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* * *

— KATE, ESTÁ TARDE. É melhor irmos embora.

São dez e quinze e eu acabei com o meu quarto mojito de morango. Estou definitivamente sentindo os efeitos do álcool, sentindo-me tonta e quente. Christian vai ficar bem. No devido tempo.

— Claro, Ana. Foi muito bom ver você. Você parece tão mais, não sei… confiante. Dá para ver que o casamento lhe fez bem.

Sinto meu rosto esquentar. Vindo da Srta. Katherine Kavanagh, isso é um indubitável elogio.

— É verdade — sussurro.

Provavelmente porque eu bebi demais, meus olhos ficam cheios d’água. Eu não poderia estar mais feliz. Apesar de toda a sua bagagem, sua natureza, seus Cinquenta Tons, eu conheci e me casei com o homem dos meus sonhos. Rapidamente mudo de assunto para frear meus pensamentos sentimentais, porque senão eu sei que vou chorar.

— Eu realmente adorei nossa noite. — Pego a mão de Kate. — Obrigada por me arrastar para fora de casa!

Nós nos abraçamos. Quando ela me solta, aceno para Sawyer e ele entrega a Prescott as chaves do carro.

— Tenho certeza de que a Sra. Certinha-Prescott contou ao Christian que eu não estou em casa. Ele vai ficar muito bravo — murmuro para Kate.

E talvez ele pense em alguma maneira deliciosa de me punir… Tomara.

— Por que esse sorriso bobo, Ana? Você gosta de deixar o Christian bravo?

— Não. Na verdade, não. Mas é fácil de acontecer. Ele é muito controlador às vezes. — Na maior parte do tempo.

— Reparei — diz Kate, fazendo uma careta.

* * *

PARAMOS EM FRENTE ao prédio de Kate. Ela me abraça forte.

— Não vire uma estranha — sussurra ela, e me dá um beijo na bochecha.

Então ela sai do carro. Eu dou tchau, estranhamente com saudade de casa. Estava sentindo falta de conversas femininas. É divertido, relaxante e me faz lembrar que ainda sou jovem. Preciso me esforçar para ver Kate mais vezes, mas a verdade é que eu adoro ficar na minha bolha com Christian. Ontem à noite fomos a um jantar de caridade juntos. Havia um monte de homens de terno e mulheres elegantes e arrumadas falando sobre preços de imóveis, a economia em declínio e sobre a queda da bolsa de valores. Ou seja, foi um saco, um saco mesmo. Então é revigorante trocar confidências com alguém da minha idade.

Meu estômago ronca. Ainda não comi. MerdaChristian! Mexo na minha bolsa e pesco meu BlackBerry. Droga — cinco ligações perdidas! Uma mensagem…

*ONDE VOCÊ SE METEU?*

E um e-mail.

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De: Christian Grey

Assunto: Furioso. Você ainda não me viu furioso

Data: 26 de agosto de 2011 00:42 LESTE

Para: Anastasia Grey

Anastasia,

Sawyer me disse que você está tomando drinques em um bar, sendo que você disse que não iria.

Tem alguma ideia de como estou aborrecido no momento?

Vejo você amanhã.

Christian Grey

CEO, Grey Enterprises Holdings, Inc.

Meu ânimo desaba. Ah, merda! Estou realmente encrencada. Meu inconsciente me encara com frieza e depois dá de ombros, adotando sua expressão de você-pediu-agora-aguenta. O que eu esperava? Considero a ideia de ligar para Christian, mas é tarde e ele provavelmente está dormindo… ou andando de um lado para o outro. Decido que uma mensagem rápida é o suficiente.

*AINDA ESTOU INTEIRA. TIVE UMA NOITE ÓTIMA.

SAUDADES — POR FAVOR, NÃO FIQUE ZANGADO*

Fico olhando para o BlackBerry, desejando que ele responda, mas só há um silêncio abominável. Suspiro.

Prescott para em frente ao Escala e Sawyer sai para abrir a porta para mim. Enquanto estamos parados esperando o elevador, aproveito a oportunidade para interrogá-lo.

— A que horas o Christian telefonou?

Sawyer fica vermelho.

