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— Eu não tinha ideia.

Ele dá de ombros.

— Acho que é o mínimo que eu posso fazer. Além do mais, assim ele não vai embora.

— Tenho certeza de que ele gosta de trabalhar para você.

Christian me encara sem nenhuma expressão e então dá de ombros.

— Não sei.

— Acho que ele gosta muito de você, Christian.

Volto a penteá-lo e desvio o olhar para ele; Christian não deixa de me fitar.

— Você acha?

— Acho.

Ele emite um som desdenhoso mas contente, como se estivesse secretamente satisfeito pelo fato de seus empregados gostarem dele.

— Que bom. Você fala com a Gia sobre os quartos em cima da garagem?

— Sim, claro.

Não sinto mais a mesma irritação que sentia antes quando surgia o nome dela. Meu inconsciente concorda solenemente comigo. É… nós nos saímos bem hoje. Minha deusa interior exulta. Agora ela vai deixar meu marido em paz e não vai deixá-lo desconfortável.

Estou pronta para cortar o cabelo de Christian.

— Tem certeza disso? É sua última chance de desistir.

— Faça o pior que puder, Sra. Grey. Não sou eu que tenho que olhar para mim, e sim você.

Dou uma risada.

— Christian, eu poderia olhar para você o dia inteiro.

Ele balança a cabeça, aborrecido.

— É só um rosto bonito, querida.

— E atrás dele, um homem muito bonito. — Beijo-o na têmpora. — Meu homem.

Ele sorri timidamente.

Pegando a primeira mecha de cabelo, penteio-a para cima e seguro-a entre o indicador e o dedo médio. Coloco o pente na boca, pego a tesoura e faço o primeiro corte, tirando uns dois centímetros do comprimento. Christian fecha os olhos e fica sentado como uma estátua, suspirando contente enquanto eu continuo. Às vezes ele abre os olhos e eu o pego me olhando fixamente. Ele não me toca durante a tarefa, o que é um alívio. Seu toque me faz… perder a concentração.

Quinze minutos depois, está pronto.

— Acabei.

Fico satisfeita com o resultado. Ele está mais lindo do que nunca, o cabelo ainda desalinhado e sexy… apenas um pouco mais curto.

Christian se olha no espelho. Parece positivamente surpreso. Ele abre um largo sorriso.

— Bom trabalho, Sra. Grey.

Ele vira a cabeça de um lado para o outro e me envolve em seus braços. Puxando-me para si, me beija e se aninha na minha barriga.

— Obrigado — diz ele.

— O prazer foi meu. — Inclino-me e lhe dou um beijo rápido.

— Está tarde. Dormir. — E ele dá um tapinha de brincadeira na minha bunda.

— Ah! Tenho que limpar isso aqui. — Tem cabelo espalhado no chão todo.

Christian franze o cenho, como se esse pensamento fosse algo que nunca lhe ocorreria.

— Tudo bem, vou pegar a vassoura — diz ele sarcasticamente. — Não quero que você constranja os empregados com esses trajes inapropriados.

— Você sabe onde fica a vassoura? — pergunto inocentemente.

Isso o faz parar na mesma hora.

— Hmm… Não.

Dou uma risada.

— Eu vou.

* * *

EU ME DEITO na cama e, enquanto espero por Christian, reflito sobre como esse dia poderia ter terminado tão diferente. Eu estava com muita raiva dele hoje mais cedo, e ele de mim. Como vou conseguir lidar com esse absurdo de me fazer administrar uma empresa? Não sinto vontade nenhuma de ter minha própria empresa. Não sou ele. Preciso tirar essa ideia da cabeça dele. Talvez devêssemos combinar uma senha para quando ele estiver agindo de forma autoritária e dominadora, para quando estiver sendo um babaca. Dou uma risadinha. Talvez a senha devesse ser babaca. Uma ideia muito interessante.

— O que foi? — pergunta ele ao deitar ao meu lado na cama, vestindo só a calça do pijama.

— Nada. Só uma ideia.

— Que ideia? — Ele se espreguiça ao meu lado.

Isso não vai dar em nada.

— Christian, acho que eu não quero administrar uma empresa.

