— Goze para mim, baby — murmura ele, a voz grave.
Aperto os olhos com força, e meu corpo se enrijece ao som baixo da sua voz, e eu gozo alto, contorcendo-me no clímax intenso. Ele para, a testa contra a minha, sussurrando suavemente meu nome, envolvendo-me em seus braços e encontrando a própria liberação.
* * *
ELE ME LEVANTA delicadamente e me coloca na cama. Fico deitada nos seus braços, exausta e finalmente saciada. Ele roça o rosto pelo meu pescoço.
— Está melhor agora? — sussurra.
— Hmm.
— Vamos para a cama, ou você quer dormir aqui?
— Hmm.
— Sra. Grey, fale comigo. — Ele parece estar achando graça.
— Hmm.
— Isso é o melhor que você consegue fazer?
— Hmm.
— Venha. Vou colocar você na cama. Não gosto de dormir aqui.
Relutantemente, mudo de posição, virando-me para olhá-lo.
— Espere — sussurro.
Ele apenas pisca para mim, os olhos arregalados com inocência fingida, e ao mesmo tempo com cara de quem fez um ótimo sexo e está satisfeito consigo mesmo.
— Você está bem? — pergunto.
Ele aquiesce e abre um sorriso convencido, como um adolescente.
— Agora estou.
— Ah, Christian — repreendo-o, e gentilmente afago seu lindo rosto. — Eu estava falando do seu pesadelo.
Sua expressão se congela momentaneamente; então ele fecha os olhos e aperta os braços em volta de mim, enterrando o rosto no meu pescoço.
— Não — sussurra ele, a voz rouca e embargada.
Meu coração se aperta mais uma vez no meu peito, e eu o abraço com mais força, acariciando suas costas e seu cabelo.
— Desculpe — balbucio, assustada com a sua reação. Puta merda. Como posso acompanhar essas mudanças de humor? O que será que havia nesse maldito pesadelo? Não quero lhe causar mais dor fazendo-o reviver os detalhes. — Está tudo bem — murmuro suavemente, desesperada para trazer de volta o garoto brincalhão de um minuto atrás. — Está tudo bem — fico repetindo, para tranquilizá-lo.
— Vamos para a cama — diz ele baixinho depois de um tempo, e se afasta, deixando-me com um vazio doloroso quando se levanta da cama. Levanto-me depois dele, meio desajeitada, mantendo o lençol de cetim enrolado em volta do corpo, e me abaixo para pegar minhas roupas.
— Deixe isso aí — diz ele, e, antes que eu me dê conta, ele me pega no colo. — Não quero que você tropece nesse lençol e quebre o pescoço.
Coloco os braços em volta dele, encantada por vê-lo recuperado, e o afago enquanto ele me carrega escada abaixo para o nosso quarto.
* * *
MEUS OLHOS SE abrem de súbito. Tem algo errado. Christian não está na cama, embora ainda esteja escuro. Olhando para o relógio na mesa de cabeceira, vejo que são três e vinte da manhã. Cadê ele? Então ouço o piano.
Descendo rapidamente da cama, pego meu robe e passo pelo corredor em direção à sala. A música que ele está tocando é tão depressiva — um lamento triste que eu já o ouvi tocar antes. Paro à porta e o observo, mergulhado em um facho de luz, enquanto a música dolorosamente aflita preenche a sala. Ele termina, e então reinicia a peça. Por que algo tão melancólico? Abraço a mim mesma e fico ouvindo-o, fascinada. Mas meu coração dói. Christian, por que tanta tristeza? É por minha causa? Fui eu quem provoquei isso? Quando ele termina, apenas para começar pela terceira vez, não consigo mais me conter. Ele não ergue o olhar quando me aproximo do piano, mas chega para o lado, para que eu possa sentar-me ao seu lado no banco. Ele continua a tocar, e eu apoio a cabeça no seu ombro. Ele beija meu cabelo, mas só para de tocar quando termina a peça. Olho para ele: Christian me encara com cautela.
— Acordei você? — pergunta.
— Só porque você não estava lá. Qual o nome dessa peça?
