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Ela puxou-o pelas mãos e ajudou-o a se levantar.

Nuramon também se ergueu. Agora ele sabia como Obilee se sentira. Também dissera a ela que não era o seu destino. E ela o deixara partir. Agora precisava fazer o mesmo.

Farodin aproximou-se de Nuramon com sentimento de culpa. Embora tivesse alcançado seu objetivo de vida, doía nele ver seu amigo tão triste e saber que ficaria tão solitário.

— Eu queria que não tivesse de terminar aqui e agora. Eu queria que nós três tivéssemos um século para podermos explorar esse mundo aí fora.

— Olhe para Noroelle — respondeu Nuramon. — E então me diga se você quer qualquer outra coisa diferente do que vocês têm à sua frente agora.

— Você tem razão. Mas vou sentir sua falta.

Nuramon estendeu a mão a Farodin para o cumprimento de guerreiros. Farodin a segurou.

— Adeus, Nuramon! Lembre-se sempre do que nos une.

— Eu jamais me esquecerei — respondeu ele.

— Um dia vamos nos ver no luar. Esperaremos por você, Noroelle e eu. E espero que Mandred já esteja lá.

Nuramon não conteve um sorriso.

— Se estiver, diga a ele que suas proezas tornaram os firnstaynenses filhos de albos.

Eles se abraçaram.

Então Noroelle veio e também enlaçou Nuramon com os braços.

— Uma viagem termina aqui, e uma nova começa. Para todos nós! Adeus, Nuramon!

Noroelle e Farodin se beijaram. Nuramon percebeu que algo havia mudado. Deu um passo para trás e contemplou seu amigo e sua amada. Eles se abraçaram e se beijaram. Ao vê-los, soube que Noroelle tinha razão. Farodin sempre fora a escolha certa. Sentia que, para ele, era quase como se estivesse despertando de um sonho longo e doce.

O aroma de flores soprou sobre a clareira. Nuramon viu uma luz prateada se espalhar e envolver o casal de elfos. Eles sorriram um para o outro e pareciam figuras de luz; seres elevados, ou albos. Então desvaneceram com tudo o que traziam no corpo. Simplesmente sumiram daquele mundo — da mesma forma como a Terra dos Albos desaparecera diante de seus olhos. Agora, restara somente ele.

Estava sozinho. No entanto, não conseguia chorar. Noroelle levara toda a sua tristeza. Saber que ela encontrara o seu destino o tranquilizava. Agora doía muito menos do que antes o fato de ela ter se decidido por Farodin. Ergueu então os olhos para a lua cheia. Será que isso era mesmo o luar? Será que os mortos realmente viviam ali em cima?

Ficou ali de pé até de manhã, seguindo o disco de prata com o olhar.

— Eu nunca me esquecerei do luar — disse para si mesmo em voz baixa.

Quando veio a alvorada, ele apanhou suas coisas, caminhou até a pedra onde Noroelle quebrara a ampulheta e se sentou. Enquanto contavam a história na noite anterior, a maré havia subido e enxaguado os cacos e grãos de areia para longe. Logo a maré baixa estaria novamente próxima.

Lembrou-se das palavras de Noroelle: Uma viagem termina aqui; uma nova começa. Sim, para ele agora realmente começava algo novo. Ele era o último; o último elfo daquele mundo, o último filho de albos. Ali, do outro lado da água, havia uma terra desconhecida que deveria ser explorada. Lá ainda não reinava o cheiro de enxofre. E talvez a fé em Tjured jamais avançaria até ali. Havia novos caminhos, novas experiências e novas memórias a serem encontradas. O infinito estava diante dele; eternamente se lembraria de Noroelle e Farodin, de Obilee e Yulivee, de Mandred e Alwerich, de Emerelle e de todos os outros. Nunca se esqueceria da Terra dos Albos.

Quando a maré baixa retornou, ele pisou sobre o chão acidentado da terra firme. E observou a paisagem como se nunca a tivesse visto antes.

Aquele mundo jamais deixaria de fasciná-lo.

Agradecimentos

Como muitos romances de fantasia, a história deste livro também começou em uma noite de tempestade de outono, com o convite para uma jornada. Meu amigo James Sullivan estava bem diante de sua prova final de uma épica medieval e eu o deixei à beira de um ataque de nervos com um telefonema. Perguntei-lhe se não teria tempo e vontade de embarcar na aventura de escrever um livro junto comigo — uma pergunta que ninguém quer ouvir entre as leituras de Lancelot em prosa e de Parzival, de Wolfram. Uma hora mais tarde, recomeçamos a conversa do início e James disse que um verdadeiro cavaleiro simplesmente não podia recusar quando a dama Aventiure estendia-lhe a mão. Foi assim, então, que começou a busca pelos elfos.

Não há outra criatura na literatura de fantasia que tenha inspirado autores a retratos tão diferentes quanto os elfos. Eles são as graciosas figuras de luz de O Senhor dos Anéis, de J. R. R. Tolkien; os seres sem alma de A Espada Quebrada, de Poul Anderson; ou então os personagens de contos de fadas de The King of Elfland’s Daughter (A filha do rei da terra dos elfos, em tradução livre), de Lord Dunsany — e muito mais. Então nós também criamos, de forma totalmente consciente, uma imagem própria dos elfos. Como nos clássicos de fantasia, esta imagem é composta de uma mistura dos elementos antigos e conhecidos com outros novos.

Ninguém sai vitorioso de uma jornada sem companheiros. Recebemos a ajuda de Martina Vogl, Angela Kuepper, Natalja Schmidt e Bernd Kronsbein, assim como de Menekse Deprem, Heike Knopp, Elke Kasper, Stefan Knopp e Sven Wichert para trazermos este romance a um bom fim.

Bernhard Hennen
Julho de 2004