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― Aposta quinhentos ― disse, dirigindo-se a Stace.

― E se eu ganhar ― acrescentou Rosie, com um sorriso maroto, o Stace passa a noite comigo.

No court nada poderia ter salvo Franky ― nem o seu serviço explosivo, nem as suas respostas acrobáticas, nem os três pontos de vantagem. Rosie tinha um top spin que nunca usara e cilindrou-o por 6-0. Quando o jogo acabou, beijou-o carinhosamente na face e murmurou-lhe ao ouvido: “Amanhã compenso-te”. Como prometido, foi para a cama com Stace depois de os três terem jantado juntos. E assim aconteceu, alternadamente, durante o resto da semana.

Os gêmeos acompanharam Rosie ao aeroporto quando ela se foi embora.

― Não esqueçam, se alguma vez forem a Nova Iorque, telefonem-me ― pediu Rosie. Stace e Franky já a tinham convidado para ficar com eles sempre que fosse a L. A. Foi então que ela os surpreendeu. Entregou a cada um uma pequena caixa embrulhada em papel de prenda. ― Presentes ― disse, e sorriu alegremente. Os gêmeos abriram as caixas e cada um deles encontrou um anel navajo com uma pedra azul. ― Para se lembrarem de mim.

Mais tarde, quando andavam a fazer compras na cidade, viram aqueles anéis à venda por trezentos dólares cada.

― Podia ter-nos comprado uma gravata ou um desses cintos de cowboy por cinqüenta dólares ― disse Franky. Estavam os dois extremamente satisfeitos.

Tinham ainda mais uma semana para passar no clube, mas pouco desse tempo foi dedicado ao tênis. jogavam golfe, e ao fim da tarde iam a Las Vegas. Mas estabeleceram a regra de nunca lá passarem a noite. Era assim que se perdia em grande ― deixar-se apanhar de madrugada, quando as energias estavam em baixo e a capacidade de raciocínio diminuída.

Ao jantar, conversavam a respeito de Rosie. Nunca um deles teve uma palavra menos respeitosa, embora no fundo dos seus corações a prezassem um pouco menos por ter ido para a cama com ambos.

― Gostava mesmo de fazer amor ― disse Franky, certa vez. ― Nunca ficava chata ou melancólica, no fim.

― Pois não ― respondeu Stace. ― Era excepcional Acho que encontramos a miúda perfeita.

― É. Mas a verdade é que acabam sempre por mudar ― observou Franky.

― Telefonamos-lhe quando chegarmos a Nova Iorque? ― perguntou Stace.

― Eu telefono ― respondeu Franky.

Uma semana depois de terem deixado Scottsdale, registaram-se no Sherry-Netherland, em Manhattan. Na manhã seguinte, alugaram um carro e dirigiram-se a casa de John Heskow, em Long Island. Quando pararam diante da porta, viram-no a varrer a fina camada de neve que cobria o pequeno campo de basquete. Heskow ergueu a mão num gesto de saudação e indicou-lhes que guardassem o carro na garagem anexa à casa. O seu próprio carro estava estacionado cá fora. Stace apeou-se antes de Franky fazer a manobra, aparentemente para cumprimentar Heskow, mas na realidade para mantê-lo debaixo de olho caso acontecesse alguma coisa. Heskow abriu a porta e deixou-os entrar. ― Está tudo pronto ― disse.

Conduziu-os ao quarto onde tinham ficado e abriu o enorme baú. Lá dentro havia maços de notas com quinze centímetros de espessura, presos por elásticos, além de um saco de couro enrolado, quase tão grande como uma mala de viagem. Stace atirou os maços de notas para cima da cama. Depois, dos dois irmãos verificaram-nos um a um, para se certificarem de que todas as notas eram de cem e não havia falsificações. Só contaram as de um maço, que multiplicaram por cem. Finalmente, arrumaram o dinheiro dentro do saco de couro. Quando acabaram, olharam para Heskow, que estava a sorrir.

― Bebam um café antes de ir ― disse. ― Ou façam xixi, ou qualquer coisa.

― Obrigado ― respondeu Stace. ― Alguma coisa que devamos saber? Houve algum problema?

― Absolutamente nada. Tudo perfeito. Mas não dêem muito nas vistas com essa massa.

