Выбрать главу

— Meu informante jura que as informações merecem confiança, assim como o espião.

— E o que dizem?

— O plano dos gai-jin é assustadoramente simples. No dia da batalha, dez dias depois de apresentado seu ultimato... e se não for atendido... toda a esquadra se desloca contra Iedo. No primeiro dia, a área de ataque é mais distante da costa, Sire, o alcance máximo de seus canhões mais pesados, visando a destruir todas as pontes e estradas que saem de Iedo... que já foram localizadas, mais informações fornecidas a eles, com toda certeza, pelo traidor Hiraga. Nessa mesma noite, à luz dos incêndios que eles provocaram, o castelo é bombardeado. No dia seguinte, as áreas costeiras são dizimadas. No terceiro dia, eles desembarcarão mil soldados armados com rifles, que avançarão para os portões do castelo. Ali, montam um sítio com morteiros, destróem os portões e as pontes, e a maior parte do castelo que for possível. No quinto dia, eles se retiram para seus navios e vão embora.

— De volta a Iocoama?

— Não, Sire. O plano diz que evacuarão todos os gai-jin na véspera do dia da batalha e se retirarão para Hong Kong até a primavera. E depois voltarão com toda força. O custo da guerra... como aconteceu com as guerras chinesas, e é o costume deles... será dobrado, e exigirá reparações do xogunato e do imperador, assim como um acesso pleno a todo o Nipão, inclusive Quioto, e uma ilha cedida em caráter perpétuo, para cessar as hostilidades.

Yoshi sentiu um calafrio. Se aqueles bárbaros haviam conseguido humilhar toda a China, mãe do mundo, acabarão nos humilhando também, até a nós. Pleno acesso?

— Esse ultimato... o que é essa impertinência adicional?

— Não consta do pergaminho, Sire, mas o espião prometeu detalhes, assim como a data da batalha, e qualquer mudança.

— Qualquer que seja o custo, compre essas informações... se forem verdadeiras, podem fazer uma diferença no resultado.

— É bem possível, Sire. Parte das informações é sobre as contramedidas dos gai-jin. Contra nossos brulotes.

— Mas Anjo me disse que são secretos!

— Não é segredo para eles. O Bakufu é como uma peneira de arroz para os interessados, Sire, além de corrupto.

— Nomes, Inejin, e suas cabeças serão espetadas em chuços.

— A começar hoje, Sire. Começar do topo.

— Isso é traição.

— Mas a verdade, Sire. Gosta de verdades, não de mentiras, ao contrário de qualquer líder que já conheci. — Inejin ajeitou melhor os joelhos, a dor quase intolerável. — A questão do espião é complicada, Sire. Foi Meikin quem me falou a respeito dele...

Yoshi soltou um grunhido e Inejin continuou:

— Concordo, Sire. Mas Meikin me falou, Meikin que desviou o intermediário do Bakufu para mim, Meikin que substituirá o falso documento, com grande perigo, pois deve atestar sua veracidade, Meikin que deseja desesperadamente lhe provar sua lealdade.

— Lealdade? Quando sua casa é um santuário para os shishi, um ponto de encontro para Katsumata, um centro de treinamento para traidores?

— Meikin jura que a dama nunca participou de nenhuma conspiração, Sire. Nem ela.

— O que mais ela pode dizer... foi a criada, neh?

— Talvez ela esteja falando a verdade, talvez não, mas também é possível que, por causa de sua dor, Sire, ela agora perceba o erro passado. Uma espiã convertida pode ser muito valiosa.

— A cabeça de Katsumata me faria ter mais certeza. Se capturado vivo, mais ainda.

Inejin riu, inclinou-se para a frente e baixou a voz:

— Sugeri que ela lhe fornecesse o mais depressa possível detalhes sobre o traidor Hiraga, antes que solicite a cabeça dele.

— E a dela.

— A cabeça de uma mulher espetada num chuço não é uma coisa bonita, Sire, quer seja velha ou moça. Essa é uma verdade antiga. Melhor deixá-la em seus ombros e usar o veneno, sabedoria, astúcia ou simples corrupção que uma mulher assim possui em seu proveito.

— Como?

— Primeiro, entregando-lhe Katsumata. Hiraga é um problema mais complexo. Meikin diz que ele é íntimo de um importante ajudante ing’erish do líder ing’erish, chamado Taira.

Yoshi franziu o rosto. Outro presságio? Taira era outro nome japonês o significado, uma antiga família nobre relacionada com a linhagem de Yoshi Serata.

— E daí?

— Esse Taira é importante, um interprete em treinamento. Seu japonês já é muito bom — os ing’erish devem ter uma escola como o senhor propôs, e o Bakufu “considera”.

— Considera, hem? Taira? É um jovem feio, alto, olhos azuis, nariz imenso, cabelos compridos como palha de arroz?

— Isso mesmo, ele é assim.

— Lembro dele da reunião com os anciãos. Continue.

— Meikin soube que o conhecimento dele de nossa língua melhora depressa, com a ajuda de uma prostituta chamada Fujiko, mas ainda mais por causa de Hiraga, que cortou os cabelos ao estilo gai-jin e usa roupas de gai-jin. — O velho hesitou, adorando contar os segredos. — Parece que esse Hiraga é neto de um importante shoya de Choshu, que teve permissão de comprar a posição de goshi para seus filhos, um dos quais, o pai desse Hiraga, é agora hirazamurai. Hiraga foi escolhido para ingressar numa escola secreta de Choshu, onde se mostrou um estudante excepcional e aprendeu um pouco de ing’erish.

Ele suprimiu um sorriso ao ver a expressão de seu lorde.

— Quer dizer que o espião não é um gai-jin, mas esse Hiraga?

— Não, Sire, mas Hiraga pode ser uma valiosa fonte secundária de informações. Se pudesse ser explorado.

— Um shishi nos ajudando? — Yoshi soltou uma risada escarninha. — Impossível.

— Sua reunião ontem, a bordo do navio furansu... foi proveitosa, Sire?

— Foi interessante.

Era impossível manter uma coisa assim em segredo. Yoshi sentiu-se contente por Inejin ter obtido a informação tão depressa. Abeh e meia dúzia de seus homens haviam testemunhado o encontro. Quem falara? Não tinha importância. Era de se esperar. E ele nada dissera de comprometedor.

— Abeh! — gritou ele,

— Pois não, Sire?

— Mande uma criada trazer chá e saquê.

Yoshi não falou mais nada até que fossem servidos e aceitos de bom grado por Inejin. Aproveitou o tempo para avaliar as informações e formular novas perguntas e respostas.