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— Três taças de vinho branco no jantar e duas de champanhe depois de um daiquiri de morango e duas taças de Frascati no almoço. Beba. Agora, Ana.

Como Christian sabe dos drinques da tarde? Faço uma careta para meu marido, mas realmente ele tem razão. Pego o copo d’água e engulo tudo de uma vez, de uma maneira nada feminina, como protesto por ter que obedecê-lo… de novo. Enxugo a boca com as costas da mão.

— Boa menina — diz ele, com um sorriso irônico. — Você já vomitou em cima de mim uma vez. Não quero repetir a experiência tão cedo.

— Não sei do que está reclamando. Você acabou dormindo comigo.

Ele sorri, e seu olhar se ameniza.

— É verdade.

Ethan e Mia voltam.

— Ethan cansou, por enquanto. Venham, garotas. Vamos incendiar a pista. Precisamos queimar as calorias da musse de chocolate.

Kate se levanta imediatamente.

— Você vem? — pergunta ela a Elliot.

— Prefiro ficar olhando você — diz ele. E sou obrigada a virar para o outro lado rapidamente, corando diante do olhar que ele lança para Kate. Ela sorri quando eu me levanto.

— Vou queimar algumas calorias — digo, e, me curvando, sussurro no ouvido de Christian: — Você pode me olhar.

— Não se abaixe assim — rosna ele.

— Tudo bem.

Levanto-me bruscamente. Uau! Minha cabeça roda, e eu agarro o ombro de Christian, o lugar girando e balançando um pouco.

— Talvez você deva beber um pouco mais de água — murmura ele, com um claro tom de advertência na voz.

— Eu estou bem. Essas cadeiras é que são baixas, e o meu sapato é alto.

Kate me pega pela mão; inspirando profundamente, sigo Kate e Mia, em perfeito equilíbrio, até a pista de dança.

A música está pulsando, um ritmo tecno com batidas graves. A pista não está lotada, o que significa que temos algum espaço. É uma mistura eclética de gente — tanto jovens quanto um pessoal mais velho se acabando na noite. Eu nunca soube dançar muito bem. Na verdade, só fui começar depois que conheci Christian. Kate me abraça.

— Estou tão feliz — grita ela, mais alto que a música, e começa a dançar.

Mia está fazendo o que costuma fazer, sorrindo para nós duas e se movimentando para todo lado. Nossa, ela está tomando muito espaço. Dou uma olhadela para a mesa. Nossos homens estão nos observando. Começo a me mexer. O ritmo é pulsante. Fecho os olhos e me entrego à batida.

Ao abrir os olhos novamente, vejo a pista de dança se enchendo. Kate, Mia e eu somos forçadas a ficar mais próximas. E, para minha surpresa, percebo que estou realmente me divertindo. Começo a me mexer um pouco mais… com coragem. Kate ergue os dois polegares para mim, e eu sorrio alegre para ela.

Fecho os olhos. Por que foi que eu passei os primeiros vinte anos da minha vida sem fazer isso? Preferi ler a dançar. Na época de Jane Austen não tinha músicas assim tão animadas para fazê-la se sacudir, e Thomas Hardy… Ih, ele morreria de culpa por não estar dançando com a primeira esposa. Dou uma risada quando penso isso.

Foi Christian. Ele fez com que eu me sentisse segura a respeito do meu corpo e de como movimentá-lo.

De repente, duas mãos estão na minha cintura. Sorrio. Christian veio dançar comigo. Eu me movimento, e suas mãos descem para apertar minha bunda, retornando depois para a minha cintura.

Abro os olhos. E Mia está me encarando horrorizada. Merda… Estou me saindo tão mal assim? Pego nas mãos de Christian. Estão cabeludas. Puta que pariu! Não são dele. Giro o corpo e vejo um gigante louro, com mais dentes do que o natural e sorrindo abertamente para exibi-los.

— Tire as mãos de mim! — berro, mais alto do que a música pulsante; estou apoplética de raiva.

— Que isso, doçura, só estamos nos divertindo.

Ele sorri, levantando as mãos de macaco, os olhos azuis brilhando sob as luzes ultravioleta pulsantes.

