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Kate dá um assovio alto.

— Lindo lugar.

Dou uma olhada ao redor e vejo Elliot ajudando Taylor com nossa bagagem. Mais uma vez me pergunto se ela sabe que tem a mão de Gia aqui.

— Tour? — sugere Christian.

Seja lá o que o tenha incomodado em relação a Mia e Ethan, Christian já esqueceu. Ele irradia entusiasmo — ou seria ansiedade? Difícil dizer.

— Claro.

Uma vez mais me sinto esmagada diante de tanta riqueza. Quanto será que custou esta casa? E eu não contribuí com nada. Por um instante sou transportada de volta para a primeira vez que Christian me levou ao Escala. Também me senti oprimida na ocasião. Você já se acostumou àquele apartamento, meu inconsciente sussurra para mim com acidez.

Christian franze o cenho, mas pega minha mão e me leva para conhecer os outros cômodos. A cozinha ultramoderna é toda feita de bancadas de mármore claro e armários pretos. Há uma adega impressionante, e uma ampla sala no andar de baixo, com TV de plasma, sofás confortáveis… e uma mesa de sinuca. Olho pasma para a mesa, e fico vermelha ao ser flagrada por Christian.

— Quer jogar? — pergunta ele, com um brilho malicioso no olhar.

Balanço a cabeça em negativa, e sua expressão parece ficar carregada mais uma vez. Ele pega minha mão de novo e me leva para o primeiro andar. Há quatro quartos lá em cima, e todos são suítes.

A suíte principal é uma coisa do outro mundo. A cama é imensa, maior do que a da nossa casa, e fica de frente para uma enorme janela envidraçada com vista para Aspen e para as montanhas verdejantes.

— É a Montanha de Ajax; ou Montanha de Aspen, se preferir — diz Christian, observando-me temeroso. Ele está parado à porta, os polegares enfiados nos bolsos da sua calça jeans preta.

Faço um gesto de concordância com a cabeça.

— Você está muito quieta — murmura ele.

— É lindo, Christian. — E subitamente estou morrendo de vontade de voltar para o Escala.

Em cinco largos passos ele chega perto de mim, pega meu queixo e puxa meu lábio inferior, para soltá-lo dos meus dentes.

— O que foi? — pergunta ele, seu olhar procurando o meu.

— Você é muito rico.

— Sou.

— Às vezes eu fico surpresa com a sua fortuna.

— Nossa fortuna.

— Nossa fortuna — murmuro, como um autômato.

— Por favor, Ana, não fique preocupada com isso. É só uma casa.

— E o que a Gia fez aqui exatamente?

— A Gia? — Ele ergue as sobrancelhas em sinal de surpresa.

— É. Ela projetou a reforma da casa, não foi?

— Sim, foi. Ela reprojetou a sala lá de baixo, e Elliot providenciou a construção. — Ele passa os dedos pelo cabelo e franze a testa. — Por que você está perguntando sobre a Gia?

— Você sabia que ela teve um caso com o Elliot?

Christian me fita por um instante, sua expressão indecifrável.

— Elliot já transou com metade de Seattle, Ana.

Solto uma exclamação.

— A maioria mulheres, pelo que eu sei — completa ele, de brincadeira. Acho que Christian está se divertindo com a minha expressão de choque.

— Não!

Ele confirma com a cabeça.

— Não tenho nada a ver com isso. — E levanta as palmas das mãos num gesto de defesa.

— Acho que Kate não sabe disso.

— Ele não deve divulgar muito essa informação. E Kate parece bastante segura.

Estou chocada. O doce e despretensioso Elliot, com seus olhos azuis e seu cabelo louro? Fico olhando para Christian sem acreditar.

Ele inclina a cabeça para o lado, observando-me.

— Mas aposto que isso não tem a ver só com a promiscuidade da Gia ou do Elliot.

