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— Estamos numa sala pequena, razoavelmente protegida dos ouvidos alheios e com uma porta que pode ser trancada — sussurra ele.

— Conduta moral inadequada. — Enuncio cada palavra com cuidado.

— Não se for com o seu marido.

— Com o chefe do chefe do meu chefe — sibilo.

— Você é minha esposa.

— Christian, não. Estou falando sério. Você pode me comer e castigar hoje à noite. Mas não agora. Não aqui!

Ele pisca e aperta os olhos mais uma vez. E então, inesperadamente, ri.

— Sete níveis de domingo? — Ele arqueia a sobrancelha, intrigado. — Vou cobrar essa promessa, Srta. Steele.

— Ah, pare com isso de Srta. Steele! — falo rispidamente, e bato na mesa: nós dois levamos um susto. — Pelo amor de Deus, Christian. Se é tão importante para você, eu mudo meu nome!

A boca dele se abre quando ele inspira fortemente. E então ele sorri de orelha a orelha, um sorriso alegre, radiante, mostrando todos os dentes. Uau…

— Ótimo. — Ele bate palmas e se levanta de repente.

E agora?

Missão cumprida. Bom, agora eu tenho trabalho a fazer. Se me der licença, Sra. Grey.

Ahhh! Esse homem me deixa louca!

— Mas…

— Mas o quê, Sra. Grey?

Eu fraquejo.

— Nada. Pode ir.

— É o que estou fazendo. A gente se vê à noite. Estou ansioso para castigá-la.

Faço cara feia.

— Ah, e eu tenho um monte de eventos sociais de negócios, quero que você me acompanhe.

Olho embasbacada para ele. Será que você pode ir logo embora?

— Vou pedir à Andrea que ligue para Hannah pedindo para ela reservar as datas na sua agenda. Tem algumas pessoas que você precisa conhecer. Você deveria deixar a Hannah cuidar dos seus horários daqui para a frente.

— Tudo bem — resmungo, em completa surpresa, desnorteamento e choque.

Ele se inclina sobre a minha mesa. O que foi agora? Sou capturada pelo seu olhar hipnótico.

— Adorei negociar com você, Sra. Grey. — Ele se inclina ainda mais; eu permaneço paralisada em minha cadeira. Christian me dá um beijo suave e terno na boca. — Até mais tarde, querida — murmura. E então levanta-se abruptamente, pisca para mim e sai.

Descanso a cabeça na mesa, sentindo como se tivesse sido atropelada por um trator — o trator que é meu amado marido. Ele deve ser o homem mais frustrante, perturbador e teimoso do planeta. Volto a sentar-me ereta e esfrego freneticamente os olhos. O que foi que eu acabei de aceitar? Tudo bem: Ana Grey à frente da Seattle Independent Publishing — quer dizer, da Grey Publishing. Esse homem é insano. Batem à porta, e Hannah coloca a cabeça para dentro.

— Você está bem? — pergunta ela.

Apenas a encaro. Ela franze o cenho.

— Sei que você não gosta disso, mas… quer um chá?

Faço que sim com a cabeça.

— Twinings English Breakfast, fraco e sem leite?

Faço que sim mais uma vez.

— Já está saindo, Ana.

Fico com o olhar perdido, encarando a tela do computador ainda em choque. Como posso fazê-lo entender? E-mail!

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De: Anastasia Steele

Assunto: NÃO SOU UM BEM!

Data: 22 de agosto de 2011 14:23

Para: Christian Grey

Sr. Grey,

Da próxima vez que vier me ver, marque uma hora; assim posso ao menos estar mais preparada para a sua autoritária megalomania adolescente.

Um beijo,

Anastasia Grey <____ favor reparar no nome.

Editora, SIP

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De: Christian Grey

Assunto: Castigo

Data: 22 de agosto de 2011 14:34

Para: Anastasia Steele

Minha Querida Sra. Grey (ênfase no Minha),

O que posso dizer em minha defesa? Eu estava passando aí perto.

E não, você não é um bem, é minha esposa amada.

