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— Você estava com medo de me machucar? — termino a frase por ele, sem acreditar nessa hipótese nem por um minuto, mas também aliviada. Uma parte de mim, uma parte pequena mas cruel, tinha medo de que fosse porque ele não me quisesse mais.

— Eu não podia confiar em mim mesmo — diz ele, baixinho.

— Christian, eu sei que você nunca me machucaria. Não fisicamente, pelo menos. — Seguro a cabeça dele entre as mãos.

— Sabe? — pergunta ele, e há ceticismo na sua voz.

— Claro. Eu sabia que o que você disse era uma ameaça vazia, à toa. Tinha certeza de que você não ia me bater até cansar.

— Mas eu queria.

— Não, não queria. Você só pensou que quisesse.

— Não sei se isso é verdade — murmura ele.

— Pense nisso — encorajo-o, envolvendo-o em meus braços mais uma vez e acariciando seu peito com o rosto, por sobre a camiseta preta. — Em como você se sentiu quando eu fui embora. Você me contou muitas vezes como aquilo afetou você. Como alterou sua visão de mundo, de mim. Eu sei do que você abriu mão por minha causa. Pense em como você se sentiu quando viu as marcas das algemas, durante a nossa lua de mel.

Ele fica parado, e eu sei que está processando a informação. Aperto os braços em volta dele, minhas mãos nas suas costas, sentindo seus músculos firmes e tonificados por baixo da camiseta. Gradativamente, ele vai relaxando, a tensão diminuindo.

É isso que o tem deixado preocupado? O medo de me machucar? Por que eu confio mais nele do que ele mesmo? Não entendo; nós certamente nos transformamos. Em geral ele é tão forte, tão controlado, mas sem isso ele se sente perdido. Ah, Christian, Christian, Christian… Me desculpe. Ele beija meu cabelo, eu ergo o rosto para ele e seus lábios encontram os meus, procurando, dando, tomando, implorando — pelo quê, eu não sei. Só quero sentir sua boca na minha, e retribuo o beijo apaixonadamente.

— Você confia tanto em mim — sussurra ele depois que se afasta.

— Confio mesmo.

Ele acaricia meu rosto com as costas dos dedos e a ponta do polegar, olhando atentamente dentro dos meus olhos. Sua raiva passou. Meu Cinquenta Tons está de volta, de onde quer que estivesse. É bom vê-lo. Ergo o olhar e sorrio timidamente.

— Além disso — suspiro —, você não tem a papelada.

Ele abre a boca, chocado e achando graça ao mesmo tempo, e me aperta contra seu peito de novo.

— Você tem razão. — Ele ri.

Ficamos parados no meio da sala, colados em nosso abraço, apenas apertando um ao outro.

— Vamos para a cama — sussurra ele, depois de sabe-se lá quanto tempo.

Ai, meu Deus…

Christian, precisamos conversar.

— Mais tarde — implora ele suavemente.

— Christian, por favor. Fale comigo.

Ele suspira.

— Sobre o quê?

— Você sabe. Você me deixa no escuro.

— Quero proteger você.

— Não sou uma criança.

— Estou plenamente ciente disso, Sra. Grey.

Ele desliza as mãos pelo meu corpo e apalpa minha bunda. Flexionando o quadril, pressiona sua ereção crescente contra mim.

— Christian! — repreendo-o. — Converse comigo.

Ele suspira mais uma vez, exasperado.

— O que você quer saber? — Sua voz é resignada, e ele me solta.

Eu empaco… Isso não quer dizer que você precisa me soltar. Pegando minha mão, ele se abaixa para apanhar meu e-mail no chão.

— Um monte de coisas — balbucio, enquanto me deixo levar por ele até o sofá.

— Sente-se — ordena.

Algumas coisas nunca mudam, penso, e obedeço. Christian se senta ao meu lado e, inclinando-se para a frente, enterra a cabeça nas mãos.

Ah, não. Será que é difícil demais para ele? Então ele se senta ereto, passa as duas mãos no cabelo e se vira para mim, parecendo ao mesmo tempo ansioso e resignado com seu destino.