— Eu sei. Desculpe. Depois de tudo o que aconteceu essa semana, eu só…

Encolho os ombros, sentindo vontade de chorar de repente. Christian parece relaxar, aliviado. Puxando-me para si, ele me abraça bem apertado, o nariz no meu cabelo.

— Eu sei. Me desculpe também. Vamos relaxar e nos divertir, que tal? Você pode ficar aqui e ler, ver um daqueles programas de TV horrorosos, fazer compras, caminhadas… até pescar. O que quiser. E esqueça o que eu disse sobre Elliot. Foi indiscrição minha.

— De certa maneira explica por que ele está sempre provocando você — murmuro, aninhando-me em seu peito.

— Ele não faz ideia do meu passado. Eu já disse a você, minha família achava que eu era gay. Celibatário, mas gay.

Dou uma risada e começo a relaxar nos braços dele.

— Eu achei que você fosse celibatário. Como me enganei.

Envolvo-o em meus braços, admirada ao pensar em como é ridícula a ideia de Christian ser gay.

— Sra. Grey, está rindo de mim?

— Um pouquinho, talvez — admito. — Sabe, o que eu não entendo é por que você tem esta casa aqui.

— Como assim? — Ele beija meu cabelo.

— Você tem o barco, e eu entendo, e também o apartamento de Nova York, por causa dos negócios; mas por que aqui? E você nem dividia este lugar com outra pessoa.

Christian fica imóvel e em silêncio por um bom tempo.

— Eu estava esperando por você — diz ele suavemente, os olhos cinzentos escuros e luminosos.

— Isso… isso é uma coisa linda de se dizer.

— Mas é verdade. Só que eu não sabia na época. — Ele sorri timidamente.

— Estou feliz que você tenha esperado.

— Você valeu a espera, Sra. Grey. — Ele ergue meu queixo com a ponta do dedo, abaixa-se e me beija com ternura.

— Você também. — Sorrio. — Mas acho que eu trapaceei. Nem esperei tanto tempo por você.

Ele ri.

— Sou um prêmio tão bom assim?

— Christian, você é um prêmio de loteria, a cura para o câncer e os três desejos que o Aladim pediu ao gênio: tudo isso junto.

Ele levanta uma sobrancelha.

— Quando você vai perceber isso? — reclamo. — Você era um ótimo partido. E nem estou me referindo a isso. — Faço um gesto em volta, indicando o ambiente luxuoso. — Eu me refiro a isto aqui. — E coloco a mão sobre o seu coração. Seus olhos se abrem mais. Meu marido confiante e sensual desapareceu para dar lugar ao meu menino perdido. — Acredite em mim, Christian, por favor – sussurro, e seguro seu rosto, puxando sua boca para a minha.

Ele solta um gemido, não sei se por causa do que eu disse ou por ser sua costumeira reação primitiva. Eu o quero, meus lábios beijando os seus, minha língua invadindo sua boca.

Quando estamos os dois sem fôlego, ele se afasta e me lança um olhar duvidoso.

— Quando é que você vai enfiar de vez nessa sua cabeça dura que eu amo você? — pergunto, exasperada.

Ele engole em seco.

— Algum dia.

Já é um progresso. Sorrio, e sou recompensada com seu sorriso tímido.

— Venha. Vamos almoçar. Os outros devem estar se perguntando onde fomos parar. Podemos discutir o que vamos fazer.

* * *

— AH, NÃO! — EXCLAMA Kate de repente.

Todos os olhares se voltam para ela.

— Olhem — diz ela, apontando para a ampla janela.

Lá fora, a chuva começou a cair torrencialmente. Estamos sentados ao redor da mesa de madeira escura da cozinha, e acabamos de consumir um banquete italiano de antepasto misto, preparado pela Sra. Bentley, mais uma ou duas garrafas de Frascati. Estou me sentindo saciada, e também um pouco tonta por causa do álcool.

— Lá se vai nossa caminhada — murmura Elliot, mas parece até aliviado.