Como sempre, você alegrou meu dia.

Christian Grey

CEO & Megalomaníaco Autoritário, Grey Enterprises Holdings, Inc.

Ele está tentando ser engraçado, mas não estou com vontade de rir. Respiro fundo e volto para a minha correspondência.

* * *

CHRISTIAN ESTÁ QUIETO quando eu entro no carro à noite.

— Oi — murmuro.

— Oi — responde ele, cauteloso. Acho bom.

— Interrompeu o trabalho de mais alguém hoje? — pergunto, cheia de simpatia.

Uma sombra de sorriso cruza seu rosto.

— Só o do Flynn.

Ah.

Da próxima vez que você for vê-lo, vou dar uma lista de assuntos para vocês discutirem — digo acidamente.

— Você parece irritada, Sra. Grey.

Mantenho os olhos fixos à minha frente, contemplando a nuca de Ryan e de Sawyer. Christian se mexe desconfortavelmente ao meu lado.

— Ei — diz com ternura, e pega minha mão.

Em vez de me concentrar no trabalho, passei a tarde toda tentando pensar no que falar para ele. Mas só ficava mais e mais chateada com o passar das horas. Cansei do seu comportamento arrogante, petulante e, francamente, infantil. Puxo a mão, soltando-a da dele — de uma maneira arrogante, petulante e infantil.

— Está com raiva de mim? — sussurra ele.

— Sim — digo.

Cruzando os braços de maneira defensiva, fico olhando para fora pela janela. Ele se mexe no lugar mais uma vez, mas não vou me permitir olhá-lo. Não entendo por que estou tão brava — mas estou. Puta da vida.

Assim que o carro estaciona em frente ao Escala, quebro o protocolo e saio do carro com minha maleta. Entro no prédio batendo os pés, sem verificar se tem alguém me seguindo. Ryan me segue às pressas e corre para chamar o elevador.

— Que foi? — digo rispidamente quando o vejo ao meu lado. Suas faces ficam vermelhas.

— Minhas desculpas, madame — murmura ele.

Então Christian chega e se coloca ao meu lado para esperar o elevador, e Ryan se afasta.

— Então não é só comigo que você está irritada? — diz ele secamente. Encaro-o e vejo um traço de sorriso no seu rosto.

— Você está rindo de mim? — Aperto os olhos.

— Longe de mim — responde ele, levantando os braços como se eu estivesse lhe apontando uma arma.

Em seu terno azul-marinho, Christian parece fresco e limpo, com seu cabelo desajeitadamente sexy e uma expressão sincera.

— Você precisa cortar o cabelo — resmungo.

E, dando-lhe as costas, entro no elevador.

— Sério?

Ele afasta o cabelo da testa ao entrar atrás de mim no elevador.

— Sério.

Digito o código do nosso apartamento no teclado numérico.

— Então você voltou a falar comigo?

— Só o necessário.

— Por que exatamente você está com raiva de mim? Preciso de uma dica — pergunta ele com cautela.

Eu me viro e o olho boquiaberta.

— Você realmente não tem ideia? Sério, você é tão inteligente, não suspeita de nada? Não acredito que seja tão tapado.

Dá um passo atrás, assustado.

— Você está realmente brava. Achei que tivéssemos resolvido tudo hoje mais cedo na sua sala — murmura, perplexo.

— Christian, eu só capitulei diante das suas exigências petulantes. Só isso.

A porta do elevador se abre e eu saio como um furacão. Taylor está parado no corredor. Ele dá um passo para trás e rapidamente fecha a boca quando passo por ele a todo vapor.

— Oi, Taylor — murmuro.

— Sra. Grey — responde ele.

Largando minha maleta no corredor, entro na sala. A Sra. Jones está ao fogão.

— Boa noite, Sra. Grey.

— Oi, Sra. Jones — cumprimento-a.

Vou direto para a geladeira e pego uma garrafa de vinho branco. Christian me segue até a cozinha e me observa como um falcão tirar uma taça do armário. Ele despe o paletó e o coloca casualmente no balcão.