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Ela está completamente absorvida na sua tarefa, o que me dá a oportunidade de observá-la. Pensamentos obscenos à parte, ela é atraente, muito atraente. Eu me lembrava bem.

Ela ergue o olhar e congela, fixando em mim seus olhos inteligentes e sagazes — os mais azuis dos azuis, e que parecem ver dentro de mim. É tão desconcertante quanto da primeira vez que a vi. Ela apenas olha, chocada, eu acho, e não sei se essa é uma reação boa ou ruim.

— Srta. Steele. Que surpresa agradável.

— Sr. Grey — sussurra ela, ofegante e nervosa.

Ah... é uma reação boa.

— Eu estava pela área. Preciso me abastecer de algumas coisas. É um prazer tornar a vê-la, Srta. Steele.

Um prazer mesmo. Ela está com uma camiseta justa e calça jeans, e não com aquela merda disforme que vestia no início da semana. O que vejo agora são pernas compridas, cintura fina e seios perfeitos. Ela continua boquiaberta, e tenho que reprimir minha vontade de me aproximar dela e agarrar seu queixo para fechar sua boca. Vim de Seattle só para vê-la, e, pela maneira como você está agora, valeu a pena.

Ana, meu nome é Ana. Em que posso servi-lo, Sr. Grey?

Ela respira profundamente, ajeita os ombros da maneira como fez durante a entrevista e me dá um sorriso falso que com certeza é reservado aos clientes.

E começa o jogo, Srta. Steele.

Estou precisando de alguns artigos. Para começar gostaria de umas braçadeiras de plástico.

Seus lábios se entreabrem quando ela inspira com força.

Você ficaria impressionada com o que eu posso fazer com apenas umas braçadeiras, Srta. Steele.

Temos de vários tamanhos. Posso lhe mostrar?

— Por favor. Vá na frente, Srta. Steele.

Ela sai de trás do balcão e gesticula em direção a um dos corredores. Está de tênis. Distraidamente, imagino como ela ficaria de saltos altíssimos. Louboutins... teria que ser Louboutins.

— Estão na seção de artigos de eletricidade, corredor oito. — Sua voz vacila e ela fica vermelha... de novo.

Ela se sente afetada por mim. A esperança cresce no meu peito. Cadê o gay agora? Dou um sorriso malicioso.

— Vá na frente — murmuro, estendendo a mão para deixá-la guiar o caminho.

Com ela à frente, tenho espaço e tempo para admirar sua bunda fantástica. Ela realmente é um pacote completo: doce, educada e linda, com todos os atributos físicos que eu valorizo em uma submissa. Mas a pergunta que não quer calar é: Será que ela poderia ser uma submissa? Não deve saber nada sobre meu estilo de vida, mas quero muito apresentá-lo a ela. Você está se precipitando, Grey.

— Está em Portland a trabalho? — pergunta ela, interrompendo meus pensamentos. Sua voz é alta, tentando fingir desinteresse. Tenho vontade de rir, o que é animador. As mulheres raramente me fazem rir.

— Eu estava visitando a divisão agrícola da WSU. Fica em Vancouver — minto. Na verdade, estou aqui para ver você, Srta. Steele.

Ela fica vermelha, e eu me sinto um merda.

— No momento, estou financiando umas pesquisas em rotação de culturas e ciência do solo. — Isso, pelo menos, é verdade.

— Tudo parte do seu plano de alimentar o mundo? — Seus lábios se transformam em um meio sorriso.

— Mais ou menos — murmuro.

Ela está rindo de mim? Ah, eu adoraria colocar um fim nisso, se for verdade. Mas como começar? Talvez com um jantar, em vez da entrevista costumeira... Isso sim seria uma novidade: levar uma pretendente para jantar.