― É para a nossa velhice  ― disse Stace, e os dois irmãos riram-se.

― E os amigos dele? ― perguntou Stace.

― Os mortos não têm amigos ― respondeu Heskow.

― E os filhos? ― insistiu Franky. ― Não fizeram barulho?

― Foram criados de uma maneira diferente ― explicou Heskow. ― Não são Sicilianos. Todos eles têm carreiras profissionais muito bem sucedidas. Acreditam na lei. E têm muita sorte em não serem considerados suspeitos.

Os gêmeos riram-se e Heskow sorriu. Era uma boa piada.

― Estou espantado ― comentou Stace. v Um homem tão importante, e tão pouco barulho.

― Bom, já lá vai um ano, e nem pio ― disse Heskow.

Os irmãos acabaram de beber o café e despediram-se do dono da casa

― Portem-se bem ― recomendou Heskow. ― Pode ser que volte a telefonar-lhes.

― Faz isso ― respondeu Franky.

De regresso à cidade, os dois irmãos guardaram o dinheiro num cofre conjunto. Nem sequer tiraram uma parte para qualquer eventual despesa. Quando chegaram ao hotel, telefonaram a Rosie.

Ela ficou surpreendida e deliciada por voltar a saber deles tão cedo. Tinha uma nota de entusiasmo na voz quando os convidou a irem imediatamente ao seu apartamento. Queria mostrar-lhes Nova Iorque. Seriam seus convidados. No final dessa tarde, quando Franky e Stace lhe bateram

à porta, recebeu-os calorosamente. tomaram os três uma bebida antes de saírem para jantar e ir ao teatro.

Rosie levou-os ao Le Cirque, que era, em sua opinião, o melhor restaurante de Nova Iorque. A comida era ótima, e apesar de não estar na ementa, a pedido de Franky prepararam-lhe um prato de spaghetti que foi o melhor que alguma vez provara. Os gêmeos estavam espantadíssimos por um restaurante caro como aquele servir a comida de que eles tanto gostavam. Notaram igualmente que o maitre tratava Rosie de uma maneira muito especial, e isso impressionou-os. Divertiram-se imenso, como sempre, com Rosie a pedir-lhes que lhe contassem as suas histórias. Estava particularmente bonita naquela noite. Era a primeira vez que a viam vestida formalmente.

Depois do café, deram a Rosie o seu presente. Tinham-no comprado nessa tarde, na Tiffany's, e mandado embalar numa caixa de veludo castanho. Custara-lhes cinco mil dólares, um simples colar de ouro com um medalhão de platina branca incrustada de diamantes.

― De mim e do Stace ― disse Franky. ― Pagamos a meias.

Rosie ficou atônita. Os olhos dela brilharam de lágrimas. Enfiou o colar por cima da cabeça, de modo que o medalhão lhe repousasse entre os seios. Depois inclinou-se para a frente e beijou os dois. Foi um simples beijo nos lábios, que soube a mel.

Os irmãos tinham certa vez dito a Rosie que nunca tinham assistido a um musical da Broadway, por isso na noite seguinte ela levou-os a ver Les Misérables. Prometeu-lhes que iam gostar, E gostaram, mas com algumas reservas. Mais tarde, no apartamento dela, Franky disse:

― Não acredito que ele não tenha morto o policia, o tal Javert, quando teve a possibilidade.

― É um musical ― explicou Stace. ― Os musicais não fazem sentido, nem sequer no cinema. Não é esse o objetivo.

Rosie, porém, não estava de acordo.

― Mostra que Jean Valjean se tinha tornado um homem verdadeiramente bom ― disse. ― É a respeito da redenção. Um homem que peca e rouba e mais tarde se reconcilia com a sociedade.

Até Stace se irritou com esta.

― Espera lá um minuto ― protestou. ― O tipo começou como ladrão. Uma vez ladrão, sempre ladrão. Certo, Franky?

Rosie pegou fogo.

- O que é que vocês sabem a respeito de um homem como Jean. Valjean? ― insurgiu-se, e os dois irmãos largaram a rir. Rosie sorriu-lhes novamente bem-disposta. Qual dos dois fica comigo esta noite? ― perguntou.