— Por volta das nove e meia, madame.

— Por que você não interrompeu minha conversa com Kate para que eu pudesse falar com ele?

— O Sr. Grey pediu que eu não fizesse isso.

Aperto os lábios. O elevador chega e subimos em silêncio. Subitamente sinto alívio por Christian ter uma noite inteira para se recuperar do seu acesso de raiva e por estar do outro lado do país. Isso me dá algum tempo. Por outro lado… sinto saudades dele.

A porta do elevador se abre e por um segundo eu contemplo a mesa do hall de entrada.

O que está errado nessa cena?

O vaso de flores está quebrado em pedaços por todo o chão, água, flores e pedaços de porcelana espalhados por todo lado, e a mesa está de cabeça para baixo. Meu couro cabeludo formiga; Sawyer agarra meu braço e me puxa de volta para o elevador.

— Fique aqui — sussurra ele, pegando uma arma.

Ele entra no hall e desaparece do meu campo de visão.

Eu me escondo no fundo do elevador.

— Luke! — ouço Ryan chamar do salão. — Código azul!

Código azul?

— Você pegou o invasor? — Sawyer grita de volta. — Santo Deus!

Eu me aperto contra a parede do elevador. O que está acontecendo? A adrenalina percorre meu corpo e meu coração ameaça sair pela boca. Ouço vozes suaves, e, um minuto depois, Sawyer reaparece no hall, parado na poça d’água. Seu revólver está no coldre.

— Pode entrar agora, Sra. Grey — diz ele gentilmente.

— O que aconteceu, Luke? — É um fiapo de voz que sai da minha boca.

— Tivemos visita.

Ele me segura pelo cotovelo, e fico agradecida pelo apoio: minhas pernas viraram gelatina. Passamos juntos pelas portas duplas, já abertas.

Ryan está parado na entrada do salão. Tem um corte aberto no supercílio, sangrando, e outro na boca. Ele está bem acabado, as roupas amarfanhadas. Mas o mais chocante é ver Jack Hyde caído aos seus pés.

CAPÍTULO DEZ

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Meu coração está batendo forte e o sangue ressoa alto nos meus tímpanos; o álcool que flui pelo meu organismo amplifica o som.

— Ele está…? — gaguejo, incapaz de terminar a frase e encarando Ryan aterrorizada, de olhos arregalados. Não consigo nem olhar para a figura caída no chão.

— Não, madame. Apenas desmaiado.

O alívio percorre o meu corpo. Ah, graças a Deus.

— E você? — pergunto, ainda olhando para Ryan.

Percebo que não sei seu primeiro nome. Ele está ofegante como se tivesse corrido uma maratona. Ele limpa o canto da boca, enxugando o sangue, e vejo que um hematoma está se formando em seu rosto.

— Foi uma luta dos diabos, mas eu estou bem, Sra. Grey.

Ele sorri de forma tranquilizadora. Se eu o conhecesse melhor, diria que parece até um pouco convencido.

— E Gail? A Sra. Jones?

Ah, não… Será que ela está bem? Será que se machucou?

— Estou aqui, Ana.

Olhando para trás, vejo-a de camisola e robe, o cabelo solto, o rosto pálido e os olhos arregalados — como os meus, imagino.

— Ryan me acordou. Insistiu em que eu viesse para cá. — Ela aponta para trás, na direção do escritório de Taylor. — Não aconteceu nada comigo. E a senhora, está bem?

Faço que sim várias vezes, num movimento de cabeça frenético, e percebo que ela deve ter acabado de sair do quarto do pânico, que é contíguo ao escritório de Taylor. Quem diria que precisaríamos desse cômodo tão cedo? Christian insistiu na sua instalação logo depois do nosso noivado — e eu desdenhei a ideia. Agora, ao ver Gail parada à entrada, fico aliviada por ele ter tomado essa precaução.

Um rangido na porta do hall me distrai. As dobradiças estão despencando. Que diabo aconteceu com aquilo?

— Ele estava sozinho? — pergunto a Ryan.

— Sim, madame. Do contrário a senhora não estaria aqui, posso lhe garantir. — Ele parece levemente ofendido.