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Quando volto para a sala, Christian está com as plantas da casa espalhadas sobre a mesa de jantar. Uma música toca no aparelho de som. Paro de súbito.

— Sra. Grey — diz ele, caloroso, e me olha zombeteiramente.

— O que é isso? — pergunto. A música é maravilhosa.

— Réquiem de Fauré. Você está diferente — responde ele, distraído.

— Ah. Eu nunca tinha ouvido antes.

— É muito calma, relaxante — diz ele, e levanta uma sobrancelha. — Você fez alguma coisa com o cabelo?

— Escovei.

Sou transportada pelas vozes pungentes. Abandonando as plantas sobre a mesa, ele vem até onde estou, um caminhar vagaroso, no ritmo da música.

— Dança comigo? — murmura ele.

— Isso? Mas é um réquiem — retruco, chocada.

— É.

Ele me puxa para seus braços e me abraça, enterrando o nariz no meu cabelo e me balançando suavemente de um lado para o outro. Seu cheiro é divinamente inconfundível.

Ah… eu senti falta dele. Retribuo o abraço e tento não chorar. Por que você é tão irritante?

— Odeio brigar com você — sussurra ele.

— Então pare de ser babaca, ora essa.

Ele ri, e o som cativante reverbera pelo seu peito. Christian me aperta contra si.

— Babaca?

— Escroto.

— Prefiro babaca.

— Combina com você.

Ele ri mais uma vez e beija o alto da minha cabeça.

— Um réquiem? — murmuro, um pouco chocada de estarmos dançando essa música.

Ele dá de ombros.

— É só uma linda música, Ana.

Taylor tosse discretamente à entrada, e Christian me solta.

— A Srta. Matteo está aqui — diz ele.

Ah, que alegria!

Mande-a entrar — diz Christian.

Ele se inclina e pega minha mão quando Gia Matteo entra na sala.

CAPÍTULO OITO

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Gia Matteo é uma mulher bonita — uma mulher alta e bonita. Seu cabelo é curto, tingido de louro, com um perfeito corte repicado e impecavelmente arrumado, quase como uma coroa sofisticada. Está vestida com um terninho cinza-claro, a calça e o paletó justos, definindo suas curvas exuberantes. São roupas que parecem caras. Na base do seu pescoço cintila um brilhante solitário, combinando com os brincos: um único brilhante em cada orelha. Ela é bem-cuidada — uma daquelas mulheres que cresceram com dinheiro e classe, embora sua classe pareça estar falhando hoje: a blusa azul-clara está aberta demais. Assim como a minha. Fico vermelha.

— Christian. Ana.

Ela dá um sorriso alegre, mostrando dentes brancos e perfeitos, e estende a mão com as unhas feitas para apertar primeiro a de Christian e depois a minha, de forma que sou obrigada a soltar a mão dele para cumprimentá-la. Ela é apenas um pouco mais baixa que Christian, mas está usando sapatos de salto altíssimo.

— Gia — diz Christian polidamente.

Eu sorrio com frieza.

— Vocês dois parecem ótimos depois da lua de mel — diz ela suavemente, os olhos castanhos encarando Christian atrás de seus longos cílios cobertos de rímel. Christian coloca o braço à minha volta, puxando-me para si.

— Passamos uma temporada maravilhosa, obrigado. — Ele me dá um beijo na têmpora, pegando-me de surpresa.

Veja… ele é meu. Irritante — exasperante, até —, mas meu. Dou um sorriso maldoso. Neste exato momento eu realmente amo você, Christian Grey. Deslizo a mão para sua cintura e depois para o bolso traseiro da sua calça, e aperto sua bunda. Gia dá um sorriso amarelo.

— Vocês conseguiram olhar as plantas?

— Conseguimos — murmuro.

Ergo o olhar para Christian, que sorri para mim com a sobrancelha erguida, em uma expressão de divertimento e sarcasmo. Do que ele está achando graça? Da minha reação à chegada de Gia ou do fato de eu ter apertado sua bunda?

— Por favor — diz Christian. — As plantas estão aqui.

Ele gesticula em direção à mesa de jantar e, pegando minha mão, me conduz até lá, Gia atrás de nós. Finalmente me lembro dos bons modos:

— Quer beber alguma coisa? — pergunto. — Uma taça de vinho?