— É Chopin. Um dos prelúdios em mi menor. — Ele faz uma pausa. — Chama-se “Suffocation”…
Pego sua mão.
— Você ficou realmente mexido com tudo isso, não foi?
Ele solta um ruído abafado.
— Um babaca demente entra na minha casa para sequestrar a minha mulher. Ela não faz o que lhe mandam fazer. Ela me deixa louco. Ela recorre à palavra de segurança. — Ele fecha os olhos rapidamente e, quando volta a abri-los, estão severos e rudes. — É, fiquei bem mexido.
Aperto sua mão.
— Desculpe.
Ele pressiona a testa contra a minha.
— Eu sonhei que você tinha morrido — sussurra ele.
O quê?
— Deitada no chão… tão fria… e você não acordava.
Ah, meu Cinquenta Tons.
— Ei… Foi só um sonho ruim. — Seguro sua cabeça com as mãos. Seus olhos ardem nos meus, transmitindo uma angústia sombria. — Eu estou aqui, e estou com frio sem você na cama. Volte para a cama, por favor.
Pego sua mão e me levanto, esperando para ver se ele vai fazer o mesmo. Finalmente, ele também se levanta. Está só com a calça do pijama, que cai daquela maneira; fico com vontade de passar os dedos pela parte interna da cintura da calça, mas resisto e o levo de volta ao quarto.
* * *
QUANDO ACORDO, ELE está enroscado em mim, dormindo tranquilamente. Relaxo e aproveito seu calor ao redor do meu corpo, sua pele na minha. Fico deitada sem me mexer, pois não quero perturbar seu sono.
Caramba, que noite. Parece que fui esmagada por um trator — o pesado trator que é o meu marido. Difícil acreditar que o homem deitado ao meu lado, parecendo tão sereno e jovem em seu sono, estava tão atormentado ontem à noite… e que também me atormentou. Olho para o teto, e me ocorre que sempre penso em Christian como forte e dominador — mas, na verdade, ele é muito frágil, meu menino perdido. E a ironia é que ele me vê como frágil — o que eu não acho que seja. Comparada a ele, eu é que sou forte.
Mas será que sou forte o suficiente para nós dois? Forte o suficiente para obedecer-lhe e dar-lhe alguma paz de espírito? Suspiro. Ele não está me pedindo tanta coisa assim. Repasso nossa conversa da noite anterior. Decidimos alguma outra coisa além de que ambos vamos nos esforçar mais? O fato é que eu amo esse homem, e preciso traçar uma rota para nós dois. Uma rota que me permita manter minha integridade e independência, mas ao mesmo tempo ser mais para ele. Eu sou o seu mais, e ele é o meu. Resolvo fazer um esforço especial esse fim de semana, para não lhe dar mais motivo de preocupação.
Christian se agita e levanta a cabeça do meu peito, olhando-me sonolento.
— Bom dia, Sr. Grey. — Sorrio.
— Bom dia, Sra. Grey. Dormiu bem? — Ele se espreguiça ao meu lado.
— Depois que o meu marido parou com aquele lamento horrível ao piano, sim, dormi bem.
Ele abre seu sorriso tímido, e eu me derreto.
— Lamento horrível? Pode ter certeza de que eu vou mandar um e-mail para a Srta. Kathie contando isso.
— Srta. Kathie?
— Minha professora de piano.
Dou uma risadinha.
— Que lindo som — diz ele. — Que tal termos um dia melhor hoje?
— Tudo bem — concordo. — O que você quer fazer?
— Depois que eu fizer amor com a minha esposa e ela preparar o meu café da manhã, eu gostaria de levá-la a Aspen.
Olho embasbacada para ele.
— Aspen?
— É.
— Aspen, no Colorado?
— Isso mesmo. A não ser que tenham tirado de lá. Afinal de contas, você pagou vinte e quatro mil dólares pela experiência.
Abro um sorriso.
— Era dinheiro seu.
— Dinheiro nosso.
— Era seu quando eu fiz a oferta. — Reviro os olhos.
— Ah, Sra. Grey, você e seu revirar de olhos — sussurra ele, passando a mão na minha coxa.
— Não vai levar horas para chegarmos ao Colorado? — pergunto, para distraí-lo.