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— Eu achava que você fosse dizer isso. — Halima, ou Aran’gar, riu com gosto. Devagar, ela tocou no colar, encolhendo-se de dor, e Moghedien tornou a se espantar com uma mulher que parecia capaz de canalizar saidin e se feria, ainda que muito pouco, por tocar no que só deveria ferir um homem capaz de canalizar. Em seguida, o colar se soltou e foi guardado depressa na algibeira da mulher. — Vá, Moghedien. Vá agora.

Quando Egwene chegou à tenda e colocou a cabeça e a lanterna lá dentro, encontrou apenas lençóis amarrotados. Devagar, ela recuou.

— Mãe — alvoroçou-se Chesa atrás dela —, você não deveria sair no sereno. O ar da noite faz mal. Se queria falar com Marigan, eu poderia ter vindo buscá-la.

Egwene olhou em volta. Sentira o a’dam se soltar e sentira o lampejo de dor que indicava que um homem capaz de canalizar tocara o colar. A maior parte das pessoas já dormia, mas umas poucas ainda estavam sentadas fora das suas tendas em torno do fogo baixo, algumas não muito longe. Talvez fosse possível descobrir qual homem tinha ido à tenda de “Marigan”.

— Acho que ela fugiu, Chesa — afirmou Egwene. Os resmungos zangados de Chesa sobre mulheres que abandonavam suas senhoras a seguiram por todo o caminho de volta até sua tenda. Não poderia ter sido Logain, poderia? Ele não poderia ter voltado, não poderia saber a verdade. Poderia?

Demandred ajoelhou-se no Poço da Perdição e, desta vez, não se importou que Shaidar Haran estivesse observando sua tremedeira com aquele semblante impassível, sem olhos.

— Não me saí bem, Grande Senhor?

A gargalhada do Grande Senhor ressoou dentro de sua cabeça.

A torre imaculada se divide e se ajoelha perante o símbolo esquecido. Os mares seguem em tormenta e nuvens de tempestade se armam incógnitas. Além do horizonte, chamas escondidas se avolumam e serpentes se aninham em seu seio. O que foi exaltado é rechaçado, o que foi rechaçado é elevado. A ordem queima para abrir caminho para ele.
— fragmento de As Profecias do Dragão, tradução de Jeorad Manyard, Governador da Província de Andor sob o Grão-Rei Artur Paendrag Tanreall.

Fim

do Sexto Livro

de A Roda do Tempo

Glossário

Uma nota sobre datas neste glossário. O Calendário Tomano (elaborado por Toma dur Ahmid) foi adotado aproximadamente dois séculos após a morte do último homem Aes Sedai e registrou os anos Depois da Ruptura do Mundo (DR). Muitos registros foram destruídos nas Guerras dos Trollocs, tanto que, ao fim das guerras, havia controvérsia sobre o ano exato de acordo com o antigo sistema. Um novo calendário foi proposto por Tiam de Gazar, comemorando a libertação da ameaça dos Trollocs e registrando cada ano como um Ano Livre (AL). O Calendário Gazarano ganhou ampla aceitação nos vinte anos seguintes ao fim das guerras. Artur Asa-de-gavião tentou estabelecer um novo calendário com base na fundação de seu império (DF, Desde a Fundação), mas apenas historiadores o conhecem. Após a destruição e as mortes provocadas pela Guerra dos Cem Anos, um terceiro calendário foi desenvolvido por Uren din Jubai Gaivota-Voadora, acadêmico do Povo do Mar, e promulgado pela Panarca Farede de Tarabon. O Calendário de Farede, que definiu arbitrariamente uma data para o fim da Guerra dos Cem Anos e registra os anos da Nova Era (NE), encontra-se atualmente em uso.

a’dam: Dispositivo para controlar uma mulher capaz de canalizar, só utilizável ou por uma mulher capaz de canalizar ou por uma mulher a quem se pode ensinar a canalizar, e que não tem efeito em mulheres que não são capazes de canalizar. O dispositivo une as duas mulheres no Poder. A versão Seanchan consiste em uma coleira — chamada de colar — e um bracelete ligados por uma correia, tudo feito de metal prateado. Se um homem capaz de canalizar for unido a uma mulher por um a’dam, a provável consequência é a morte de ambos. Quando o a’dam estiver sendo usado por uma mulher capaz de canalizar, o simples toque no dispositivo por parte de um homem também capaz de canalizar pode resultar em dor. Ver também união; Seanchan.

