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Fiora exclamou Philippe tu não compreendes. O meu amor por ti, ardente e profundo, não está em jogo. Sabes muito bem que só tu contas para mim...

Depois da princesa Maria!

Não, muito antes, mas devemos à memória do seu pai tudo o que pudermos fazer para a salvar dos perigos que a ameaçam. Eu não vou partir já amanhã. Dentro de alguns dias iremos a Selongey, onde te instalarei como senhora soberana. E pode ser que não esteja ausente muito tempo. Voltarei...

Para o nascimento do teu primeiro filho? Não, não estou de acordo. Leva-me contigo!...

É impossível. Ainda não estás farta de guerra?

Mais do que farta, porque não ignoro que ela faz mais viúvas do que heróis. Ou ficas comigo... ou eu vou-me embora!

Ele levantou-se de um salto, correu para ela e quis prendê-la nos braços.

Louca disse ele ternamente para onde irias?

Para minha casa. Agnolo Nardi, que gere os interesses franceses do banco Beltrami, queria comprar-me um domínio. Melhor ainda, o Rei Luís deu-me de presente um castelo perto de Plessis-lez-Tours. É para lá que vou, Philippe... e será lá que tu me irás procurar quando decidires ser para mim um marido, um amante... enfim, outra coisa que não uma corrente de ar...

Fiora! As tuas condições são inaceitáveis. Eu sou borgonhês e não tenho nada que fazer em França. Nunca irei!...

Nem para me ir buscar?

Nem para te ir buscar...

Nesse caso, adeus... porque essa é a única prova de amor que quero de ti.

Ele empalidecera, mas os seus olhos dourados chamejavam de cólera:

Não tens o direito de fazer isso. És minha mulher e deves obedecer-me...

Ela olhou para ele por um instante, lutando contra a vontade de pôr termo àquela disputa, de se refugiar nos seus braços e recomeçar o terno duo interrompido, mas ele tinha pronunciado a palavra que não devia: obedecer!

O meu próprio pai, que tinha todo o direito, nunca me exigiu obediência. Se ser tua mulher só significa isso para ti, mais vale separarmo-nos. Um casamento pode anular-se, sei-o muito bem e, nem que tenha de ir a Roma, anularei o nosso... a menos que venhas comigo!

Arrancando um cobertor da cama, Fiora cobriu a sua nudez e saiu do quarto quente reprimindo ferozmente os soluços que lhe subiam à garganta.

Saint-Mandé, 12 de Agosto de 1988.