— Como ele está? — pergunta quando retribuo seu abraço.
— Falante, desorientado, com sede. Não se lembra de nada do acidente.
— É compreensível. Agora que ele acordou, quero transferi-lo para Seattle. Assim podemos voltar para casa e minha mãe pode dar atenção a ele.
Já?
— Não sei se ele já está em condições de ser transferido.
— Vou falar com a Dra. Sluder, saber a opinião dela.
— Está com saudades de casa?
— Sim.
— Tudo bem.
* * *
— VOCÊ SÓ SABE SORRIR — comenta Christian quando paro o carro em frente ao Heathman.
— Estou muito aliviada. E feliz.
— Ótimo. — Ele abre um largo sorriso.
A luz do dia está desaparecendo, e estremeço de frio quando saio do carro e sinto o frescor da noite. Entrego a chave ao manobrista, que observa o R8 com admiração. Não posso culpá-lo. Christian coloca o braço em volta de mim.
— Vamos comemorar? — sugere ele quando entramos na recepção.
— Comemorar?
— Seu pai.
Dou uma risada.
— Ah, tá.
— Senti falta da sua risada. — Ele beija meu cabelo.
— Podemos jantar no quarto mesmo? Sabe, uma noite calma, sem sair?
— Claro. Venha.
E, me pegando pela mão, ele me leva até os elevadores.
* * *
— ESTAVA DELICIOSO — murmuro satisfeita, e afasto o prato, sentindo-me farta pela primeira vez em séculos. — Eles sabem fazer uma tarte tatin aqui.
Tomei banho agora há pouco e estou apenas de calcinha e com uma camiseta de Christian. Ao fundo, Dido canta uma música sobre bandeiras brancas; o iPod de Christian está no shuffle.
Christian me olha de maneira contemplativa. Seu cabelo ainda está molhado do banho, e ele está usando apenas uma camiseta preta e calça jeans.
— Desde que chegamos aqui, essa foi a primeira vez que eu vi você comer bem — diz ele.
— Eu estava com fome.
Ele se recosta na cadeira com um sorriso e toma um gole do vinho branco.
— O que você gostaria de fazer agora? — Sua voz é suave.
— O que você quer fazer?
Ele levanta uma sobrancelha, achando graça.
— O que eu sempre quero fazer.
— E o que seria?
— Sra. Grey, não seja recatada.
Estico o braço por sobre a mesa de jantar, pego a mão dele, viro a palma para cima e começo a alisá-la com o indicador.
— Quero que me toque com este aqui. — Levo meu dedo até seu indicador.
Ele muda de posição na cadeira.
— Só isso? — Seus olhos imediatamente ficam escuros e se aquecem.
— Talvez este? — Toco seu dedo médio e depois volto para a palma de sua mão. — E este. — Passo a unha pelo anular dele. — Este aqui, sem dúvida. — Meu dedo para sobre a sua aliança de casamento. — Este é muito sexy.
— Você acha?
— Com certeza. Ele diz este homem é meu.
Acaricio o pequenino calo que já se formou por baixo da aliança. Ele se inclina e pega meu queixo com a mão livre.
— Sra. Grey, você está me seduzindo?
— Espero que sim.
— Anastasia, eu já fui fisgado. — Ele fala baixinho. — Venha cá. — Ele puxa minha mão, colocando-me no colo. — Gosto de ter acesso desimpedido.
Correndo a mão pela minha coxa, ele chega à bunda. Agarra minha nuca com a outra mão e me beija, mantendo-me firme no lugar.
Sinto nele o gosto de vinho branco, torta de maçã e Christian. Passo os dedos pelo seu cabelo, abraçando-o enquanto nossas línguas se exploram e se retorcem uma em volta da outra, o sangue ardendo em minhas veias. Estamos sem fôlego quando nos afastamos.
— Vamos para a cama — murmura ele contra meus lábios.
— Cama?
Ele inclina o corpo mais para trás e me puxa pelo cabelo, obrigando-me a olhar em seus olhos.
— Onde você prefere, Sra. Grey?
Dou de ombros, fingindo indiferença.
— Quero ser surpreendida.