Abandonados, os: Nome dado a treze dos mais poderosos Aes Sedai da Era das Lendas, o que os classifica entre os mais poderosos de todos os tempos. Aes Sedai que passaram para o lado do Tenebroso durante a Guerra da Sombra diante da promessa de imortalidade. Entre si, intitulavam-se “os Escolhidos”. De acordo com as lendas e os fragmentos de registros, foram aprisionados com o Tenebroso quando a prisão foi resselada. Seus nomes ainda são usados para assustar crianças. Eles são: Aginor, Asmodean, Balthamel, Be’lal, Demandred, Graendal, Ishamael, Lanfear, Mesaana, Moghedien, Rahvin, Sammael e Semirhage.

Aceitas: Jovens mulheres em treinamento para se tornarem Aes Sedai que alcançaram certo nível de poder e passaram por determinados testes. Em geral, são necessários de cinco a dez anos para que uma noviça seja elevada a Aceita. Um pouco menos limitadas às regras do que as noviças, as Aceitas podem escolher as próprias áreas de estudo, dentro de alguns limites. Uma Aceita usa o anel da Grande Serpente, no terceiro dedo da mão esquerda. Quando uma Aceita é elevada a Aes Sedai, escolhe a própria Ajah, adquire o direito a usar o xale e pode passar a usar o anel em qualquer dedo, ou não o usar, se as circunstâncias assim justificarem. Ver também Aes Sedai.

Aes Sedai: Pessoas capazes de canalizar o Poder Único. Desde o Tempo da Loucura, sobreviveram apenas as Aes Sedai mulheres. Respeitadas e reverenciadas por muitos, mas também alvo de desconfiança, medo e até mesmo ódio. Não são poucos os que as culpam pela Ruptura do Mundo e as acusam de interferirem nos assuntos das nações. Ao mesmo tempo, poucos governantes optam por não ter uma conselheira Aes Sedai, mesmo nas terras em que a existência desse aconselhamento precisa ser mantida em segredo. Parece que depois de alguns anos canalizando o Poder Único, as Aes Sedai adquirem uma característica de idade indefinida, de forma que uma mulher com idade suficiente para ser avó pode não exibir os sinais do passar dos anos, exceção feita a talvez alguns cabelos grisalhos. Ver também Ajah; Ruptura do Mundo; Trono de Amyrlin.

Aieclass="underline" Povo do Deserto Aiel. Ferozes e destemidos, cobrem o rosto com um véu negro antes de matar. Guerreiros mortíferos com armas ou punhos, jamais tocam em espadas ou montam a cavalo, a menos que obrigados. Os Aiel chamam a luta de “a dança” e “a Dança das Lanças”. São divididos em doze clãs: os Chareen, os Codarra, os Daryne, os Goshien, os Miagoma, os Nakai, os Reyn, os Shaarad, os Shaido, os Shiande, os Taardad e os Tomanelle. Cada clã é dividido em ramos. Às vezes, falam de um décimo terceiro clã, o Clã Que Não Era, os Jenn, que construíram Rhuidean. Todos sabem que os Aiel falharam com as Aes Sedai e acabaram banidos para o Deserto Aiel por conta disso, e que serão destruídos caso algum dia isso volte a acontecer. Ver também Deserto Aiel; Rhuidean; gai’shain; Sociedades guerreiras dos Aiel; Desolação.

Ajah: Sociedades internas das Aes Sedai, às quais todas as Aes Sedai, exceto o Trono de Amyrlin, pertencem. Sete no total, são designadas por cores: Azul, Vermelha, Branca, Verde, Marrom, Amarela e Cinza. Cada uma segue uma filosofia específica quanto ao uso do Poder Único e aos propósitos das Aes Sedai. A Ajah Vermelha, por exemplo, dedica-se a encontrar homens capazes de canalizar o Poder e amansá-los. A Ajah Marrom se dedica à busca por conhecimento, enquanto a Ajah Branca, amplamente abstêmia do mundo e dos valores da sabedoria mundana, dedica-se às questões filosóficas e à busca da verdade. A Ajah Verde (chamada de Ajah Guerreira durante as Guerras dos Trollocs) mantém-se a postos para Tarmon Gai’don, a Amarela se concentra no estudo da Cura, e as irmãs Azuis se envolvem com certas causas e com a justiça. As Cinzas são mediadoras, buscando a harmonia e o consenso. Os rumores sobre uma Ajah Negra, dedicada a servir ao Tenebroso, são negados oficialmente.