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*Onde você está?*

Vou até o banheiro e preparo um banho de banheira. Estou com tanto frio…

* * *

CHRISTIAN AINDA NÃO voltou quando saio do banho. Escolho uma camisola de cetim estilo anos 1930, coloco o robe por cima e vou até a sala. No caminho, dou uma parada diante do quarto vago. Talvez pudesse ser o quarto do Pontinho. Chocada diante dessa ideia, continuo ali parada na porta, contemplando essa realidade. Será que vamos pintar de azul ou cor-de-rosa? Meu doce devaneio azeda quando lembro que meu indócil marido ficou furioso com a minha gravidez. Apanhando o edredom da cama vazia, vou para a sala iniciar minha vigília.

* * *

ALGO ME DESPERTA. Um barulho.

— Merda!

É Christian no hall. Ouço novamente o barulho da mesa arrastando no chão.

— Merda! — repete ele, dessa vez um som mais abafado.

Ergo o corpo, meio desajeitada, a tempo de vê-lo passar cambaleando pelas portas duplas. Ele está bêbado. Sinto uma comichão no couro cabeludo. Merda, Christian bêbado? Ele odeia bêbados. Levanto-me em um salto e corro até ele.

— Christian, você está bem?

Ele se inclina contra o batente das portas.

— Sra. Grey — diz, com a voz pastosa.

Droga. Ele está muito bêbado. Não sei o que fazer.

— Ah… Você está extremamente elegante, Anastasia.

— Onde você estava?

— Shh! — Ele leva o dedo aos lábios e abre um sorriso torto.

— Acho que é melhor você ir para a cama.

— Com você… — Ele solta um riso baixo, de escárnio.

Rindo desse jeito! Franzindo a testa, coloco o braço delicadamente em volta da sua cintura, pois ele mal se aguenta em pé — quanto mais andar sozinho. Onde será que ele estava? Como conseguiu voltar para casa?

— Vou ajudar você a chegar até a cama. Apoie-se em mim.

— Você está muito bonita, Ana.

Ele se deixa cair sobre mim e cheira meu cabelo, quase derrubando a nós dois.

— Christian, ande. Vou colocar você na cama.

— Tudo bem — diz, como se tentasse se concentrar.

Cambaleamos pelo corredor até finalmente chegarmos ao quarto.

— Cama — diz ele, com um sorriso.

— Isso mesmo, cama.

Eu o conduzo até a beirada, mas ele não me solta.

— Vem cá, vem — diz.

— Christian, acho que você precisa dormir.

— Ih, já começou. Bem que me falaram.

Franzo o cenho.

— Falaram o quê?

— Que com bebês não existe mais sexo.

— Isso não é verdade. Se fosse assim, todo mundo seria filho único.

Ele me fita.

— Você está engraçada.

— E você está bêbado.

— Aham.

Ele sorri, mas seu sorriso se transforma quando ele começa a pensar no significado disso, e uma expressão atormentada passa pelo seu rosto, uma expressão que me dá calafrios.

— Venha, Christian — digo com ternura. Detesto a expressão dele. Parece trazer consigo lembranças terríveis, que nenhuma criança deveria ter. — Venha para a cama.

Empurro-o com delicadeza, e ele se joga no colchão, todo esparramado e rindo para mim, já sem o semblante atormentado.

— Vem cá — chama ele, enrolando a língua.

— Primeiro, vamos tirar essa sua roupa.

Ele dá um sorriso selvagem e embriagado.

— Agora sim você está falando a minha língua.

Puta merda. O Christian bêbado é fofo e engraçado. Qualquer hora dessas vou substituir o Christian soltando fogo pelas ventas por esse.

— Sente-se. Para eu poder tirar o seu casaco.

— O quarto está rodando.

Droga… será que ele vai vomitar?

— Christian, sente-se!

Ele me lança um sorriso esquisito.

— Mas como você é mandona, Sra. Grey…

— Sou mesmo. Faça o que eu estou mandando: levante o corpo e fique sentado na cama.

Ponho as mãos na cintura. Ele ri novamente, ergue o corpo apoiando-se nos cotovelos e então se senta, de uma maneira desajeitada e totalmente não Christian. Antes que ele caia novamente, agarro sua gravata e tiro o casaco cinza, um braço de cada vez.

