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— Creio que sim, Sr. Struan. Talvez não pontualmente, mas o cerimonial vai se realizar mais ou menos na ocasião marcada, e teremos dado um grande salto para a frente. Se eles efetuarem o primeiro pagamento, de cinco mil libras, conforme o prometido... neste caso, teremos uma boa indicação. Ah, antes que eu me esqueça. Soube que um vapor seu deve partir hoje para Hong Kong. Poderia permitirque um dos meus assistentes e alguma correspondência urgente viajassem nele? Minha esposa e dois filhos são esperados para breve, e tenho de fazer alguns planos.

— Claro. Falarei com McFay. Se quiser um lugar em qualquer dos nossos navios, basta avisar.

— Obrigado. Eu planejava mesmo tirar duas semanas de férias quando eles chegarem. Levamos uma vida muito isolada aqui, não acha? Sinto saudade da agitação de Hong Kong, que é uma cidade e tanto, embora não seja muito apreciada pelo pessoal de Whitehall. Um excelente rosbife, partidas de críquetee tênis, teatro ópera, e vários dias nas corridas... seria maravilhoso, depois de uma longa temporada aqui. Quando pretende voltar? Quando?

A notícia do desastre na Tokaidô já devia ter alcançado Hong Kong há quase uma semana, presumindo que o navio de correspondência passara pela tempestade sem maiores contratempos. A mãe deve ter tido um acesso, embora nada deixasse transparecer para os outros. Virá para cá no primeiro navio disponível? E possível, mas tem de cuidar do QG... e de Emma, Rose e Duncan. Com o pai morto, e eu ferido, dezoito dias é tempo demais para ela se ausentar. E mesmo que já tenha embarcado, ainda me restam três ou quatro dias para preparar minhas defesas. E tranho considerá-la como possível inimiga; ou, se não inimiga, pelo menos não tão amiga. Mas talvez ela seja de fato uma amiga, sempre foi, embora distante, sempre cuidando do pai, com pouco tempo para nos dispensar.

— Olá, meu filho. Como eu poderia alguma vez ser sua inimiga?

Ele ficou atônito ao vê-la parada junto da cama, assim como o pai, o que era estranho, porque lembrou que o pai morrera, mas isso parecia não ter qualquer importância, e Malcolm se levantou no mesmo instante, sem sentir dor, pôs-se a conversar com os dois, na maior felicidade, a bordo de um cúter cruzando a baía de Hong Kong, com nuvens de tempestade por toda parte; ambos o escutavam na maior deferência, e aprovavam seus planos hábeis, Angelique sentada na ipa, o vestido diáfano, os seios sedutores, descobertos agora, e suas mãos ali, descendo, tudo à mostra agora, o corpo de Angelique se comprimindo contra o seu, as mãos acariciando seu rosto...

— Malcolm?

Ele despertou sobressaltado. Angelique se encontrava ao lado da cama sorrindo, usando um discreto e rico penhoar de seda azul. O sonho se desvaneceu exceto pela ameaça e promessa do corpo de Angelique, sempre pulsando em seu subconsciente.

— Eu... ahn... estava sonhando, minha querida... sonhando com você.

— É mesmo? E o que sonhou?

Struan franziu o rosto, tentando recordar.

— Não me lembro — murmurou ele, sorrindo. — Só que você estava linda. Adoro essa roupa.

Ela fez uma pirueta para mostrá-la.

— Foi o alfaiate que você pediu a Jamie para arrumar que o fez! Mon Dieu, Malcolm, ficou maravilhoso... encomendei quatro vestidos, espero que não se incomode... oh, obrigada!

Ela inclinou-se para beijá-lo.

— Espere, Angelique, espere só um segundo! Veja isto!

Com todo cuidado, ele soergueu-se, dominando a dor, apoiado nas duas mãos, erguendo-as em seguida.

— Mas isso é maravilhoso, chéri! — Na maior satisfação, ela pegou as mãos de Malcolm. — Ah, monsieur Struan, acho que é melhor eu providenciar uma acompanhante agora, e nunca mais vir sozinha ao seu quarto!

Sorrindo, Angelique chegou mais perto, pôs as mãos nos ombros dele, deixou que seus braços a envolvessem, beijou-o. Foi um beijo ligeiro, prometedor, mas evitando a ânsia de Struan por mais. Sem astúcia, ela beijou-o na orelha, depois se empertigou, deixou que a cabeça de Struan repousasse em seus seios, a intimidade agradando-a... e muito mais a ele. Seda macia, com aquele calor especial, fantástico e insubstituível.

— Malcolm, falou mesmo sério quando disse que queria casar comigo?

Ela sentiu os braços de Struan se contraírem, o tremor de dor.

— Claro. Já lhe disse muitas vezes.

— Acha que seus pais... desculpe, sua mãe vai aprovar? Espero que sim.

— Claro que ela aprovará.

— Posso escrever para papai? Eu gostaria de lhe contar.

— Escreva quando quiser; eu também escreverei.

A voz saiu rouca, e Malcolm, inundado de afeição, a necessidade prevalecerá sobre a discrição, beijou a seda, e outra vez, com mais ímpeto, para quase praguejar em voz alta quando a sentiu recuar, antes que acontecesse.

— Desculpe — murmurou ele.

— Não é preciso desculpas, nem o seu sentimento de culpa anglo-saxão, querido, não entre nós. Eu também o quero. — E depois, seguindo seu

Angelique mudou de ânimo, no controle total, sua felicidade contagiante. — Eu agora serei a enfermeira Nightingale.

Ela afofou os travesseiros, começou a ajeitar a cama.

— Esta noite teremos um jantar francês, oferecido por monsieur Seratard, e para amanhã ele marcou um sarau. André Poncin vai dar um recital de piano de Beethoven... prefiro-o a Mozart... também Chopin, e uma peça de um jovem chamado Brahms.

Um sino de igreja repicou, o chamado para o serviço matutino, seguido quase que no mesmo instante por outros, mais suaves e melodiosos, da igreja católica.

— Pronto — murmurou Angelique, ajudando-o a se recostar confortavelmente. — Agora vou para minha toilette e voltarei depois da missa, quando você estiver arrumado.

Ele estendeu a mão.

— Você é maravilhosa. Eu a a...

Abruptamente, os olhos de ambos desviaram-se para a porta, pois alguém mexia na maçaneta. Mas a porta estava trancada.

— Passei o trinco enquanto você dormia. — Ela riu, como uma menina empenhada numa brincadeira. A maçaneta tornou a se mexer.— Os criados sempre entram sem bater. Precisam aprender algumas lições.

— Amo! — gritou o criado. — O chá!

— Diga a ele para ir embora, e voltar daqui a cinco minutos.

Struan, contagiado pelo prazer de Angelique, gritou a ordem em cantonês, e o homem se afastou, resmungando. Ela riu.

— Deve me ensinar a falar chinês.

— Tentarei.