Выбрать главу

A massa de gente voltou a nos rodear, apesar de haver agora uma zona de exclusão de cerca de meio metro à nossa volta.

— Você bateu nele? — pergunta Christian, mantendo-se imóvel. Pego suas mãos, ainda fechadas.

— Claro que sim. Pensei que fosse você, mas as mãos dele eram mais cabeludas. Por favor, dance comigo.

Enquanto Christian me fita, a chama em seus olhos muda devagar, evoluindo para outro sentimento, algo mais escuro, mais sensual. De repente, ele me agarra pelos pulsos e me puxa vigorosamente para si, segurando minhas mãos às minhas costas.

— Você quer dançar? Então vamos dançar — diz ele junto ao meu ouvido, e, quando começa a balançar o quadril ao meu redor e contra meu corpo, suas mãos segurando as minhas para trás, não consigo fazer outra coisa a não ser acompanhá-lo.

Ah… Christian sabe mexer o corpo, realmente sabe. Ele me mantém junto de si, sem me soltar; gradativamente, porém, suas mãos relaxam, libertando-me. Minhas mãos movem-se lentamente para a frente, subindo pelos braços dele, sentindo os feixes de músculos sob o casaco, chegando até os ombros. Ele me pressiona contra seu corpo e eu sigo seus movimentos — dançamos lentamente, sensualmente, acompanhando a batida pulsante da música eletrônica.

No momento em que Christian pega minha mão e me gira, primeiro para um lado e depois para o outro, sei que ele voltou para mim. Sorrio. Ele sorri.

Dançamos juntos, e é libertador — divertido. Sua raiva foi esquecida, ou suprimida, e ele me rodopia à sua volta, com total habilidade, no nosso pequeno espaço na pista, sem nunca me soltar. Com ele, torno-me graciosa, esse é o seu dom. Ele me torna sensual, porque é isso o que ele é. E me faz sentir amada, porque, apesar dos seus cinquenta tons, Christian tem muito amor para dar. Observando-o agora, vendo-o se divertir, eu compreenderia se alguém pensasse que ele não se importa com nada no mundo. Sei que seu amor é turvado por questões de controle e superproteção, mas isso não faz com que eu o ame menos.

Estou sem fôlego quando outra música começa.

— Podemos nos sentar? — pergunto, ofegante.

— Claro. — E juntos saímos da pista.

— Você me deixou suada e quente — sussurro ao voltarmos para a mesa.

Ele me puxa para seus braços.

— Eu gosto de você suada e quente. Embora prefira deixar você assim quando estamos a sós — murmura ele, e um sorriso lascivo surge em seu rosto.

Quando me sento, é como se o incidente na pista de dança nunca tivesse acontecido. Estou até um pouco surpresa de não terem nos expulsado daqui. Dou uma olhada em volta. Não tem ninguém nos observando, e não vejo mais o Gigante Louro. Talvez tenha ido embora, ou talvez ele é que tenha sido expulso. Kate e Elliot dançam de forma indecente na pista; Ethan e Mia estão mais comportados. Tomo outro gole de champanhe.

— Aqui.

Christian coloca outro copo d’água na minha frente e me fita com atenção. Sua expressão é de expectativa: Beba. Beba agora.

Faço o que ele manda. Além disso, estou com sede.

Ele pega uma garrafa de Peroni do balde de gelo que há na mesa e toma um longo gole.

— E se a imprensa estivesse aqui? — pergunto.

Christian sabe exatamente que estou me referindo ao fato de ele ter socado o Gigante Louro.

— Eu tenho advogados caros — responde ele friamente, a arrogância em pessoa.

Olho para ele de cenho franzido.

— Mas você não está acima da lei, Christian. Eu tinha a situação sob controle.

Seus olhos ficam gelados.

— Ninguém toca no que é meu — diz ele, com fria determinação, como se eu estivesse ignorando o óbvio.

Ah… Tomo mais um gole de champanhe. De repente me sinto sufocada. A música está alta, martelando na minha cabeça, que dói tanto quanto meus pés; além disso, estou tonta.

Christian pega minha mão.