— Você está cheirosa.

— E você está cheirando a álcool.

— É… bour-bon.

Ele pronuncia as sílabas com tanto exagero que preciso conter o riso. Jogo seu casaco no chão e começo a tirar a gravata, enquanto ele repousa as mãos no meu quadril.

— Gostoso esse tecido em você, Anasta-shia… — diz ele, pronunciando mal as palavras. — Você devia usar cetim ou seda o tempo todo.

Ele desliza as mãos pelos meus quadris, subindo e descendo, e depois me puxa na sua direção, pressionando a boca contra a minha barriga.

— E tem um intruso aqui.

Paro de respirar. Puta merda. Ele está falando com o Pontinho.

— Você vai me deixar a noite toda acordado, não vai? — pergunta ele à minha barriga.

Ai, meu Deus. Christian ergue o olhar para mim, seus olhos cinzentos embaçados e sombrios. Meu coração se aperta.

— Você vai gostar mais dele do que de mim — diz ele, triste.

— Christian, você não tem ideia do que está falando. Não seja ridículo; não vou preferir ninguém. E ele pode ser ela.

Ele franze a testa.

— Ela… Ah, meu Deus.

Ele cai novamente na cama e cobre os olhos com o braço. Consegui desatar a gravata. Desamarro os cadarços e tiro seus sapatos e meias. Quando me levanto, percebo por que não encontrei nenhuma resistência — Christian simplesmente desmaiou. Está dormindo profundamente e ressona baixinho.

Fico contemplando-o. Ele é lindo de morrer, mesmo bêbado e roncando. Os lábios bem delineados entreabertos, um braço acima da cabeça, bagunçando o cabelo já todo despenteado, o rosto com ar relaxado. Ele parece jovem — quer dizer, ele é jovem; meu jovem marido, estressado, embriagado e infeliz. Esse pensamento pesa no meu coração.

Bom, pelo menos ele está em casa. Fico me perguntando aonde ele foi. Não sei se tenho energia ou força suficientes para empurrá-lo ou despi-lo mais. Além disso, ele caiu por cima do edredom. Voltando à sala, pego o edredom que eu estava usando e o levo para o nosso quarto.

Ele continua dormindo profundamente, ainda de gravata e cinto. Subo na cama ao seu lado, tiro a gravata e, com cuidado, abro o primeiro botão da sua camisa. Ele balbucia alguma coisa incoerente, mas não acorda. Abro o cinto com jeitinho, vou puxando-o pelos passadores e, com alguma dificuldade, consigo tirá-lo. A camisa está para fora da calça, revelando um trecho do caminho da felicidade. Não resisto: me abaixo e beijo sua barriga. Ele se mexe, jogando o quadril para a frente, mas continua dormindo.

Volto a erguer o corpo e o contemplo novamente. Ah, Christian, meu Cinquenta Tons… o que é que eu vou fazer com você? Passo os dedos pelo cabelo dele — tão macio — e o beijo na têmpora.

— Eu amo você, Christian. Mesmo quando está bêbado e desaparece de casa, indo sabe Deus aonde, eu amo você. Vou amá-lo para sempre.

— Hmm — murmura ele.

Beijo-o na têmpora mais uma vez, depois saio da cama e o cubro com o outro edredom. Posso dormir ao seu lado, atravessada na cama… É, vou fazer isso.

Porém, primeiro vou dobrar as roupas dele. Balanço a cabeça, resignada, e então apanho as meias e a gravata e dobro o casaco no braço. Nisso, seu BlackBerry cai no chão. Ao pegá-lo, acabo sem querer desbloqueando-o. Ele mostra a caixa de entrada de mensagens. Vejo a que eu enviei. Mas há uma mais recente.

Puta merda. Sinto uma comichão na cabeça.

*Foi bom ver você. Agora eu entendo.

Não fique assim. Você vai ser um pai maravilhoso.*

A mensagem é dela. Elena Monstra Filha da Mãe Robinson.

Merda. Então foi isso. Ele foi ver aquela mulher.