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— Quero que todo mundo saiba que você é minha.

— Eu sou sua… Olhe.

Levanto a mão esquerda, mostrando minha aliança e meu anel de noivado.

— Não é suficiente.

— Não é suficiente que eu tenha me casado com você? — Minha voz é quase um suspiro.

Ele apenas pisca, registrando o horror no meu rosto. Aonde isso vai nos levar? O que mais eu posso fazer?

— Não foi isso o que eu quis dizer — fala ele, ríspido, e passa a mão pelo cabelo, que acaba por cair em sua testa.

— O que você quis dizer?

Ele engole em seco.

— Quero que o seu mundo comece e termine em mim — diz ele, com expressão franca.

Isso me quebra completamente. É como se ele tivesse me dado um soco forte no estômago, ferindo-me e fazendo eu me dobrar de dor. E a visão que me vem à cabeça é a de um menino de olhos cinzentos e cabelo acobreado, um menino pequeno e amedrontado, dentro de roupas sujas e descombinadas e do tamanho errado para ele.

— E o meu mundo é assim — digo, e é verdade. — Estou apenas tentando estabelecer uma carreira e não quero trocar tudo pelo seu nome. Eu tenho que fazer alguma coisa, Christian. Não posso ficar presa no Escala ou na nossa casa nova sem nada para fazer. Eu ficaria maluca. Sufocada. Sempre trabalhei, e gosto de trabalhar. Este é o emprego dos meus sonhos, tudo o que eu sempre quis. Mas fazer isso não significa que eu ame você menos. Você é o meu mundo.

Minha garganta se fecha e lágrimas brotam nos meus olhos. Não posso chorar, não aqui. Repito isso várias e várias vezes na minha cabeça. Não posso chorar. Não posso chorar.

Ele me encara sem dizer nada. Então uma expressão intrigada cruza seu rosto por um momento, como se ele estivesse considerando o que eu disse.

— Eu sufoco você? — Sua voz é triste e é o eco de uma pergunta que ele me fez antes.

— Não… Sim… Não.

Mas que conversa exasperante — não queria tratar desse assunto agora, aqui. Fecho os olhos e esfrego a testa, tentando entender como chegamos a esse ponto.

— Olhe, estávamos conversando sobre o meu nome. Quero manter meu nome aqui porque quero conservar alguma distância entre mim e você… Mas só aqui, só isso. Você sabe que todo mundo pensa que eu consegui esse emprego por sua causa, quando a realidade é… — Paro quando seus olhos se arregalam. Ah, não… Foi por causa dele?

Você quer saber por que conseguiu esse emprego, Anastasia?

Anastasia? Merda.

— O quê? O que você quer dizer?

Ele muda de posição na cadeira como se endurecesse. Será que eu quero saber?

— A gerência daqui deu a você o trabalho do Hyde para você servir de babá do cargo. Seria muito caro contratar um executivo sênior justo quando a empresa estava sendo vendida. Não tinham ideia do que o novo dono faria quando tomasse posse e, sabiamente, não queriam arcar com os altos custos da demissão. Então colocaram você no lugar do Hyde para que ocupasse o cargo até o novo dono… — ele faz uma pausa e seus lábios se torcem em um sorriso irônico — quer dizer, eu, assumir.

Puta merda.

O que você está dizendo?

Então foi por causa dele. Merda! Estou horrorizada.

Ele sorri e balança a cabeça como se lamentasse meu susto.

— Relaxe. Você mais do que cresceu com o desafio. Está se saindo muito bem. — Há uma mínima sugestão de orgulho na sua voz que quase me faz desabar.

— Ah — murmuro incoerentemente, ainda absorvendo tudo isso.

Sento-me ereta na cadeira, boquiaberta, encarando-o. Ele muda de posição de novo.

— Não quero sufocar você, Ana. Não quero colocar você em uma jaula dourada. Quer dizer… — Ele faz uma pausa, seu rosto tornando-se sombrio. — Quer dizer, minha parte racional não quer. — Ele coça o queixo pensativamente, sua mente tramando algum plano.

