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* * *

À MEIA-NOITE, o Sr. Rodriguez e José se despedem.

— Muito obrigada por terem vindo. — Dou um abraço apertado em José.

— Eu não perderia essa festa por nada neste mundo. Estou contente por Ray estar melhorando.

— É verdade. O senhor e o Ray têm que ir pescar com Christian em Aspen.

— Mesmo? Parece ótimo.

José sorri antes de se afastar para ir buscar o casaco do pai, e me abaixo para me despedir do Sr. Rodriguez.

— Você sabe, Ana, teve uma época em que… bem, eu pensei que você e o José… — Sua voz vai desaparecendo, e ele me fita, seus olhos escuros intensos mas amorosos.

Ah, não.

— Gosto muito do seu filho, Sr. Rodriguez, mas ele é como um irmão para mim.

— Você teria sido uma excelente nora. E você é. Para os Grey. — Ele sorri melancolicamente, e eu fico vermelha.

— Espero que o senhor aceite uma amiga.

— É claro. Seu marido é um bom homem. Você escolheu bem, Ana.

— Também acho — murmuro. — Amo muito o meu marido. — Abraço o Sr. Rodriguez.

— Cuide bem dele, Ana.

— Pode deixar — prometo.

* * *

CHRISTIAN FECHA A porta de nossa suíte.

— Enfim sós — murmura ele, recostando-se contra a porta para me observar.

Dou um passo em sua direção e afago a lapela do seu casaco.

— Obrigada pelo aniversário maravilhoso. Você é realmente o mais adorável, atencioso e generoso dos maridos.

— Ao seu dispor.

— Sim… ao meu dispor. Agora eu quero desembrulhar meu presente — sussurro.

E, apertando as mãos em volta da sua lapela, puxo sua boca para a minha.

Após um café da manhã com os nossos convidados, abro os meus presentes e depois me dedico a uma série de bem-humoradas despedidas de todos os Grey e Kavanagh que vão retornar para Seattle no Charlie Tango. Minha mãe, Christian e eu nos dirigimos ao hospital com Taylor na direção, já que nós três não caberíamos no meu R8. Bob preferiu não nos acompanhar na visita, e fiquei secretamente feliz. Seria bastante estranho, e tenho certeza de que Ray não ia gostar que Bob o visse naquela condição.

Ray parece basicamente igual. Com mais cabelo. Minha mãe fica chocada quando o vê, e juntas choramos um pouco mais.

— Ah, Ray.

Ela aperta a mão dele e carinhosamente afaga seu rosto. Fico emocionada ao ver o amor dela pelo ex-marido. Que bom que tenho lenços de papel na bolsa. Sentamo-nos junto a ele, eu segurando a mão dela e ela, a mão de meu pai.

— Ana, houve uma época em que este homem era o centro do meu mundo. Tudo girava em torno dele. Eu sempre vou amar o Ray. Ele cuidou tão bem de você…

— Mãe…

Eu engasgo; ela acaricia meu rosto e põe uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.

— Você sabe que sempre vou amá-lo. Nossos caminhos se afastaram, só isso. — Ela solta um suspiro. — E eu simplesmente não conseguia viver com ele.

Ela olha para os próprios dedos, e imagino se estará pensando em Steve, o Marido Número Três, sobre quem não conversamos.

— Eu sei que você o ama — murmuro, secando os olhos. — Vão tirá-lo do coma hoje.

— Ótimo. Tenho certeza de que ele vai ficar bem. Ele é tão teimoso. Acho que você aprendeu isso com ele.

Sorrio.

— Você andou conversando com o Christian?

— Ele acha você teimosa?

— Acredito que sim.

— Vou dizer a ele que é de família. Vocês parecem tão bem juntos, Ana. Tão felizes.

— Nós somos felizes, eu acho. Caminhando para isso, pelo menos. Eu amo o Christian. Ele é o centro do meu mundo. Tudo gira em torno dele também, para mim.

— Ele obviamente adora você, querida.

— E eu o adoro.

— Não deixe de dizer isso a ele. Os homens precisam ouvir essas coisas tanto quanto nós.

