— Feche os olhos!
Nuramon satisfez o desejo.
Noroelle pensou no quarto dela. Muitas vezes havia imaginado o dia em que levaria Farodin ou Nuramon aos seus aposentos. E como no mundo desperto isso não aconteceria jamais, ela decidiu fazê-lo acontecer ali, no sonho. Ela o conduziu alguns passos sobre a campina, e desejou que estivessem em seu quarto. De repente havia muros ao redor deles. As plantas se transformaram em hera que subia pelas paredes e tomava todo o teto. O lago desapareceu, assim como as tílias. No lugar dele o chão se transformou em pedra e móveis de treliça cresceram dele. Raramente sentia nos sonhos ter um poder como esse.
— Abra os olhos, meu amado. — Ela disse em voz baixa.
Nuramon fez isso, e olhou em volta com um sorriso.
— É diferente do que tinha imaginado.
— Só é tão grande no sonho. E não é de admirar que aqui cresçam plantas por todos os lados.
Ele pôs as mãos sobre os ombros dela.
— Eu queria tanto ter cumprido minha promessa...
— E eu não queria que o destino tivesse me privado de minha decisão. Tudo o que nos resta é este sonho.
Ela esperou que ele dissesse ou fizesse alguma coisa, mas Nuramon hesitava. Se ele não tivesse evitado tocá-la por todos esses anos, ela teria ido ao seu encontro havia muito tempo. A decisão era dele, e ela não a tomaria para si.
Quando ele soltou as fitas da camisola de seus ombros, Noroelle respirou aliviada. Finalmente ele ousava dar esse passo! Ele encarou-a fixamente nos olhos. O pavor que Nuramon enfrentou no mundo dos homens o mudou — agora ele parecia mais sério.
A camisola escorregou pelo seu corpo até cair no chão.
Nuramon baixou o olhar.
Ela não esperava por isso. Ele certamente devia estar curioso sobre o seu corpo, que ele tantas vezes havia cantado. Mas o olhar dele não se desviou rápido demais? Então ela pensou no que ele havia dito. Logo ele precisava partir. Não lhes restava muito tempo. E nada seria pior que serem separados um do outro no momento errado.
Ele enlaçou Noroelle com os braços e sussurrou-lhe ao ouvido:
— Me desculpe. Eu não sou mais aquele que você conheceu. Para mim é difícil estar aqui. Eu sou apenas a sombra daquele que já fui um dia.
Noroelle calou-se; não queria dizer nada sobre isso. Ela também não se atrevia a imaginar qual seria o preço que Nuramon pagaria por enganar a morte por alguns instantes, para poder estar ali com ela. Ela deu alguns passos para trás e esperou.
Nuramon se despiu. Havia alguma coisa de errado... Ela o observou. Não era no seu corpo, que estava perfeito. Ela se lembrou do que as elfas diziam na corte. Algumas delas desejavam uma noite de amor com ele. Agora que ele se despia totalmente diante dela, Noroelle conseguia entender melhor o porquê dessas elfas se esquecerem de tudo o que contavam sobre a maldição de Nuramon. Ela nunca imaginou que ele tivesse a aparência de um dos lendários trovadores cujas aventuras amorosas faziam as elfas delirarem. Como havia conseguido esconder esse corpo?
Ao observar novamente o rosto de Nuramon, Noroelle por fim reconheceu o que havia de errado com o seu amado. Nos seus traços estava estampada uma dor intensa e muda. Tinha sofrido muito.
Nuramon aproximou-se timidamente. Estendeu a mão e tocou-a, como se quisesse se assegurar de que ela estava realmente ali. Acariciou suavemente seu ombro.
Noroelle percorreu o cabelo rebelde de Nuramon com as mãos, descendo pelo pescoço e tocando o seu peito. A pele dele era macia. Cercou-o com os braços e o beijou, fechando os olhos. Arrepiou-se ao sentir os dedos quentes dele escorregando suavemente por suas costas. Juntos, deixaram-se cair sobre a cama. Era diferente do mundo desperto. As treliças de madeira eram um pouco mais finas, e a folhagem macia parecia ser mais espessa. Nuramon alisou as folhas. Será que nunca tinha visto uma cama como essa antes? Ou só estava admirado com a sua maciez?
Ficaram imóveis e entreolharam-se longamente. Então era esse o fim de seu longo caminho. Sonharam com esse momento tantas vezes. E embora isso também fosse só um sonho, ela sentia tudo de forma tão intensa como nunca antes.
