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- Que gostarias de fazer primeiro? -perguntou Alan, Catherine aproximou-se dele e abraçou-o. -Adivinha.

Desfizeram as malas depois. Veneza era uma cura, um bálsamo que fez Catherine esquecer os terríveis pesadelos e horrores do passado. Ela e Alan partiram à descoberta. A Praça de São Marcos ficava a poucas centenas de metros do hotel e a séculos de distância no tempo. AIgreja de São Marcos era uma galeria de arte e uma catedral, as paredes e os tectos revestidos de mosaicos e frescos de cortar a respiração. Entraram no Palácio dos Doges, cheio de câmaras opulentas e ficaram na Ponte dos Suspiros, onde, séculos antes, os prisioneiros cruzaram para ir ao encontro da morte. Visitaram museus e igrejas e algumas das ilhas afastadas. Pararam em Murano para ver a modelagem do vidro através de sopro, e em Burano para ver as mulheres fazerem renda. Tomaram uma lancha para Torcello e jantaram em Locanda Cipriani no maravilhoso jardim repleto de flores. E isto fez que Catherine se lembrasse do jardim do convento, e recordou como se sentira perdida nessa altura. E olhou em frente, para o lugar onde se sentava o seu bem-amado Alan e pensou: «Obrigada, meu Deus,» Mercerie era a principal rua de compras, e encontraram lojasfabulosas: Rubelli para tecidos, Casella para sapatos, Giocondo Cassini para antiguidades. Jantaram no Quadri, no Al Graspo de Ua e no Harry's Bar. Andaram de gôndola e nos sandolli, os mais pequenos. Na sexta-feira, quase no fim da sua estada, houve um aguaceiro repentino e uma violenta tempestade eléctrica. Catherine eAlan correram para regressar ao abrigo do hotel. Viram a tempestade pela janela.

-Peço desculpa pela chuva, senhora Hamilton- disse Alan. - As brochuras prometiam sol.

Catherine sorriu.

- Que chuva? Estou tão feliz, querido.

Os relâmpagos brilharam fugazes no céu e houve uma explosão de tempestade. Um novo som surgiu repentinamente na mente de Catherine: a explosão do cilindro.

Virou-se para Alan:

-Não é hoje que o júri vai apresentar o veredicto? Ele hesitou.

-Eu não falei no assunto porque... -Eu estou bem. Quero saber.

Ele olhou para ela por um momento, depois fez um sinal afirmativo com a cabeça.

-Tens razão,

Catherine observava quando Alan se dirigiu ao rádio que ficava no canto e o acendeu. Rodou o botão até sintonizar a BBC, que estava a dar notícias.

N.... e o primeiro-ministro apresentou o seu pedido de demissão. 0 chefe do gabinete tentará formar novo governo» 0 rádio estava a falhar e a voz aparecia e desaparecia.

- É por causa desta maldita tempestade eléctrica - disse Alan. 0 som surgiu de novo.

«Em Atenas, o julgamento de Constantin Demiris chegou finalmente ao fim, e o júri entregou o seuveredictoháuns momentos atrás. Para surpresa de toda a gente, o veredicto...»

0 rádio calou-se. Catherine virou-se para Alan.

- Qual... qual achas que foi o veredicto? Ele tomou-a nos braços.

-Depende se acreditares em finais felizes.

Epílogo

Cinco dias antes do início do julgamento de Constantin Demiris, o carcereiro abriu a porta da sua cela.

-Tem uma visita.

Constantin Demiris ergueu o olhar. À excepção do seu advogado, não lhe foram permitidas visitas até agora. Recusoumostrarqualquer curiosidade. Os sacanas tratavam-no como um criminoso comum. E ele não lhes daria a satisfação de mostrar qualquer emoção. Seguiu o carcereiro até ao átrio e entrou numa pequena sala de reuniões. -Ali dentro, Demiris entrou e deteve--se. Um homem aleijado estava encolhido numa cadeira de rodas. 0 cabelo era branco como a neve. 0 seu rosto era um remendo medonho de tecido queimado branco e vermelho. Os lábios estavam paralisados para cima na abertura da boca que formava um sorriso horrível. Levou alguns momentos a aperceber-se de quem era a visita, 0 seu rosto ficou sem cor.

-Meu Deus!