Antes de me dar conta do que estou fazendo, dou um tapa forte no seu rosto.

Ai! Merda… Minha mão. Está ardendo.

— Saia de perto de mim! — grito.

Ele me encara, apalpando a face vermelha. Estico minha mão ilesa na frente do seu rosto, abrindo bem os dedos para mostrar a aliança.

— Eu sou casada, seu babaca!

Ele dá de ombros, um tanto arrogante, e abre um sorriso frouxo de desculpas.

Olho ao redor freneticamente. Mia, à minha direita, encara com raiva o Gigante Louro. Kate está entretida nos seus passos de dança. Não vejo Christian à mesa. Espero que ele tenha ido ao banheiro. Dou um passo para trás e encosto em alguém cujo corpo eu conheço muito bem. Ah, merda. Christian passa o braço pela minha cintura e me puxa para o lado.

— Tire as mãos de cima da minha mulher, seu filho da puta. — Ele não está gritando, mas de alguma maneira ouve-se sua voz acima da música.

Puta merda!

Ela sabe se cuidar sozinha — grita o Gigante Louro.

Ele então tira a mão do rosto, de onde o acertei, e Christian o atinge. É como se eu estivesse assistindo a tudo em câmera lenta. Um soco no queixo perfeitamente calculado, movendo-se a tamanha velocidade, mas com tão pouco dispêndio de energia, que o Gigante Louro só percebe quando é atingido. Ele desaba no chão como o desprezível monte de lixo que é.

Puta que pariu.

Christian, não! — exclamo, em pânico, e me coloco na sua frente para contê-lo. Merda, ele vai matar o cara. — Eu já dei um tapa nele — berro, mais alto que a música.

Christian parece não me ver. Ele está encarando o gigante com uma crueldade que eu nunca vi antes nos seus olhos. Bem, talvez uma vez, antes de Jack Hyde dar em cima de mim.

As outras pessoas na pista se afastam como uma onda concêntrica num lago, abrindo espaço à nossa volta e mantendo uma distância segura. O Gigante Louro se levanta com dificuldade no momento em que Elliot se junta a nós.

Ah, não! Kate está comigo, olhando embasbacada para todos nós, e Elliot agarra o braço de Christian. Nessa hora, Ethan também aparece.

— Pega leve, cara. Não fiz por mal.

O Gigante Louro levanta as mãos admitindo a derrota e batendo rapidamente em retirada. Christian o segue com os olhos para longe dali. Ele não olha para mim.

A música muda, a letra explícita de “Sexy Bitch” dando lugar a um tecno pulsante cantado por uma mulher com voz apaixonada. Elliot olha para mim, depois para Christian e, soltando o irmão, puxa Kate para dançar. Coloco os braços em torno do pescoço de Christian, até que ele finalmente faz contato visual comigo, os olhos ainda em chamas — primitivos e ferozes. Um vislumbre de um adolescente brigão. Puta merda.

Ele examina meu rosto.

— Você está bem? — pergunta, finalmente.

— Estou.

Esfrego a palma da mão, tentando aliviar a ardência, e encosto ambas as mãos no peito dele — uma delas latejando. Eu nunca havia batido em ninguém antes. O que foi que me deu? Tocar em mim não era o pior crime contra a humanidade. Ou era?

No entanto, bem no fundo, sei por que bati no Gigante Louro: porque, instintivamente, eu sabia como Christian reagiria ao ver um estranho dando em cima de mim. Eu sabia que ele perderia seu precioso autocontrole. E só de pensar que um idiota insignificante pode tirar do sério meu marido, meu amor, fico irritada. Extremamente irritada.

— Quer se sentar? — pergunta Christian, um tom de voz mais alto do que a música pulsante.

Ah, volte para mim, por favor.

Não. Dance comigo.

Ele me fita de modo impassível, sem dizer nada.

Toque em mim… a mulher canta.

— Dance comigo. — Ele ainda está bravo. — Dance. Christian, por favor.

Pego suas mãos. Christian olha ao redor, com raiva, à procura do rapaz, mas começo a me mexer em torno dele, entrelaçando-me em seu corpo.