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Ele sentiu-se radiante ao pensar no dinheiro. Tornava sua companhia possível, em pequena escala, é verdade, e proporcionava o tempo de que precisava, além de reforçar sua posição com o shoya, embora não imaginasse como aqueles empreendimentos poderiam prosperar sem a contribuição de Nakama/Hiraga. Tinha pena dele. E de Tess. No caso dela, podia compreender, e a perdoava, não por causa do dinheiro.

— O que é, Dmitri?

— Você tem toda razão em se sentir presunçoso. Sua Maureen é sensacional.

— Também acho.

— O que pretende fazer com Nemi?

O sorriso de Jamie desapareceu, o constrangimento voltou e ele virou as costas para a porta.

— Um problema terrível, Dmitri. Eu tinha marcado um encontro com ela para esta noite.

— Essa não! Na Struan?

— Não, graças a Deus. Em nosso... na casa dela.

— Foi muita sorte. Você vai?

— Claro. Por que não? Deus Todo-Poderoso, não sei... Quando Maureen chegou inesperadamente... não é que eu não goste dela, mas ainda me encontro em estado de choque.

— Pode ser, mas um bom choque... você tem sorte. Escute, somos velhos companheiros e posso falar com franqueza. Se você... se decidir parar com Nemi, suspender sua pensão, encerrar o negócio, qualquer coisa, posso pedir que me avise? Ela é bem atraente, uma boa diversão, e fala um pouco da nossa língua.

— Está certo, mas...

Os risos dos homens em torno de Maureen atraíram a atenção dos dois. Que depois se desviou para Angelique.

— Ela é espetacular, não é? — murmurou Jamie. — Estou me referindo a Angelique...

Angelique e Sir William esperavam que Zergeyev se juntasse a eles. O vestido e o penteado daquela noite haviam sido determinados com bastante antecedência... escolhidos expressamente para Tess e aquele sarau, que seria o primeiro campo de batalha. Embora a inimiga não tivesse vindo, Angelique resolvera não alterar seu plano, pois o efeito era bastante satisfatório. Considerara a possibilidade de usar o anel de jade imperial que Malcolm encomendara de Hong Kong para ela e que fora trazido pelo navio de correspondência uma semana depois de sua morte, provocando-lhe outro fluxo de lágrimas particulares. Se Tess estivesse ali, ela não hesitaria. Sem esse motivo, o anel era errado.

Na verdade, estou satisfeita por ela não ter vindo, disse Angelique a si mesma. Graças a Deus que Vargas me avisou. Preciso de mais tempo para me preparar para o combate... ah, tempo, estou ou não esperando uma criança de Malcolm?

— Boa noite, conde Zergeyev — disse ela, com um sorriso gentil. — Obrigada por ter me convidado.

— É sempre bem-vinda e já converteu a noite num sucesso. Boa noite, Sir William. Já conhecem a todos, exceto uma nova convidada.

Num súbito silêncio, todos observando, comparando, Zergeyev chamou Maureen do círculo de admiradores, entre os quais figurava Marlowe agora.

Miss Maureen Ross, de Edinburgh, a noiva de Jamie. Madame Angelique Struan.

No momento em que entrara, Angelique avistara Maureen, avaliara-a da cabeça atraente aos sapatos impecáveis, e decidira que a outra não era uma ameaça... notando Gornt também, de passagem, mas deixando-o para mais tarde.

— Seja bem-vinda ao posto avançado britânico mais distante no mundo, mademoiselle Ross — disse ela, jovial, especulando que idade a outra teria, pensando: É verdade, à noite, toda agasalhada, esta poderia ser facilmente confundida com aquela mulher, pois também é alta, o mesmo porte imponente, o olhar direto. — Jamie tem muita sorte.

— Obrigada.