-Não sou um fantasma-disse Napoleon Chotas. A sua voz era um som rouco irritante. -Entre, Costa.

Demiris conseguiufalar. -0 incêndio... Eu saltei pela janela e parti a espinha. 0 meu mordomo levou-me antes que os bombeiros chegassem. Eu não queria que você soubesse que eu estava vivo, Eu estavamuito cansado para continuar a combatê-lo.

- Mas... eles encontraram um corpo. -Era o meu caseiro.

Demiris afundou-se numa cadeira.

-Fica... fico satisfeito.., por estar vivo-disse ele sem forças. - Deve ficar. Eu vou salvar-lhe a vida.

Demiris estudou-o desconfiadamente. -Vai?

-É verdade. Vou defendê-lo. Demiris riu-se em voz alta.

-Francamente, Leon. Depois de todos estes anos, toma-me por idiota? Que o leva a pensar que ia pôr a minha vida nas suas mãos? -Porque eu sou a única pessoa que o pode salvar, Costa. Constantin Demiris pôs-se de pé.

- Não, obrigado. - Dirigiu-se à porta.

-Eufalei com o Spyros Lambrou. Persuadi-o a deporem como ele estava consigo na altura em que a irmã foi assassinada.

Demiris parou e voltou-se. - Por que faria ele isso?

Chotas inclinou-se para a frente na sua cadeira de rodas. -Porque eu o convenci de que tirar-lhe a sua fortuna seria uma vingança mais saborosa do que tirar-lhe a vida.

-Não entendo.

-Garanti ao Lambrou que, se ele testemunhar a seu favor, você lhe entrega toda a sua fortuna. Os seus navios, as suas firmas... tudo o que possui.

-Você está doido!

-Estou? Pense nisso, Costa, 0 depoimento dele pode salvar-lhe a vida. A sua fortuna vale mais do que a sua vida?

Houve um longo silêncio. Demiris sentou-se de novo. Estudou Chotascautelosamente.

-0 Lambrou está disposto a depor que eu estava com ele quando a Melina foi morta?

-É isso mesmo.

-E de volta ele quer... -Tudo o que você tem. Demiris sacudiu a cabeça. - Eu teria de ficar com a minha...

-Tudo. Ele quer que você fique sem nada. Sabe, é a vingança dele. Havia uma coisa que intrigava Demiris.

-E que é que você ganha com tudo isto, Leon?

Os lábios de Chotas moveram-se numa imitação de um sorriso. - Eu ganho tudo.

-Não... não entendo.

Antes de entregar a Corporação de Comércio Helénico ao Lambrou, você vai transferir todos os seus bens para uma nova companhia.Uma companhia que me pertence.

Demiris olhou fixamente para ele. -Então o Lambrou não recebe nada. Chotas encolheu os ombros.

- Há vencedores e há vencidos.

- 0 Lambrou não vai desconfiar de nada?

- Pela forma como eu vou tratar do assunto, não. Demiris disse

-Se você vai enganar o Lambrou, como é que eu sei que não me vai enganar a mim?

-E muito simples, meu caro Costa. Você está protegido, Faremos um acordo assinado em como a nova companhia só passará a ser minha na condição de você ser absolvido. Se for condenado, eu não recebo nada.

Pelaprimeiravez,ConstantinDemirisdeuporsiaficarinteressado. Ficou a analisar o advogado aleijado. «Entregaria o julgamento e perderia centenas de milhões de dólares só para se vingar de mim? Não, Ele não é tão idiota como isso.» Demiris disse lentamente: -Concordo. Chotas disse - Óptimo. Você acaba de salvar a sua vida, Costa.

~~Salvei mais do que issoH, pensou Demiris triunfantemente.

- Tenho cem milhões de dólares escondidos num lugar onde ninguém os achará.

0 encontro de Chotas com Spyros Lambrou fora difícil, Quase pôs Chotas fora do escritório.

-Você quer que eu deponha para salvar a vida daquele monstro? Ponha-se mas é daqui para fora.

-Você quer vingança, não quer? -Chotas perguntara.

-Sim. E vou tê-la.

- Vaimesmo?VocêconheceoCosta.Paraeleodinheirotemmais importância do que a vida. Se for executado, a dor dele só dura uns minutos, mas se você o levar à ruína e lhe tirar tudo o que ele possui,