Ele ergue o corpo, apoiando-se no cotovelo, e me encara.

— Por que está dizendo isso?

— Porque é algo que nunca desejei.

— Você é mais do que capaz, Anastasia.

— Eu gosto de ler livros, Christian. Não vou conseguir fazer isso enquanto dirijo uma empresa.

— Você poderia ser a diretora de conteúdo.

Franzo o cenho.

— Veja — continua ele —, gerenciar uma empresa de sucesso se resume a abraçar o talento dos indivíduos que você tem à sua disposição. Se é aí que estão os seus talentos e interesses, então você estrutura a empresa de uma forma que lhe permita explorá-los. Não descarte essa possibilidade logo de cara, Anastasia. Você é uma mulher muito capaz. Acho que poderia fazer qualquer coisa que quisesse.

Uau! Como ele pode saber se eu vou ser boa nisso?

— Também tenho medo de que isso tome muito do meu tempo.

Christian franze o cenho.

— Tempo que eu poderia dedicar a você. — Recorro à minha arma secreta.

Seu olhar escurece.

— Sei o que você está fazendo — murmura ele, achando graça.

Droga!

— O quê? — digo, fingindo inocência.

— Está tentando me distrair do assunto em questão. Você sempre faz isso. Só não descarte logo a ideia, Ana. Pense sobre o assunto. É só o que eu peço.

Ele se inclina e me beija castamente, depois passa o polegar pelo meu rosto. Essa discussão vai render. Dou um sorriso para ele — e algo que ele disse mais cedo me vem de repente à cabeça.

— Posso perguntar uma coisa? — Minha voz é fraca, hesitante.

— Claro.

— Hoje você disse que se eu estivesse com raiva de você, que era para descontar na cama. O que você quis dizer com isso?

Ele fica parado.

— O que acha que eu quis dizer?

Merda! Vou ter que falar logo.

— Acho que você queria que eu o amarrasse.

Suas sobrancelhas se erguem em surpresa.

— Hmm… não. Não era isso. Não mesmo.

— Ah. — E fico surpresa ao notar a pontada de desapontamento que sinto.

— Você quer me amarrar? — pergunta ele, obviamente interpretando minha expressão da forma correta. Ele parece chocado. Fico vermelha.

— Bem…

— Ana, eu… — Ele então para de falar, e algo sombrio cruza seu rosto.

— Christian — sussurro, alarmada.

Mudo de posição, deitando de lado, e me apoio em um cotovelo, imitando-o. Acaricio seu rosto. Seus olhos estão muito abertos e cheios de medo. Ele balança a cabeça tristemente.

Merda!

— Christian, pare. Não importa. Eu pensei que fosse isso o que você quisesse dizer.

Ele pega minha mão e a coloca sobre seu coração, que bate acelerado. Cacete! O que está havendo?

— Ana, não sei como eu me sentiria sendo tocado se eu estivesse amarrado.

Meu couro cabeludo começa a formigar. É como se ele estivesse confessando algo profundo e sombrio.

— Isso é tudo muito recente ainda. — Sua voz é baixa e rouca.

Merda. Foi só uma pergunta, e eu percebo que ele já avançou muito, mas ainda tem um longo caminho pela frente. Ah, Christian, meu Cinquenta Tons. A angústia aperta meu coração. Inclino-me para perto de Christian e ele congela, mas dou apenas um beijo suave no canto da sua boca.

— Christian, eu entendi errado. Por favor, não se preocupe, não pense nisso.

Dou um beijo nele. Ele fecha os olhos, geme e retribui o beijo, puxando meu corpo para me derrubar no colchão, suas mãos segurando meu queixo. E logo estamos perdidos… perdidos um no outro de novo.

CAPÍTULO NOVE

_________________________________________

Pela manhã, acordo antes de o despertador tocar e vejo Christian enrolado em mim, a cabeça no meu peito, o braço em volta da minha cintura e a perna entre as minhas. E ele está no meu lado da cama. É sempre a mesma coisa. Se discutimos à noite, é assim que ele fica durante o sono, todo enrolado em mim, deixando-me com calor e incomodada.