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Solto uma exclamação e um gemido baixo.

— Isso é meu — sussurra ele no meu ouvido. Fechando os olhos, ele lentamente tira e põe o dedo. — Não quero que ninguém mais veja.

Minha respiração fica entrecortada e entra no ritmo que ele impõe. Olhando-o pelo espelho, fazendo isso… é mais que erótico.

— Então, seja uma boa menina e não se abaixe, e vai ficar tudo bem.

— Você aprova? — murmuro.

— Não, mas não vou impedi-la de usar o vestido. Você está deslumbrante, Anastasia.

Ele tira o dedo bruscamente, deixando-me sedenta por mais, e se coloca diante de mim. A ponta do seu dedo invasor toca meu lábio inferior. Instintivamente o beijo, e, como recompensa, ganho um sorriso largo e malicioso. Ele então chupa o próprio dedo, e pela sua expressão vejo que meu sabor é bom… delicioso. Fico vermelha. Será que sempre vou ficar chocada quando ele fizer isso?

Ele pega minha mão.

— Venha, vamos gozar o fim de semana — ordena ele suavemente.

Eu ia replicar que estava quase gozando, mas, diante do que aconteceu no quarto de jogos ontem, decido me conter.

* * *

ESTAMOS ESPERANDO A sobremesa em um restaurante luxuoso e exclusivo no centro da cidade. Até o momento a noite foi bem animada, e Mia insiste em esticarmos nosso programa em uma boate. Neste exato instante ela está quieta, para variar um pouco, absorvendo cada palavra dita por Ethan, que conversa com Christian. Mia está obviamente encantada por Ethan, e ele está… bem, é difícil dizer. Não sei se eles são apenas amigos ou se há algo mais ali.

Christian parece à vontade. Ele conversa animadamente com Ethan. É evidente que a tarde de pesca criou um elo entre os dois. A conversa gira principalmente em torno de psicologia. Por incrível que pareça, Christian parece o mais entendido. Ouço vagamente a conversa dos dois, e dou uma fungada triste ao perceber que o conhecimento demonstrado por Christian é resultado de sua experiência com tantos psicanalistas.

Você é a melhor terapia. Essas palavras, sussurradas por ele enquanto fazíamos amor certa vez, ecoam em minha mente. Será que sou mesmo? Ah, Christian, espero que sim.

Olho de relance para Kate. Ela está linda; como sempre, aliás. Ela e Elliot estão menos entusiasmados. Ele parece nervoso, suas piadas um pouco altas demais e sua risada, um pouco forçada. Será que eles brigaram? O que será que o está incomodando? Será aquela mulher? Meu coração se aperta quando penso que ele pode vir a magoar a minha melhor amiga. Olho para a entrada, meio que esperando ver Gia cruzando o restaurante em nossa direção, rebolando afetadamente seu traseiro elegante. Minha mente está me pregando peças; suspeito de que seja a quantidade de álcool que ingeri. Começo a sentir dor de cabeça.

De repente, Elliot nos pega de surpresa ao se levantar, empurrando a cadeira para trás ruidosamente pelo chão de cerâmica. Todos os olhos se voltam para ele, que fita Kate por um momento para depois se ajoelhar ao lado dela.

Ai. Meu. Deus.

Ele pega a mão dela, e o silêncio cai como um cobertor sobre o restaurante inteiro, todos parando de comer, parando de falar, parando de andar para olhar.

— Minha linda Kate, eu amo você. Sua graça, sua beleza e sua determinação são únicas, e você conquistou meu coração. Passe o resto da vida comigo. Case comigo.

Puta merda!

CAPÍTULO QUATORZE

_________________________________________

O restaurante inteiro tem a atenção voltada para Kate e Elliot, todos respirando juntos, esperando. A ansiedade é insuportável. O silêncio se prolonga como um elástico tensionado ao máximo. A atmosfera está sufocante, cheia de apreensão e de esperança ao mesmo tempo.

Kate o encara sem expressão, enquanto ele a fita com olhos arregalados de ansiedade — de medo, até. Droga, Kate! Acabe com a tortura do homem. Por favor. Nossa… ele podia ter feito o pedido em particular.