— Venha, vamos embora. Quero levar você para casa — diz ele.

Kate e Elliot aparecem.

— Vocês estão indo? — pergunta ela, ansiando por uma resposta afirmativa.

— Sim — responde Christian.

— Ótimo, vamos com vocês.

* * *

ENQUANTO ESPERAMOS CHRISTIAN pegar o meu casaco, Kate me interroga:

— O que houve com aquele cara na pista?

— Ele estava passando a mão em mim.

— Eu abri os olhos e você tinha dado um tapa nele.

Dou de ombros.

— Bem, eu sabia que o Christian viraria uma usina termonuclear, e isso poderia arruinar a sua noite.

Ainda estou processando como me sinto em relação ao comportamento de Christian. Na hora, tive medo de que ele fizesse coisa ainda pior.

— Nossa noite — corrige Kate. — Ele é bem esquentado, hein? — acrescenta ela secamente, observando Christian apanhar o meu casaco.

Solto um suspiro e sorrio.

— Pode-se dizer que sim.

— Acho que você consegue controlá-lo bem.

— Controlar?

Franzo a testa. Será que eu controlo Christian?

— Aqui está — diz ele, segurando meu casaco aberto para que eu o vista.

* * *

— ACORDE, ANA.

Christian está me sacudindo delicadamente. Já chegamos em casa. Abro os olhos relutante e cambaleio para fora da minivan. Kate e Elliot desapareceram e Taylor espera pacientemente ao lado do veículo.

— Vou ter que carregar você? — pergunta Christian.

Balanço a cabeça em negativa.

— Vou buscar a Srta. Grey e o Sr. Kavanagh — avisa Taylor.

Christian concorda com um gesto de cabeça e depois me guia até a porta de casa. Meus pés estão latejando e eu o sigo cambaleante. Chegando à porta, ele se abaixa, pega meu tornozelo e arranca gentilmente meus sapatos, primeiro um, depois o outro. Ah, que alívio. Ele então se levanta e me olha, segurando meus Manolos.

— Melhor? — pergunta, achando graça.

Faço um gesto afirmativo com a cabeça.

— Tive visões deliciosas desses sapatos atrás das minhas orelhas — murmura ele, olhando para os meus sapatos pensativamente. Até que ele balança a cabeça e, pegando minha mão mais uma vez, me guia pela casa escura, e subimos a escada para o nosso quarto.

— Você está destruída, não está? — pergunta ele suavemente, fitando-me.

Admito que sim. Ele começa a abrir o cinto do meu trench coat.

— Eu faço isso — balbucio, em uma débil tentativa de afastá-lo.

— Deixa comigo.

Suspiro. Eu não tinha ideia de que estava tão cansada.

— É a altitude. Você não está acostumada. E o álcool, claro.

Com um sorriso irônico, ele tira meu casaco e o joga em uma das cadeiras do quarto. Depois, pegando minha mão, me leva ao banheiro. Por que estamos indo para lá?

Sente-se — ordena ele.

Eu me sento na cadeira e fecho os olhos. Ouço quando ele mexe em alguns frascos no armário do banheiro. Estou cansada demais para abrir os olhos e descobrir o que ele está fazendo. Um instante depois, ele inclina minha cabeça para trás com delicadeza, e eu abro os olhos, surpresa.

— Olhos fechados — diz Christian.

Puxa vida, ele está segurando um chumaço de algodão! Gentilmente, ele o esfrega no meu olho direito. Permaneço sentada, perplexa, enquanto ele metodicamente remove a minha maquiagem.

— Ah. Aí está a mulher com quem eu me casei — diz ele após algumas esfregadelas.

— Não gosta de maquiagem?

— Gosto bastante, mas prefiro o que está por baixo dela. — Ele beija a minha testa. — Aqui. Pegue isso. — Ele coloca um Advil na palma da minha mão e me entrega um copo d’água.

Vejo o que é e faço um beicinho.

— Tome — ordena ele.

Reviro os olhos, mas obedeço.

— Ótimo. Você precisa de um momento sozinha? — pergunta ele, sarcasticamente.

Solto um resmungo de desaprovação.