— Pergunte – diz ele simplesmente.

Ah. Bem, isso foi mais fácil do que eu pensava.

— Por que reforçar a segurança para a sua família?

— Hyde era uma ameaça para eles.

— Como você sabe?

— Pelo computador dele. Tinha armazenados detalhes pessoais sobre mim e sobre o resto da minha família. Principalmente Carrick.

— Carrick? Por que ele?

— Não sei ainda. Vamos para a cama.

— Christian, conte!

— Contar o quê?

— Você é tão… irritante.

— Você também. — Ele me lança um olhar penetrante.

— Você não aumentou a segurança logo que descobriu que havia informação sobre a sua família no computador. Então o que aconteceu? Por que agora?

Christian aperta os olhos.

— Eu não sabia que ele iria tentar incendiar minha empresa ou… — Ele para. — Pensamos que se tratasse de uma obsessão indesejável, mas, você sabe — ele dá de ombros —, quando se está em evidência, as pessoas ficam interessadas. Eram coisas aleatórias: notícias sobre mim de quando eu estudava em Harvard: minhas atividades no remo, meu trabalho. Relatórios sobre o Carrick: informações sobre a carreira dele, sobre a carreira da minha mãe, e, até certo ponto, sobre Elliot e Mia.

Que estranho.

— Você disse ou — continuo.

— Ou o quê?

— Você disse: “tentar incendiar minha empresa ou…” Como se fosse falar mais alguma coisa.

— Está com fome?

O quê? Franzo a testa para ele e meu estômago ronca.

— Você comeu hoje? — Seu tom é severo e seus olhos, frios.

Sou traída pelo rubor na minha face.

— Foi o que pensei. — Sua voz é cortante. — Você sabe como eu me sinto quanto a você deixar de comer. Venha — diz ele, levantando-se e estendendo a mão. — Vou alimentar você. — E ele muda de novo… Dessa vez sua voz está cheia de promessas sensuais.

— Vai me alimentar? — sussurro, e tudo abaixo do meu umbigo se liquefaz.

Mas que inferno. Essa é uma distração tão tipicamente volátil em relação ao que estávamos discutindo. Acabou? É só isso o que eu vou conseguir tirar dele agora? Levando-me para a cozinha, Christian pega um banco e o suspende para colocá-lo no outro lado da ilha.

— Sente-se — ordena.

— Cadê a Sra. Jones? — pergunto ao me sentar, notando a ausência dela pela primeira vez.

— Dei esta noite de folga a ela e ao Taylor.

Ah.

Por quê?

Ele me fita por um instante, e seu divertimento arrogante volta.

— Porque eu posso.

— Então você vai cozinhar? — Minha voz trai minha incredulidade.

— Ah, está lhe faltando um pouco mais de fé, Sra. Grey. Feche os olhos.

Uau. Achei que fôssemos ter uma briga feia, e aqui estamos, brincando na cozinha.

— Feche os olhos — repete ele.

Primeiro eu reviro os olhos, depois obedeço.

— Hmm… Não foi muito bom — murmura Christian.

Abro um olho e o vejo pegar um lenço de seda cor de ameixa do bolso de trás da calça. Combina com o meu vestido. Caramba. Olho inquisidoramente para ele. Em que momento ele pegou isso?

Feche — ordena ele de novo. — Sem roubar.

— Você vai me vendar? — balbucio, chocada. De repente, fico sem fôlego.

— Vou.

— Christian… — Ele encosta um dedo nos meus lábios, silenciando-me.

Eu quero conversar.

A gente conversa mais tarde. Quero que você coma agora. Você disse que estava com fome.

Ele me beija de leve na boca. Sinto a maciez da seda do lenço contra minhas pálpebras quando ele dá um nó firme na parte de trás da minha cabeça.

— Está conseguindo ver? — pergunta ele.

— Não — murmuro, revirando os olhos figurativamente. Ele dá uma risada.