Opa, aonde ele quer chegar com isso? Christian olha para cima de repente, como se tivesse tido um momento de iluminação.

— Então um dos meus objetivos em vir aqui, além de lidar com a minha esposa malcomportada — diz ele, apertando os olhos —, é discutir o que vou fazer com esta empresa.

Esposa malcomportada! Não sou malcomportada e não sou um bem! Faço cara feia para Christian de novo, e já não há mais a ameaça das lágrimas.

— E quais são os seus planos?

Inclino a cabeça para o lado, imitando-o, e não consigo evitar o tom sarcástico. Seus lábios se torcem em uma sugestão de sorriso. Uau — mudança de humor de novo! Como posso me manter atualizada do estado de espírito do Sr. Instável?

— Vou mudar o nome da empresa. Para Grey Publishing.

Puta merda.

E em um ano ela será sua.

Meu queixo cai de novo — dessa vez para valer.

— É o meu presente de casamento para você.

Fecho a boca e depois volto a abri-la, tentando articular algo — mas não sai nada. Minha mente é um vazio.

— Então, vou ter que mudar o nome para Steele Publishing?

Ele está falando sério. Porra…

— Christian — sussurro quando meu cérebro finalmente se reconecta com a minha boca —, você já me deu um relógio… E eu não sei administrar um negócio.

Ele balança a cabeça de um lado para o outro e me olha com uma expressão de censura.

— Eu comecei a administrar meu negócio quando tinha vinte e um anos.

— Mas você é… você. Controlador e superdotado. Caramba, Christian, você chegou a estudar economia em Harvard por um tempo. Pelo menos você tem alguma ideia. Eu passei três anos vendendo tintas e braçadeiras em um trabalho de meio período, pelo amor de Deus. Conheço muito pouco do mundo e não sei quase nada! — O volume da minha voz aumenta, ficando mais alta ao fim do meu discurso.

— Você também é a leitora mais voraz que eu conheço — replica ele, com sinceridade. — Você ama um bom livro. Não conseguiu largar o trabalho nem quando estávamos em lua de mel. Quantos originais você leu? Quatro?

— Cinco — sussurro.

— E escreveu relatórios completos sobre todos eles. Você é uma mulher muito inteligente, Anastasia. Tenho certeza de que vai conseguir.

— Você está louco?

— Louco por você — sussurra ele.

Solto um ruído rouco, porque é a única coisa que consigo fazer. Ele aperta os olhos.

— Você vai ser motivo de piada. Comprando uma empresa para a mulherzinha, que só teve um emprego integral por poucos meses na vida adulta.

— Você acha que eu me importo com o que os outros pensam? Além disso, você não vai estar sozinha.

Fico pasma. Ele realmente perdeu a razão dessa vez.

— Christian, eu…

Coloco a cabeça entre as mãos. Minhas emoções estão num turbilhão. Ele está louco? E, vindo de algum lugar sombrio e profundo, sinto uma necessidade repentina e inapropriada de rir. Quando volto a fitá-lo, seus olhos estão arregalados.

— Está achando graça em algo, Srta. Steele?

— Estou. Em você.

Seus olhos se arregalam ainda mais; ele parece em choque, mas com certo bom humor.

— Rindo do seu marido? Isso é inaceitável. E você está mordendo o lábio.

Seus olhos se escurecem… daquela maneira. Ah, não — eu conheço esse olhar. Provocante, sedutor, obsceno… Não, não, não! Não aqui.

— Nem pense nisso — alerto-o, o medo evidente na minha voz.

— Nisso o quê, Anastasia?

— Eu conheço esse olhar. Estamos no trabalho.

Ele se inclina para a frente, os olhos grudados nos meus, olhos cor de ferro fundido, olhos famintos. Merda! Engulo em seco instintivamente.