Chegamos às braçadeiras, que estão organizadas de acordo com tamanhos e cores. Distraidamente, meus dedos percorrem os pacotes. Eu poderia apenas convidá-la para jantar. Como em um encontro? Será que ela iria? Quando a olho, ela está examinando os próprios dedos. Não consegue olhar para mim... isso é promissor. Escolho as braçadeiras maiores. Afinal, são mais flexíveis — podem acomodar tornozelos e pulsos de uma vez só.

— Estas vão servir — murmuro, e ela ruboriza novamente.

— Mais alguma coisa? — pergunta rapidamente. Ou está sendo superatenciosa ou quer que eu vá logo embora, não sei dizer.

— Eu gostaria de fita adesiva.

— Está fazendo uma reforma?

Reprimo um som de desdém.

— Não, não estou reformando.

Não seguro um pincel há muito tempo. Pensar nisso me faz sorrir; tenho gente para fazer essa porcaria toda.

— Por aqui — murmura ela, parecendo desapontada. — As fitas adesivas ficam no corredor de decoração.

Vamos, Grey. Você não tem muito tempo. Engate uma conversa.

Trabalha aqui há muito tempo?

É claro que já sei a resposta. Ao contrário de outras pessoas, eu pesquiso. Ela cora mais uma vez — caramba, como é tímida. Não tenho a menor chance. Ela se vira rapidamente e segue pelo corredor em direção à seção com uma placa que diz DECORAÇÃO. Eu a sigo, ansioso. Virei o quê, um maldito cachorrinho?

— Quatro anos — balbucia ela quando alcançamos a fita adesiva. Ela se abaixa e pega dois rolos, cada um de uma espessura diferente.

— Vou levar essa — digo.

A mais larga é muito mais eficaz como mordaça. Ao me entregar a fita, as pontas dos nossos dedos se tocam rapidamente, reverberando na minha virilha. Porra!

Ela empalidece.

— Mais alguma coisa? — Sua voz é suave e rouca.

Estou produzindo o mesmo efeito nela que ela produz em mim. Talvez…

— Um pedaço de corda, eu acho.

— Por aqui.

Ela anda pelo corredor, dando-me outra oportunidade de apreciar sua bela bunda.

— De que tipo procura? Temos cordas de fios naturais e sintéticos… barbantes… cabos…

Merdapare. Dou um gemido por dentro, tentando afastar a imagem dela suspensa no teto do quarto de jogos.

— Vou levar quatro metros e meio de corda de fios naturais, por favor.

É mais áspera e arranha mais se você tenta se soltar… sempre uso essa.

Um tremor percorre seus dedos, mas ela mede eficientemente os quatro metros e meio. Puxando uma faca do bolso direito, corta a corda em um único gesto rápido, depois a enrola com cuidado e a prende com um nó. Impressionante.

— Você foi escoteira?

— Atividades organizadas em grupo não são minha praia, Sr. Grey.

— Qual é a sua praia, Anastasia? — Capturo seu olhar, e suas íris se dilatam quando eu a encaro. Sim!

— Livros — sussurra ela.

— Que tipo de livros?

— Ah, você sabe. O normal. Os clássicos. Literatura inglesa, principalmente.

Literatura inglesa? Brontë e Austen, aposto. Todo aquele romantismo. Merda. Isso não é bom.

— Precisa de mais alguma coisa?

— Não sei. O que mais você recomendaria? — Quero ver a reação dela.

— Para um praticante de bricolagem? — pergunta ela, surpresa.

Quero me acabar de rir. Ah, querida, bricolagem não é o que eu curto. Aquiesço, abafando minha vontade de gargalhar. Seus olhos se direcionam para o meu corpo e eu fico tenso. Ela está me examinando! Cacete.

— Macacões — ela deixa escapar.

É a coisa mais inesperada que eu já ouvi da sua boca inteligente e doce desde a pergunta “O senhor é gay?”.

— Você não ia querer estragar sua roupa. — Ela aponta para a minha calça jeans, constrangida mais uma vez.

Não resisto:

— Eu sempre poderia tirá-las.

— Hum. — Ela fica vermelha como um pimentão e olha para o chão.