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— Você pensa em tudo. Obrigada. — Estico o corpo para beijá-lo.

— Penso mesmo. — E me entrega mais uma sacola.

Olho para ele intrigada. De dentro tiro um corpete preto sem alças, com o meio rendado. Ele acaricia meu rosto, pega meu queixo e me beija.

— Estou ansioso para tirar isso de você mais tarde.

* * *

RECÉM-SAÍDA DO BANHO, depilada, limpa e me sentindo paparicada, sento-me na beira da cama e ligo o secador de cabelo. Christian entra no quarto. Acho que ele estava trabalhando.

— Deixa que eu faço isso — diz apontando para a cadeira em frente à penteadeira.

— Secar o meu cabelo?

Ele faz que sim. Fico sem reação.

— Venha — insiste ele, me olhando intensamente.

Conheço essa expressão, e sei que é melhor obedecer. Ele então seca meu cabelo, lenta e metodicamente, uma mecha de cada vez, com sua costumeira habilidade.

— Você já fez isso antes — murmuro.

Seu sorriso se reflete no espelho, mas ele não diz nada e continua a escovar meu cabelo. Hmm… é tão relaxante.

* * *

NÃO ESTAMOS SOZINHOS no elevador ao descermos para jantar. Christian está apetitoso com a combinação que é sua marca registrada: camisa de linho branco, calça jeans preta e blazer. Sem gravata. As duas mulheres dentro do elevador lançam olhares de admiração para ele e outros menos bondosos para mim. Disfarço um sorriso. Sim, senhoras, ele é meu. Christian pega minha mão e me puxa para junto de si. Descemos em silêncio até o mezanino.

O andar está repleto, cheio de pessoas arrumadas para a noite, sentadas pelo local batendo papo e bebendo, esquentando para a noite de sábado. Estou feliz por me adequar ao ambiente. Meu vestido é justo, destacando minhas curvas e mantendo meu corpo todo no lugar. Tenho que admitir que me sinto… atraente. E sei que Christian aprova.

A princípio, penso que estamos nos encaminhando para a sala de jantar privada onde discutimos o contrato pela primeira vez, mas, ao me conduzir, ele passa direto por aquela porta e segue até o extremo oposto, onde abre uma porta para outra sala revestida em madeira.

Surpresa!

Meu Deus. Kate e Elliot, Mia e Ethan, Carrick e Grace, o Sr. Rodriguez e José e minha mãe e Bob estão todos ali, erguendo suas taças para um brinde. Fico parada olhando pasma para eles, sem palavras. Como? Quando? Viro-me em choque para Christian, que aperta minha mão. Minha mãe dá um passo para a frente e me abraça. Ah, mãe!

— Querida, você está linda. Feliz aniversário.

— Mãe! — soluço, abraçando-a.

Ah, mamãe. As lágrimas descem pelas minhas faces apesar da plateia, e enterro o rosto no pescoço dela.

— Minha querida. Não chore. O Ray vai ficar bom. Ele é um homem muito forte. Não chore. Não no seu aniversário.

Sua voz falha de tanta emoção, mas ela mantém a postura. Segurando meu rosto entre as mãos, ela enxuga minhas lágrimas com os polegares.

— Pensei que você tinha esquecido.

— Ah, Ana! Como eu ia esquecer? Não dá para esquecer assim tão fácil dezessete horas de trabalho de parto.

Dou uma risada por entre as lágrimas, e ela sorri.

— Enxugue os olhos, querida. Tem um monte de gente aqui para comemorar esse dia especial.

Eu fungo, sem querer olhar para mais ninguém na sala, envergonhada e emocionada por todos terem feito tanto esforço para vir me ver.

— Como você veio? Quando?

— Seu marido mandou o avião, querida. — Ela sorri, impressionada.

E eu rio.

— Obrigada por vir, mãe. — Ela limpa meu nariz com um lenço de papel, como só uma mãe faria. — Mãe! — repreendo-a, recompondo-me.

— Assim está melhor. Feliz aniversário, querida.

Ela então se coloca de lado, e todo mundo faz uma fila para me abraçar e me desejar feliz aniversário.

