ouvi falar muito a seu respeito, Sr. Gornt — disse, satisfeita porque sua voz estava controlada, satisfeita com o toque da mão dele... diferente da de Dunross, mais áspera, e não tão forte. — Creio que a rivalidade entre as suas firmas existe há gerações.

— Apenas três. Foi meu avô quem primeiro sentiu a misericórdia não tão suave dos Struans — disse Gornt, tranqüilamente. — Um dia desses gostaria de lhe contar a nossa versão das lendas.

— Acho que vocês dois deviam fumar o cachimbo da paz — falou. — Certamente a Ásia é ampla o bastante para os dois.

— O mundo inteiro não o é — replicou Dunross, afavelmente.

— Não — concordou Gornt, e se ela não tivesse ouvido a história real, teria imaginado, pelo tom de voz e pelo jeito deles, que eram apenas rivais cordiais.

— Nos Estados Unidos temos muitas companhias enormes... e elas convivem em paz. Em competição.

— Aqui não é a América — disse Gornt, calmamente. — Quanto tempo vai ficar aqui, srta. Tcholok?

— Depende de Linc... Linc Bartlett. Trabalho nas Indústrias Par-Con.

— É, eu sei. Ele não lhe contou que vamos jantar juntos na terça-feira?

Os sinais de alerta percorreram o corpo dela.

— Terça-feira?

— É. Combinamos hoje de manhã. Na nossa reunião. Ele não lhe contou?

— Não — disse, momentaneamente abalada. Os dois homens a fitavam atentamente, e ela teve vontade de poder sair de fininho e voltar dali a cinco minutos, depois de ter pensado direito no caso. "Caramba", pensou, e lutou para manter a serenidade, enquanto todas as implicações vinham à sua mente. — Não — repetiu —, Linc não me falou de nenhuma reunião. O que combinaram?

Gornt lançou um olhar para Dunross, que ainda escutava tudo com fisionomia inexpressiva.

— Apenas um jantar na terça-feira. O Sr. Bartlett e a senhorita... se estiver livre.

— Seria ótimo... obrigada.

— E onde está o seu Sr. Bartlett, agora? — perguntou ele.

— No... no jardim, acho. Dunross falou:

— A última vez que o vi estava no terraço. Adryon estava com ele. Por quê?

Gornt pegou uma cigarreira de ouro e ofereceu-a à moça.

— Não, obrigada. Não fumo.

— Incomoda-se se eu fumar? Ela fez que não com a cabeça.

Gornt acendeu um cigarro e olhou para Dunross.

— Só gostaria de cumprimentá-lo antes de ir embora — falou, amavelmente. — Espero que não se incomode por eu ter vindo apenas por alguns minutos... desculpe não poder ficar para o jantar. Tenho um compromisso urgente... você compreende.

— Claro. — Dunross acrescentou. — Lamento que não possa ficar.

Nenhum dos dois homens demonstrava coisa alguma, na fisionomia. Só nos olhos. Era neles que se via o ódio. A fúria. Sua profundidade chocou Casey.

— Peça a Ian Dunross para mostrar-lhe a Galeria Longa — dizia Gornt para ela. — Ouvi dizer que há nela excelentes retratos. Eu próprio nunca estive na Galeria Longa... apenas no salão de bilhar.

Ela sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha enquanto ele olhava para Dunross, que retribuía o olhar.

— A tal reunião de hoje de manhã — falou Casey, pensando agora com clareza, achando mais sensato falar logo tudo na frente de Dunross. — Quando foi marcada?

— Há umas três semanas — disse Gornt. — Pensei que fosse sua principal executiva. Estou surpreso de ele não a ter mencionado para a senhorita.

— Linc é o nosso tai-pan, Sr. Gornt. Trabalho para ele, que não é obrigado a me contar tudo — respondeu, agora mais calma. — Ele deveria ter-me contado, Sr. Gornt? Quero dizer, era importante?

— Poderia ser. É. Confirmei, oficialmente, que podemos cobrir qualquer oferta que a Struan faça. Qualquer oferta. — Gornt voltou a olhar para o tai-pan. A voz dele ficou uma fração mais dura. — Ian, queria dizer-lhe, pessoalmente, que estamos no mesmo mercado.

— Foi por esse motivo que veio?

— Um dos motivos.

— O outro?

— Prazer.

— Há quanto tempo conhece o Sr. Bartlett?

— Uns seis meses. Por quê?

Dunross deu de ombros, depois olhou para Casey, e ela não pôde lhe notar no rosto, na voz, nem nos modos nada além de simpatia.

— Não sabia nada das negociações com a Rothwell-Gornt? Sinceramente, sacudiu a cabeça, impressionada com o habilidoso planejamento a longo prazo de Bartlett.