Nuramon tocou o cabelo dela e apertou suavemente uma mecha entre os dedos, beijando-a. Acariciou sua face com as palmas das mãos, e então trilhou com elas um caminho pelo pescoço e colo, parando-as ali. Noroelle contemplou-o carinhosamente. Seus olhos queriam mostrar que ele podia ousar tudo.
De repente Noroelle sentiu a mão dele escorregar entre seus seios, até chegar ao umbigo. Um arrepio percorreu o seu corpo. Não era apenas um arrepio causado pelo toque, mas também por toda aquela magia. Não era capaz de dizer se era por causa das mãos de Nuramon e seu poder de cura, ou de seus sentidos de feiticeira. Talvez uma combinação dos dois.
As mãos passaram pelos quadris e deslizaram até as costas dela. Então soltaram-se de seu corpo, mas permaneceram tão perto que Noroelle podia sentir o calor dos dedos. Ela fechou os olhos e deixou-se afundar na cama. Sentiu-o vir lentamente sobre ela, com as mãos acariciando seus seios e depois afagando o seu rosto. Era incrível como o corpo dele estava quente. Devia ser um feitiço que produzia esse calor.
Ao sentir o seu membro lhe tocar as coxas, Noroelle enlaçou Nuramon com as pernas. Arrepios percorriam o seu corpo um após o outro.
Quando a penetrou, a respiração dela parou. Ela sempre sonhara com noites de amor com Farodin ou Nuramon, sentia desejo e satisfazia-o, mas nenhum sonho fora tão rico em prazeres sensuais como este. Desta vez todos os seus sentidos de feiticeira estavam despertos. Então no mundo real também devia ser assim. Teria sido assim, se...
Nuramon deteve-se. Ela se perguntou o que ele estava esperando. Abriu os olhos e viu o rosto dele sobre ela. Quase tímido, ele a observou. Será que o havia assustado quando parou de respirar? Noroelle acariciou o cabelo dele, e então os seus lábios. Seu sorriso diria tudo a ele.
Cuidadosamente, ele começou a se mover dentro dela.
No mesmo momento, tudo desapareceu diante de seus olhos. Ela não sabia se era por causa do sonho ou se era a sua magia ou a dele que intensificava sua sensibilidade e inebriava os seus sentidos.
Um novo mundo parecia se abrir a cada movimento de Nuramon. Havia luzes e cores por todos os lados. E lá estava o rosto dele, que ia e vinha, e parecia mais lindo do que nunca. E o seu perfume! Era como se ela sentisse todos os aromas que associava a ele: das flores de tília, de amoras e do velho carvalho sobre o qual ficava a casa dele. Para ela, era como se um feitiço trouxesse esses cheiros das suas lembranças para o sonho.
A pele macia de Nuramon era igualmente sedutora. Parecia abraçá-la como uma coberta macia, e esquentou seu corpo frio por muito tempo. Noroelle podia sentir a respiração ritmada de Nuramon. Era um longo sopro, que ela gostava de inspirar e saborear.
De repente ela ouviu a si própria sussurrando o nome de Nuramon. Falava cada vez mais alto; tanto, que estava surpresa consigo mesma. Então houve um grito! Todas as sensações que seus sentidos percebiam misturaram-se num êxtase.
Noroelle acordou subitamente. Tudo o que ela sentiu no momento anterior desvaneceu-se; fugiu, enquanto sentia um formigamento no corpo. Ela não se atreveu a abrir os olhos para ver o que já estava sentindo há muito: que Nuramon se fora. Ela queria tatear em volta de si em busca dele, mas não conseguia. Queria dizer o seu nome, mas seus lábios não se moviam. Quando finalmente quis abrir os olhos, percebeu que suas pálpebras não obedeciam. Ela estava presa em seu próprio corpo e se perguntava se estava realmente acordada ou se ainda sonhava.
Foi então que sentiu a presença de outra pessoa em seu quarto. Seria mesmo Nuramon? Será que havia retornado para ela também no mundo desperto?
A pessoa que estava com ela, quem quer que fosse, aproximou-se de sua cama. Ouviu nitidamente os seus passos cautelosos. Então pôs-se de pé ao seu lado e ficou imóvel, até que ela não fosse mais capaz de dizer se ainda estava lá. Por fim, ela teve certeza de que estava sozinha.