— Ele está se saindo bem, Ana. A Dra. Sluder é uma das melhores do país. Feliz aniversário, meu anjo. — Grace me abraça apertado.

— Chore o quanto quiser, Ana: a festa é sua. — José me dá um abraço.

— Feliz aniversário, minha querida. — Carrick sorri, com a mão no meu rosto.

— E aí, garota? Seu velho vai ficar bem. — Elliot me envolve em seus braços. — Feliz aniversário.

— Já chega. — Pegando minha mão, Christian me separa de Elliot. — Pode parar de se esfregar na minha mulher. Vá se esfregar na sua noiva.

Elliot ri com malícia para ele e dá uma piscadela para Kate.

Um garçom que eu ainda não tinha notado oferece taças de champanhe rosé para mim e meu marido.

Christian pigarreia.

— Este seria um dia perfeito se Ray estivesse aqui conosco, mas ele não está longe. Está se recuperando, e eu sei que ele gostaria que você se divertisse, Ana. Agradeço a todos vocês por terem vindo participar do aniversário de minha bela esposa, o primeiro de muitos que passaremos juntos. Felicidades, meu amor.

Christian ergue a taça em minha homenagem em meio a um coro de “feliz aniversário”, e tenho que conter novamente as lágrimas que teimam em surgir.

* * *

OBSERVO AS CONVERSAS animadas em volta da mesa de jantar. É estranho estar cercada pelos meus familiares mais chegados, sabendo que o homem que considero meu pai está ligado a uma máquina que sustenta suas funções vitais, no ambiente frio da UTI. Estou um pouco alheia às comemorações, embora muito grata por tê-los todos aqui. Observo as disputas entre Elliot e Christian, a sagacidade refinada e célere de José, a animação de Mia, bem como seu entusiasmo com a comida, tendo Ethan como um observador disfarçado. Acho que ele gosta dela… ainda que seja difícil dizer com certeza. O Sr. Rodriguez permanece sentado, como eu, aproveitando as conversas ao redor. Ele parece melhor. Mais descansado. José é muito atencioso com o pai, corta a comida dele e mantém seu copo cheio. Ele não tem mais mãe, então o fato de ter visto o pai chegar tão perto da morte o fez valorizar mais o Sr. Rodriguez… sei disso.

Olho para minha mãe. Ela está muito à vontade, charmosa, espirituosa e animada. Eu a amo muito. Tenho que me lembrar de dizer-lhe isso. Percebo agora como a vida é preciosa.

— Está tudo bem? — pergunta Kate, numa voz atipicamente baixa.

Aquiesço e pego sua mão.

— Sim. Obrigada por ter vindo.

— E você acha que o Sr. Cheio da Grana ia me deixar longe de você no seu aniversário? A gente andou de helicóptero! — Ela sorri.

— Sério?

— Aham. Nós todos. Incrível o Christian saber pilotar.

Concordo com um gesto de cabeça.

— Isso é um tanto sexy.

— Também acho.

Nós rimos.

— Você vai passar a noite aqui? — indago.

— Vou. Todos nós, eu acho. Você não sabia de nada?

Balanço a cabeça em negativa.

— Legal, hein?

Concordo.

— O que ele lhe deu de aniversário?

— Isso. — Mostro minha pulseira nova.

— Ah, que graça!

— É mesmo.

— Londres, Paris… sorvete?

— Nem queira saber.

— Eu posso imaginar.

Rimos, e fico vermelha ao me lembrar de Ben & Jerry’s e Ana.

— Ah… e um R8.

Kate cospe o vinho, que escorre pelo seu queixo; é uma cena nem um pouco bonita, o que nos faz rir ainda mais.

— O filho da puta sabe fazer um agrado, hein? — Ela dá uma risada.

* * *

DE SOBREMESA, GANHO um magnífico bolo de chocolate com vinte e duas velas prateadas luzindo em cima e um animado coro cantando “Parabéns para você”. Grace observa Christian cantar junto com meus amigos e minha família, e seus olhos reluzem de amor. Captando meu olhar, ela me sopra um beijo.

— Faça um pedido — sussurra Christian.

Apago todas as velas de uma só vez, desejando ardorosamente que meu pai melhore. Papai, fique bom. Por favor, fique bom. Amo muito você.