* * *

INSISTO EM IR ao aeroporto com mamãe e Bob para me despedir. Taylor nos segue no R8, e Christian dirige o SUV. Fico triste por eles não poderem ficar mais tempo, mas ambos têm que voltar para Savannah. É uma despedida chorosa.

— Tome conta dela, Bob — murmuro quando ele me abraça.

— Pode deixar, Ana. E você se cuide também.

— Pode deixar. — Eu me viro para minha mãe. — Tchau, mãe. Obrigada por ter vindo — sussurro, com a voz rouca. — Amo muito você.

— Ah, minha garotinha linda, também amo você. E o Ray vai ficar bom. Ele ainda não está pronto para se aposentar dessa vida. Deve ter algum jogo dos Mariners que ele não pode perder.

Dou uma risada. Ela tem razão. Decido ler as páginas esportivas do jornal de domingo para Ray esta noite. Fico vendo minha mãe e Bob subirem as escadas para o jatinho de Christian. Ela acena para mim, toda chorosa, e desaparece. Christian passa o braço em volta do meu ombro.

— Vamos embora, querida — murmura ele.

— Você dirige?

— Claro.

* * *

QUANDO VOLTAMOS PARA o hospital, à noite, Ray parece diferente. Custo um pouco a perceber que o barulho de sugar e soprar do respirador mecânico desapareceu. Ray está respirando por conta própria. Sinto uma onda de alívio. Acaricio seu rosto já um pouco barbado e pego um lenço de papel para limpar com cuidado a saliva que escorre de sua boca.

Christian vai à procura da Dra. Sluder ou do Dr. Crowe, para saber das notícias, e eu assumo meu já costumeiro lugar ao lado da cama, para ficar de vigília.

Abro a edição de domingo do Oregonian na seção de esportes e começo a ler meticulosamente a matéria sobre o jogo de futebol dos Sounders contra o Real Salt Lake. Pelo que dizem, foi uma partida disputada, mas os Sounders perderam com um gol contra de Kasey Keller. Seguro firme na mão de Ray enquanto leio.

— E o placar final foi Sounders um, Real Salt Lake dois.

— Ei, Annie, perdemos? Ah, não! — exclama Ray com a voz rouca, e aperta minha mão.

Papai!

CAPÍTULO DEZENOVE

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As lágrimas escorrem pelo meu rosto. Ele voltou. Meu pai voltou.

— Não chore, Annie. — A voz de Ray soa rouca. — O que está acontecendo?

Seguro sua mão entre as minhas e a encosto em meu rosto.

— Você sofreu um acidente e está no hospital, em Portland.

Ray franze o cenho, e não sei dizer se é porque ele se sente desconfortável com a minha demonstração de afeto incomum ou porque não consegue se lembrar do acidente.

— Quer um pouco d’água? — pergunto, embora eu não tenha certeza se posso realmente lhe dar de beber.

Ele aceita, um pouco desorientado. Meu coração infla de emoção. Levanto-me e me inclino por sobre ele, beijando-lhe a testa.

— Amo você, papai. Bem-vindo de volta.

Ele acena com a mão, desconcertado.

— Eu também, Annie. Água.

Embora o posto de enfermagem fique bem próximo, vou correndo até lá.

— Meu pai… ele acordou! — digo radiante para a enfermeira Kellie, que retribui meu sorriso.

— Avise a Dra. Sluder — pede ela ao seu colega, e sai apressada de trás do balcão.

— Ele quer água.

— Vou levar.

Volto correndo para perto da cama do meu pai, sentindo-me no sétimo céu. Encontrando-o de olhos fechados, imediatamente temo que ele tenha entrado em coma novamente.

— Pai?

— Estou aqui — balbucia ele, e seus olhos se abrem devagar quando a enfermeira Kellie aparece com um copo e uma jarra de cubos de gelo.

— Olá, Sr. Steele. Eu sou a Kellie, sua enfermeira. Sua filha me disse que o senhor está com sede.

* * *

NA SALA DE ESPERA, Christian olha fixo para o notebook, totalmente concentrado. Ele ergue o olhar quando fecho a porta.

— Ele acordou — anuncio.

Ele sorri, fazendo desaparecer a tensão ao redor de seus olhos. Ah… eu não tinha notado antes. Será que estava assim tão tenso esse tempo todo? Ele coloca o notebook de lado, fica de pé e me abraça.