No momento em que Angelique entrara na sala, Maureen também a avaliara, da cabeça deslumbrante aos pés pequenos, reconhecera sua beleza, simpatizara instintivamente, mas ao mesmo tempo decidira que se tratava de uma ameaça — seus olhos deslocaram-se para Jamie, deparando com sua admiração ostensiva, e os homens ao redor, não havia como se equivocar com os murmúrios gerais de apreciação — e se aprontara para a batalha.

— Sinto-me muito satisfeita em conhecê-la e lamentei muito ao saber de sua tragédia... todos lamentaram. — Com um sentimento genuíno, ela se inclinou, encostou o rosto no de Angelique. — Espero que nos tornemos amigas.

Um sorriso especial e Maureen arrematou:

— Por favor, vamos ser amigas. Precisarei de uma amiga aqui. Jamie disse que você tem sido uma boa amiga dele.

— Não há necessidade de “por favor”, Maureen... posso chamá-la de Maureen, e você me chamar de Angelique?

Ela também ofereceu um sorriso especial, reconhecendo e compreendendo a advertência apresentada com suavidade, sem necessidade de mostrar as garras, de que Jamie era propriedade pessoal, um homem com quem não deveria flertar.

— Seria ótimo ter uma amiga aqui. Poderíamos tomar um chá amanhã?

— Puxa, eu adoraria. Angelique... um lindo nome e um lindo vestido. Austero demais, mas também cinturado demais para o luto.

— E o seu também, essa cor combina muito bem com os seus cabelos. — Seda verde, dispendioso, mas inglês, não parisiense, e o feitio era antiquado. Não importa. Isso pode ser melhorado, se ela se tornar uma amiga íntima. — Jamie foi um grande amigo de meu marido, e também meu, quando precisei, desesperadamente. Tem muita sorte. E, agora, onde se encontra o seu belo noivo? Ah, lá está ele!

Todos observando, Angelique passou o braço pelo de Maureen. Todos ficaram radiantes com a entende cordiale. Ainda o centro das atenções, ela guiou Maureen até Jamie.

— Tome cuidado, Jamie, pois é fácil perceber que esta dama é muito preciosa... e há piratas demais em Iocoama.

Os homens ao redor riram, Angelique deixou-os, voltou para Sir William, cumprimentou Ketterer no caminho — um cumprimento e um sorriso especiais para ele, assim como para Marlowe, mais tarde — e também Settry Pallidar, esplendoroso e rivalizando com Zergeyev, que usava seu uniforme de cossaco.

— Ah, Sir William, como temos sorte! — murmurou ela.

— Por estarmos... — Zergeyev conteve-se a tempo. Quase dissera “Por estarmos vivos?” Em vez disso, pegou um copo de champanhe, de uma bandeja de prata levada por um criado de libré, e acrescentou: — Por estarmos na presença de duas damas tão adoráveis, somos afortunados! Saúde!

Todos beberam e continuaram a comparar. Zergeyev estava preocupado demais para seguir o exemplo, absorvido nas outras notícias terríveis que haviam chegado com o Prancing Cloud.

Um despacho urgente e cifrado de São Petersburgo — remetido três meses antes — fora-lhe entregue. Primeiro, relatava os problemas habituais com a Prússia, tropas se concentrando nas fronteiras ocidentais, seis exércitos enviados para lá; problemas esperados em breve com o império otomano e os muçulmanos ao sul, três exércitos enviados para lá; fome por toda parte, com intelectuais como Dostoievski e Tolstoi defendendo as mudanças e a liberalização. Segundo, recebera ordem para pressionar os japoneses a retirarem suas aldeias de pescadores das Kurilas e Sakhalin, sob a ameaça de “graves consequências”. E, terceiro, um grande transtorno para ele, pessoalmente: Foi designado governador-geral do Alasca russo. Na primavera, o navio de guerra Tsar Alexander chegará aí, com o seu substituto no Japão, e o levará e à sua comitiva para a nossa capital alasquiana, Sitka, onde fixará residência pelo menos por dois anos, para promover amizade.