— Você hoje está cheia de energia. — Ele roça o nariz no meu.
— Talvez eu precise que alguém me contenha.
— Talvez precise mesmo. A idade está deixando você muito mandona. — Ele aperta os olhos, mas não consegue ocultar o bom humor.
— E o que você vai fazer a respeito? — desafio-o.
Seus olhos brilham.
— Eu sei bem o que eu quero fazer a respeito. Mas não sei se você vai topar.
— Ah, Sr. Grey, você tem sido extremamente gentil comigo nos últimos dias. Eu não sou feita de vidro, sabia?
— Não gosta de gentilezas?
— Com você, é claro que sim. Mas, sabe… é sempre bom variar um pouco. — E faço charme batendo os cílios.
— Está a fim de alguma coisa menos gentil?
— Alguma coisa revigorante.
Ele levanta as sobrancelhas em surpresa.
— Revigorante — repete, com humor e surpresa na voz.
Confirmo. Ele me fita por um momento.
— Não morda o lábio — sussurra ele, e se levanta de repente, ainda comigo nos braços.
Levo um susto e me agarro ao seu bíceps, com medo de que ele me deixe cair. Ele vai até o menor dos três sofás e me joga em cima.
— Espere aqui. Não se mexa.
Com um olhar breve, intenso e ardente, ele se vira, caminhando todo pomposo até o quarto. Ah… Christian descalço. Por que seus pés são tão sensuais? Ele volta em poucos minutos, surpreendendo-me ao se inclinar sobre mim por trás do sofá.
— Acho que não vamos precisar disso aqui.
Ele agarra minha camiseta e tira-a, deixando-me só de calcinha. Depois, puxando meu rabo de cavalo para trás, me beija.
— Fique de pé — ordena ele, falando bem próximo dos meus lábios, e me solta.
Obedeço imediatamente. Ele cobre o sofá com uma toalha.
Toalha?
— Tire a calcinha.
Engulo em seco, mas obedeço novamente, jogando-a sobre o sofá.
— Sente-se. — Mais uma vez ele agarra meu rabo de cavalo e puxa minha cabeça para trás. — Você vai pedir para parar se eu for longe demais, tudo bem?
Faço que sim com a cabeça.
— Diga. — Seu tom é severo.
— Tudo bem — digo, a voz um pouco esganiçada.
Ele sorri com malícia.
— Ótimo. Então, Sra. Grey… atendendo a pedidos, vou prender você.
Sua voz se reduz a um sussurro aflito de excitação. O desejo atravessa meu corpo como um raio apenas por ouvir essas palavras. Ah, meu doce Cinquenta Tons — no sofá?
— Levante os joelhos — ordena ele suavemente. — E sente-se ereta.
Descanso os pés na ponta da almofada do sofá, os joelhos dobrados à minha frente. Ele pega minha perna esquerda e, tirando a faixa de um dos roupões de banho, amarra uma das pontas acima do meu joelho.
— Um roupão?
— Estou improvisando.
Novamente ele sorri com malícia, então aperta o nó sobre o meu joelho e prende a outra ponta da faixa em torno do remate no canto traseiro do sofá, efetivamente separando minhas pernas.
— Não se mexa — adverte ele, e repete o processo com a perna direita, atando a outra faixa ao outro remate do sofá.
Ah, meu Deus… Estou sentada ereta, esparramada no sofá, as pernas escancaradas.
— Tudo bem? — pergunta Christian suavemente, olhando para mim por trás do sofá.
Faço um gesto afirmativo, esperando que ele amarre minhas mãos também. Mas não; ele apenas se inclina e me beija.
— Você não tem ideia de como está sexy neste momento — murmura ele, e esfrega o nariz no meu. — Hora de mudar a música, eu acho. — Ele se levanta e anda despreocupadamente até seu iPod.
Como ele faz isso? Aqui estou eu, toda amarrada e cheia de tesão, ao passo que ele está calmo e impassível. Posso vê-lo daqui, e, enquanto ele escolhe outra música, observo os contornos da musculatura de suas costas por baixo da camiseta. Imediatamente, uma voz feminina suave, quase infantil, começa a cantar algo sobre me observar.