Uma única lágrima desce pela face de Kate, que ainda assim permanece sem expressão alguma. Merda! Kate chorando? Então ela sorri, um sorriso incrédulo que se abre devagar, um sorriso que diz “Alcancei o Nirvana!”.

— Sim — sussurra ela, um sim doce e suspirante: nem um pouco a sua cara.

Por uma fração de segundo há uma pausa em que o restaurante inteiro exala um suspiro de alívio coletivo, e depois vem um barulho ensurdecedor. Aplausos espontâneos, vivas, assovios, gritaria, e de repente sinto as lágrimas escorrendo pelo meu rosto, borrando minha maquiagem.

Alheios à comoção ao redor, Kate e Elliot estão em seu mundo particular. Elliot tira uma caixinha do bolso, abre-a e a oferece a Kate. Um anel. E, até onde consigo ver, um anel extremamente sofisticado — mas preciso olhar mais de perto. Então era isso que ele estava fazendo com Gia? Escolhendo o anel de noivado? Merda! Ah, estou feliz por não ter contado a Kate.

Kate olha primeiro para o anel e depois para Elliot, e então joga os braços em volta do pescoço dele. Eles se beijam, um beijo excepcionalmente recatado para os dois, e a multidão vai à loucura. Elliot se levanta e agradece a ovação com uma reverência surpreendentemente graciosa; em seguida, munido de um sorriso que deixa transparecer um ar de imensa satisfação consigo mesmo, ele volta a se sentar. Não consigo parar de olhar para eles. Tirando o anel da caixinha, Elliot o desliza com delicadeza pelo dedo de Kate, e o casal se beija mais uma vez.

Christian aperta minha mão. Eu não havia percebido que estava agarrando a dele com tanta força. Solto-o, um pouco constrangida, e ele balança a mão, dizendo um “Ai” só com o movimento dos lábios.

— Desculpe. Você sabia disso? — sussurro.

Christian sorri, e percebo que sim. Ele chama o garçom.

— Duas garrafas de Cristal, por favor. Safra 2002, se tiver.

Lanço-lhe um sorriso enviesado.

— O que foi? — pergunta ele.

— Porque a safra de 2002 é muito melhor do que a de 2003 — provoco-o.

Ele ri.

— Para um paladar criterioso, sim.

— Você tem um paladar muito criterioso, Sr. Grey, e um gosto singular. — Sorrio.

— Isso eu tenho, Sra. Grey. — Ele se inclina para mais perto de mim. — Mas o seu sabor é ainda melhor — sussurra ele, e beija um ponto específico atrás da minha orelha, provocando pequenos arrepios pela minha espinha. Fico vermelha e relembro com verdadeiro prazer sua demonstração de como faltava pano ao meu vestido.

Mia é a primeira a abraçar Kate e Elliot, e, um de cada vez, todos nós damos os parabéns ao feliz casal. Puxo Kate para um abraço apertado.

— Viu? Ele só estava tenso com o pedido — sussurro.

— Ah, Ana. — Ela ri e chora ao mesmo tempo.

— Kate, estou tão feliz por você. Parabéns.

Christian está atrás de mim. Ele aperta a mão de Elliot e — para minha surpresa e do próprio Elliot — puxa o irmão para um abraço. Ouço vagamente o que ele diz:

— É isso aí, Lelliot.

Elliot não responde. Pela primeira vez na vida, o espanto o deixa sem palavras; depois, ele retribui afetuosamente o abraço do irmão.

Lelliot?

— Obrigado, Christian — diz Elliot, emocionado.

Christian dá um abraço rápido em Kate, um tanto constrangido, mantendo uma distância de quase um braço. Sei que ele adota um posicionamento de tolerância em relação a ela, na melhor das hipóteses, e de ambivalência a maior parte do tempo; então, isso já é um progresso. Soltando-a, ele diz, tão baixo que só nós duas conseguimos ouvir:

— Espero que você seja tão feliz no seu casamento quanto eu sou no meu.

— Obrigada, Christian. Também espero — diz Kate polidamente.

O garçom retorna com o champanhe e abre a garrafa com um floreio comedido.