— Seria ótimo — diz Gia. — Branco seco, se tiver.

Merda! Sauvignon blanc é branco seco, não é? Deixando com relutância o posto ao lado do meu marido, vou até a cozinha. Ouço o chiado do iPod quando Christian desliga a música.

— Quer mais vinho, Christian? — pergunto.

— Por favor, querida — fala ele em voz baixa, sorrindo para mim.

Uau, ele pode ser tão sensacional em alguns momentos e tão desagradável em outros.

Ao abrir o armário, estou ciente dos olhos dele em mim, e tenho o estranho sentimento de que Christian e eu estamos atuando, como competidores em um jogo — só que dessa vez estamos do mesmo lado, adversários da Srta. Matteo. Será que Christian sabe que ela se sente atraída por ele e está deixando isso muito óbvio? Sinto um pequeno prazer quando percebo que talvez ele esteja tentando me tranquilizar. Ou talvez esteja apenas mandando uma mensagem clara para essa mulher: de que ele já tem dona.

Ele é meu. Isso mesmo, sua vaca: meu. Minha deusa interior está usando seu uniforme de gladiadora e não está poupando ninguém. Sorrindo para mim mesma, tiro três taças do armário, pego a garrafa aberta de sauvignon blanc da geladeira e coloco tudo no balcão da cozinha. Gia está inclinada sobre a mesa, enquanto Christian, de pé ao lado dela, aponta para algo nas plantas.

— Acho que a Ana tem alguns ajustes a sugerir sobre a parede de vidro, mas no geral estamos satisfeitos com as ideias que você propôs.

— Ah, fico feliz em saber — diz Gia efusivamente, obviamente aliviada. Ao falar, toca o braço dele rapidamente; um pequeno gesto de flerte. Christian enrijece no mesmo instante, embora de forma sutil. Ela nem parece notar.

Deixe-o em paz, sua piranha. Ele não gosta de ser tocado.

Afastando-se dela discretamente, Christian se vira para mim:

— E o vinho?

— Já estou indo.

Ele está mesmo jogando. Ela o deixa desconfortável. Como não vi isso antes? É por isso que não gosto dela. Ele está habituado ao efeito que causa nas mulheres. Já vi isso muitas vezes e em geral ele nem pensa no assunto. Já contato físico é diferente. Bem, aí vai a Sra. Grey ao resgate.

Sirvo o vinho depressa, junto as três taças nas mãos e corro de volta para meu cavaleiro em perigo. Oferecendo uma taça a Gia, posiciono-me deliberadamente entre eles. Ela sorri com polidez ao aceitar o vinho. Entrego a segunda taça para Christian, que aceita com ansiedade, demonstrando gratidão.

— Tim-tim — diz Christian para nós duas, mas olhando apenas para mim.

Gia e eu levantamos nossas taças e respondemos em uníssono. Tomo um gole feliz.

— Ana, você tem restrições à parede de vidro? — pergunta Gia.

— Tenho. Eu adorei, não me entenda mal. Mas acho melhor incorporarmos de uma maneira mais orgânica à casa. Afinal, eu me apaixonei por ela como era e não quero fazer nenhuma mudança radical.

— Entendo.

— Só quero que o projeto seja harmonioso, sabe… Mais em coerência com a casa original. — Olho para Christian, que está me encarando pensativamente.

— Sem grandes renovações? — murmura ele.

— Isso. — E confirmo com a cabeça para enfatizar.

— Você gosta do jeito que está?

— Na maior parte, sim. Sempre achei que só precisava de uma reforma.

Os olhos de Christian brilham calorosamente.

Gia olha para nós dois e suas faces ficam rosadas.

— Tudo bem — diz ela. — Acho que estou entendendo aonde você quer chegar, Ana. Que tal se conservarmos a parede de vidro, mas a abrirmos para um deque maior, que mantenha o estilo mediterrâneo? Já temos o terraço de pedras. Podemos colocar pilares de uma pedra que combine, bem espaçados, para não perdermos a vista. Acrescentamos um telhado de vidro ou colocamos telhas, tal como no resto da casa. Assim, também servirá como uma área aberta para refeições ou descanso.